Entrevista/ “A sustentabilidade tecnológica é um fator cada vez mais preponderante nas estratégias e decisões das empresas”

André Amorim, CEO da Viata

“A transformação digital é uma onda que todas as empresas desejam “surfar”, afirma André Amorim, CEO da Viata. Todavia, destaca as diferenças de abordagem das start-ups e das empresas mais conservadoras e com estruturas mais pesadas .

Com vários anos de atividade no mercado, a Viata, especialista na implementação de soluções e serviços no âmbito das tecnologias de informação, tem direcionado o seu foco para o tema da sustentabilidade tecnológica, uma abordagem que tenta incentivar também nos seus clientes. Com este posicionamento em mente, André Amorim, CEO da empresa, traça o retrato de um setor que conhece bem, salientando que, cada vez mais, a sustentabilidade tecnológica já é preponderante nas estratégias e nas decisões das empresas.

Sendo o foco da atividade da Viata o aluguer de equipamento informático, como é que analisa a relação das empresas portuguesas com a transformação digital?

Mantendo-se um tema “quente” e relevante, a transformação digital é uma onda que todas as empresas desejam “surfar”. Contudo, segundo a nossa leitura, a maioria das start-ups são mais atentas e ágeis na implementação de serviços que lhes permitem estar atualizados e disponíveis para gerir novas realidades. O crescimento rápido que normalmente as caracteriza e a forma como organizam a operação permite-lhes esse ganho de tempo.

Empresas mais conservadoras e com estruturas mais pesadas, como as ligadas à banca, correios, hotelaria, tendem a demorar mais tempo a iniciar processos. Já vão começando a questionar-nos sobre aspetos como quais os equipamentos mais modernos para fazerem face às exigências tecnológicas e de inovação, embora com uma dinâmica mais lenta e inibida pelos sistemas legacy que muitas ainda possuem.

Como classificaria a atividade que a Viata desenvolve no âmbito das tecnologias de informação? Quais os pilares da sua estratégia empresarial?

Enquanto player do setor tecnológico, a nossa estratégia assenta no aluguer de equipamentos, na assistência técnica permanente e na venda de serviços de tecnologia que aportam valor à atividade. Temos capacidade para nos focar nestas áreas e para adicionar serviços que ofereçam um bom trade-off aos clientes, como por exemplo na venda de sistemas de proteção mais preventivos do que corretivos, na implementação de VPN’s mais rápidas e leves, e serviços de Inteligência Artificial mais seguros. Está no nosso ADN ser um parceiro próximo do cliente, tanto física como remotamente.

De que forma esperam contribuir para otimizar os investimentos, reduzir os custos e aumentar a produtividade dos vossos clientes?

As empresas que nos consultam começam por ter acesso a um levantamento assente no processo de consultoria que desenvolvemos e que permite auscultar necessidades e mapear requisitos. Este é, desde logo, um ponto de partida importante para podermos ser mais eficazes. Mediante os desafios e necessidades que identificamos na consultoria, apresentamos uma solução tailor made que, na nossa perspetiva especializada, melhor responde à realidade do cliente. Independentemente dos casos, colocamos sempre em cima da mesa a possibilidade de sugerir equipamentos recondicionados/usados se virmos que eles representam um bom fator custo/benefício.

De que setores de atividade são os vossos principais clientes?

Trabalhamos primordialmente com clientes dos setores da banca, hotelaria, empresas de operações portuárias, aeronáutica e logística.

“(…) a sustentabilidade tecnológica é um fator cada vez mais preponderante nas estratégias e decisões das empresas (…)”.

Qual o peso que a sustentabilidade tecnológica tem na estratégia dos seus clientes? É um aspeto relevante?

Em sintonia com o que se passa no planeta em termos de alterações climáticas e das expetativas e exigências dos clientes na mitigação de impactos, a sustentabilidade tecnológica é um fator cada vez mais preponderante nas estratégias e decisões das empresas, variando em termos de implementação concreta na sua dimensão e cultura.
No nosso caso específico, o facto de sermos uma empresa certificada em Gestão da Qualidade pela norma ISO 9001 faz com que sejamos auditados nos mais diversos fatores, tanto em constrangimentos na cadeia de fornecimento, como de outro tipo de fenómenos que podem condicionar a atividade.

Quanto mais informados e conscientes estivermos todos sobre os desafios e mudanças relacionados com o clima, mais facilmente asseguramos a natureza evolutiva dos riscos e o que precisamos de fazer para nos mantermos resilientes – uma mensagem que transmitimos a todas as marcas com que trabalhamos.

Numa época em que a inovação tecnológica é muito rápida e exige muito das empresas, qual diferença que a Viata pode fazer no mercado?

A transformação digital aporta evoluções e eficiências que são, hoje em dia, fundamentais para a rentabilidade das empresas. Que desafio traz associado? Esta digitalização nem sempre prevê impacto na cadeia completa e é aí que nos diferenciamos. Há cada vez mais providers tech, mas menos gente a acompanhar as implementações que são feitas. Trabalhamos em proximidade com o cliente desde a pré-venda, passando pela venda, instalação, acompanhamento e chegando à manutenção. Temos uma equipa técnica bem preparada, tanto em hardware como software, e capaz de responder a todas as dificuldades do cliente.

E de que forma a própria Viata tem acompanhado o mercado no que respeita aos produtos e serviços que disponibiliza?

Mantemo-nos proativamente atentos a tudo o que faz sentido integrar na estrutura dos nossos clientes e dentro da própria Viata. Podemos, neste âmbito, destacar alguns produtos e serviços, como a cibersegurança, as firewalls, as VPN’s, a inteligência artificial, a cloud e a assistência remota.

“Pessoalmente, opto por implementar uma estratégia que considero essencial à estrutura – o princípio da ‘máxima liberdade, máxima responsabilidade’ (…)”. 

Qual o aporte que a sua formação em Psicologia traz à sua atividade empreendedora e ao universo tecnológico em que trabalha?

É relativamente simples de antecipar que uma formação na área da saúde mental aporta um conjunto de competências comportamentais que, por norma, não figuram noutro tipo de formações mais tradicionais, ou que estamos habituados a ver na maioria dos líderes – o que tem, obviamente, aspetos positivos e menos positivos.

Esta base providencia os ingredientes que, quanto a mim, são necessários para os formatos de liderança, método, pragmatismo e análise. Pessoalmente, opto por implementar uma estratégia que considero essencial à estrutura – o princípio da ‘máxima liberdade, máxima responsabilidade’, passando empowerment aos responsáveis e restantes colaboradores e promovendo uma autonomia funcional que considero ser a chave do sucesso corporativo.

A minha atividade empreendedora assenta no princípio de que as empresas são feitas de pessoas para pessoas. Significa isto que se elas não estiverem nos lugares certos e motivadas para o exercício das suas funções, gera-se entropia, quebra-se o equilíbrio (homeostasia) e a empresa é penalizada. Nesta medida, acredito que a minha formação de base pode trazer aspetos diferenciadores ao dia a dia da Viata.

Quais as ambições para Viata este ano?

As nossas ambições para 2025 estão ligadas ao crescimento que alcançámos no ano passado (acima dos 20%) e que pretendemos manter. Já no início deste ano reforçámos alguns dos nossos departamentos internos, com o recrutamento de pessoas que integraram os pilares operacionais da empresa, pelo que temos hoje uma estrutura comercial e técnica mais robustas. Estas contratações visaram, fundamentalmente, a otimização de processos e a implementação de novas metodologias, de forma a permitir que a tenhamos uma infraestrutura bem implementada, para continuar a crescer de forma saudável.

No que diz respeito a clientes, trabalhamos diariamente para nos mantermos uma referência no setor de atividade em que operamos. Não basta lançar novos serviços, licenças e subscrições; temos de ter a capacidade de criar pacotes integrados que combinem com os serviços técnicos e suporte remoto que fornecemos, com o intuito de aportar valor de forma contínua à operação das empresas.

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