Opinião

Acelerar o crescimento do e-commerce

Adelino Costa Matos, presidente da ANJE*

Um dos grandes desafios das empresas portuguesas é entrar no mercado global online, que, segundo dados da AICEP, deverá triplicar de valor até 2021 (de 254,8 mil para 764,4 mil milhões de euros) e envolver mais de 900 milhões de consumidores.

Acontece, porém, que só 39% das nossas empresas têm presença online e apenas 27% fazem negócios através da internet. Isto apesar de se estimar que 73% dos portugueses sejam hoje utilizadores da internet e que 36% façam compras por via eletrónica.

Perante isto, as empresas têm de arrepiar caminho e apanhar o comboio do e-commerce. Já nem é sequer uma questão de opção ou de oportunidade. Trata-se, sim, de uma inevitabilidade para quem queira fazer negócios num mercado global em que, cada vez mais, as compras se realizam pela internet. A questão está, portanto, na forma como as nossas empresas se vão adaptar à revolução digital, de modo a garantir o acesso aos mercados internacionais em condições de competitividade.

As tecnologias digitais eliminam barreiras (físicas, burocráticas, culturais, etc.) e, por isso, dão às empresas a oportunidade de entrarem ou crescerem nos mercados internacionais. Por outro lado, possibilitam um maior conhecimento dos públicos-alvo e facilitam a interação com os clientes, fazendo, como se deseja, que a compra seja efetivamente uma experiência. A tudo isto se deve acrescentar a força promocional que a internet assume e a importância das redes sociais como indutores de notoriedade, credibilidade e goodwill das marcas.

Neste contexto, as empresas devem desde logo ponderar as soluções de e-commerce mais adequadas ao seu caso. Os grandes marketplaces internacionais, como a Amazon ou o Alibaba, envolvem custos para as empresas, mas garantem o acesso às poderosas redes de logística e distribuição destas plataformas de comércio online. Já o recurso a plataformas próprias de e-commerce permite um melhor conhecimento e interação com o cliente, além de constituir um fator diferenciador para as marcas.

Dito isto, uma série de outras questões se perfilam no horizonte das empresas, em particular do setor do retalho. Uma das questões prende-se com a complementaridade entre as estruturas físicas de venda e as lojas virtuais. Não é de prever a imediata extinção do comércio tradicional, pois se até a Amazon abriu uma loja física em janeiro deste ano… Os dois tipos de comércio, tradicional e online, vão coexistir, embora as lojas físicas tendam a ser apetrechadas com mais tecnologias digitais.

Acresce que o e-commerce tem levado à multiplicação de novos métodos e ferramentas de pagamento, que têm em comum a desmaterialização do dinheiro. Ora, esta tendência abre a porta a outro desafio para as empresas: a cibersegurança. Qualquer empresa que queira prosperar no comércio eletrónico tem de garantir segurança nas transações e transmitir confiança aos e-shoppers, caso contrário perderá irremediavelmente clientes.

Por fim, o e-commerce obriga as empresas a repensarem as suas cadeias de abastecimento. Além dos softwares de análise big data, há hoje um conjunto de tecnologias que prometem revolucionar as redes de logística e distribuição. A internet das coisas, os drones ou os veículos sem condutor, por exemplo, são uma realidade ao virar da esquina e vão modificar radicalmente a forma como os produtos chegam aos consumidores.

Tudo isto desemboca num outro grande desafio para as empresas, que é formar e reter talento capaz de tirar partido das potencialidades do e-commerce.

*Associação Nacional de Jovens Empresários

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