5 pessoas que inspiraram Bill Gates em 2016
Conheça os “fanáticos preferidos” que inspiraram o fundador da Microsoft no último ano. Da lista constam nomes como Jimmy Carter, Nanda Nilekani e Ana Mari Cauce.
Quando tinha 20, 30 anos, Bill Gates era um fanático do software, estava tão focado em pôr um computador em cada secretária e em cada casa que desistiu de ter uma vida normal. Não tirava férias e não fazia fins de semana fora. Não estava interessado em casar-se até que conheceu Melinda. Na Microsoft ficava orgulhoso de ser o primeiro a chegar ao trabalho e o último a sair. Foi um capítulo incrivelmente divertido da sua vida, conta.
Agora, uma grande parte do seu trabalho consiste em aprender com outros fanáticos. Eles são cientistas à procura de novas vacinas. Professores que trabalham arduamente para melhorar o seu desempenho. Engenheiros que sonham com ideias loucas para novas fontes de energia limpa. “Estar aberto para aprender sobre o seu trabalho e ajudá-los a realizar os seus sonhos abriu um novo e incrível capítulo na minha vida”, revela Bill Gates.
No último ano, o fundador da Microsoft revela que teve a oportunidade de se encontrar com muitos indivíduos dotados que tentam mudar o mundo. O trabalho árduo e dedicação destes alimentam o seu otimismo de que melhores dias estão para vir.
No seu blogue, Gates Notes, Bill Gates partilha alguns dos seus “fanáticos preferidos” de 2016 para que inspirem tanto como o inspiraram a si.
1. Jimmy Carter: Uma vida cheia
No último outono, Bill Gates e Melinda foram a Plains, Geórgia, passar uma tarde com Jimmy e Rosalynn Carter. Com 92 anos, Jimmy Carter não reduziu a sua atividade. Para muitos, ser presidente dos Estados Unidos teria sido o ponto mais alto da sua vida pública. Para Jimmy Carter, foi precisamente o ponto de partida para uma longa carreira dedicada às causas dos direitos humanos. Ganhou o Prémio das Nações Unidas para os Direitos Humanos e o Prémio Nobel da Paz. Fundou o Carter Center, cujo trabalho continua a melhorar a saúde dos mais pobres, incluindo a erradicação do Verme da Guiné [Dracunculiasis]. É autor e continua a ensinar. Todos os meses, Carter e Rosalynn vão à Emory University, onde faz palestras nos departamentos de saúde global, ciência política, teologia e faz sessões Q&A com os estudantes. Em casa, também se mantém ocupado. “Numa visita à sua casa, Jimmy mostrou-me a mim e à Melinda que passou os últimos anos a reconstruir a sua casa. Também partilhou algumas pinturas que fez nos seus tempos livres! A sua vida deve ser uma inspiração para todos nós”, afirma Bill Gates.
2. Nate Bowling: O fazendeiro nerd
“Uma das minhas novas expressões preferidas que aprendi em 2016 é “nerd farmer”. Foi assim que Nate Bowling, professor do ano do Estado de Washington, descreveu a sua função na sala de aula”, conta o fundador da Microsoft. “Eu brinco com ser um fazendeiro nerd. Tento cultivar uma espécie de bolsa de estudo nos alunos e uma paixão para aprender. Assim trago a paixão para a sala de aula, eles veem isso e estão à altura da ocasião”, disse Bowling a Bill Gates durante um encontro em junho passado. Bowling ensina AP Government e AP Human Geography na Lincoln High School, em Tacoma. Metade dos seus alunos são afroamericanos ou hispânicos. Muitos alunos nas escolas onde a pobreza é iminente, como a Lincoln, são violentos e não concluem os estudos, que lhes permitiriam entrar na faculdade ou conseguir trabalhos bem remunerados. Graças a Bowling e aos seus colegas, Lincoln está a reduzir esta tendência. Esta conta com uma taxa de graduação de 80%, valor acima da média das escolas de Washington com demografia semelhante, e 40% dos seus alunos frequentam turmas Advanced Placement (AP). Bowling é um grande exemplo do que é preciso fazer para se ser um bom professor. “Trabalha duramente na sua profissão, sempre à procura de maneiras de encontrar temas de interesse para os seus alunos. Por exemplo, utiliza o universo Star Wars para ajudar a compreender os Direitos Civis. É incrível”, revela Bill Gates.
3. Nandan Nilekani: Reiventando a Índia
Durante a sua visita à Índia em novembro do ano passado, Bill Gates teve a oportunidade de se encontrar com Nandan Nilekani, um dos empreendedores, filantrópicos e pensadores mais conhecidos da Índia. “Tínhamo-nos conhecido há mais de 20 anos, quando ele esteva a ajudar a começar a Infosys, uma empresa de tecnologia e consultoria. Fiquei impressionado nessa altura e continuo a estar impressionado com a forma como ele orientou a sua paixão empreendedora para os serviços filantrópicos e públicos”, explica Bill Gates. Em 2009, Nilekani deixou a Infosys para assumir o cargo de presidente do novo sistema de cartões de identidade da Índia, o Aadhar, que forneceu identificações biométricas a mais de mil milhões de pessoas. Atualmente, Nilekani está a sonhar com formas de usar esta plataforma para ajudar a melhorar as vidas dos mais pobres no mundo.
Ele e a sua esposa, Rohini, criaram a EkStep, uma instituição não lucrativa que utiliza apps via smartphone, para ajudar crianças com aprendizagem precoce. “Nilekani e eu partilhamos um otimismo comum sobre o potencial da revolução digital na Índia, para melhorar a vida através do acesso a contas de poupança, registos de saúde e educação. Tivemos uma grande conversa com o Financial Times durante a minha visita”, revela Bill Gates, sugerindo a leitura do seu livro “Rebooting India: Realizing a Billion Aspirations”.
4. Ana Mari Cauce: Juntos vamos mais longe
“Há um provérbio africano citado com frequência – Se quiser ir depressa, vá sozinho. Se quiser ir longe, vão juntos. Esta foi a visão por detrás do incrível esforço da Ana Mari Cauce na Universidade de Washington, em 2016, para unir investigadores e recursos da universidade e ir mais longe no apoio à saúde e bem-estar das pessoas em todo o mundo”, revela Bill Gates.
Cauce, presidente da Universidade de Washington, sentiu necessidade de ajudar a escola médica da universidade, a escola de saúde pública, o Institute for Health Metrics and Evaluation, cientistas do ambiente e dezenas de outros parceiros, para que, em conjunto, colaborassem mais eficazmente nos temas relacionados com a saúde. O esforço, chamado Population Health Initiative, tem um potencial enorme para desbloquear a investigação na saúde e recolher dados para o benefício de todos. “Ser verdadeiramente saudável significa muito mais do que simplesmente estar livre de doenças e sofrimento. Quando avaliamos a saúde, devemos também ter em conta muitos outros fatores que afetam o bem-estar – pobreza, discriminação, alteração climática e violência, para citar apenas alguns”, disse Cauce durante o seu anúncio da iniciativa. “Em outubro do ano passado, a nossa Fundação fez uma doação de 210 milhões de dólares à universidade, para financiar a construção de um novo pavilhão para alojar a iniciativa e ajudar a promover uma maior colaboração. Estou ansioso para ver o que este esforço visionário vai significar na melhoria da saúde no mundo”, frisa o fundador da Microsoft.
5. Ken Caldeira: O meu incrível professor
Bill Gates passou muito tempo em 2016 em reuniões com alguns cientistas e pesquisadores sobre temas que vão desde a malária aos micróbios. No campo da energia, um dos seus melhores professores foi Ken Caldeira. Cientista climático na Carnegie Institution for Science, Ken investiga questões relacionadas com o clima, o carbono e sistemas de energia. O seu cargo oficial exige-lhe que “faça descobertas científicas importantes”. É pioneiro na exploração do impacto da atividade humana sobre o nosso clima. As suas experiências deram-nos a maior prova de que a acidificação do oceano já está a prejudicar o crescimento do recife coral.
“Conheci o Ken há uma década e reunimo-nos algumas vezes por ano para sessões de estudo sobre as mudanças climáticas e a energia. É um professor brilhante, sempre paciente com as muitas perguntas que lhe faço. O que mais aprecio no seu estilo de ensino é como é capaz de explicar ideias complexas de modo a serem acessíveis a qualquer um. Pode constatar isso num trabalho que apresenta no seu blog, onde recorre ao exemplo do desafio de partilhar a máquina de café do seu escritório para explicar como poderíamos lutar contra as mudanças climáticas”, afirma Bill Gates.