Opinião

Uma marca para Portugal…e uma proposta para começar!

Carlos Sezões, coordenador da Plataforma Portugal Agora

Todos concordarão que as marcas são fundamentais nas sociedades atuais. Pelo seu carácter simbólico, imediatista e sintético, facilitam a identificação, a notoriedade e o envolvimento emocional.

São “imagens” reconhecidas por todos, que trazem diferenciação e atributos positivos…ou negativos. E a consequente reputação. Isto é verdade para um produto, para um serviço…ou para um país.

De facto, neste mundo cada vez mais aberto e interdependente (onde, por muito que alguns promovam muros, existirão cada vez mais pontes) uma marca permite-nos ser eficazes nas nossas estratégias de diferenciação e, consequentemente, de atração dos nossos públicos-alvo. E o que queremos atrair? Diria residentes, profissionais, turistas, estudantes, investidores. Queremos mais e melhor capital humano, tecnológico e financeiro, fundamentais nesta era da globalização e do conhecimento. Definido o objetivo, há que “escolher” o que a nossa marca deve ser, que atributos deve conter, baseados nas nossas vantagens competitivas. E empenhar-nos em consolidar e comunicar a marca e visão estratégica, a 10 anos, que queremos para este país único chamado Portugal.

A marca com base na “atratividade” (para viver, estudar, visitar ou investir) pode e deve ser a base do nosso posicionamento.

Comecemos pela geografia: o contexto de acolhimento, aquilo com que fomos abençoados pela natureza, é fantástico. A nossa localização geográfica, como hub entre Europa, África e América; o nosso magnífico clima, as nossas paisagens naturais; a nossa costa marítima e o nosso espaço oceânico. Depois, o que construímos: as nossas belas vilas e cidades; a nossa história o nosso património cultural; a nossa gastronomia, única no mundo; a nossa segurança e hospitalidade enquanto povo, o facto de sabermos acolher bem quem nos visita, sermos adaptáveis, convivermos bem com a diversidade. Depois, o que temos transformado e modernizado, infraestruturas e ecossistemas de inovação empresarial e empreendedorismo, que começa a ter mais visibilidade nos últimos anos.

A “marca Portugal”, como perceção, está a mudar e essa mudança deve ser acelerada: de uma imagem de país tradicional, de base rural, pouco sofisticado, de baixo custo, para um país empreendedor, inovador, com qualidade de vida e muito “trendy” por esse mundo fora. Há que ir mais além: desenvolver um esforço de marketing integrado, em que governo, autarquias, empresas ou universidades se comprometam a corrigir algumas “falhas” do nosso contexto de acolhimento (ex. questões fiscais e administrativas) e a comunicar o país lá fora – combinando o “esforço digital”, eventos, conquistas simbólicas (ao nível de “Madonna em Lisboa”) e apostas ousadas (criar centros de competência de referência mundial em uma ou duas áreas científicas). Um esforço que seja um autêntico desígnio nacional em que todos se revejam e que passe para além dos ciclos governamentais e dos interesses sectários. Seremos capazes, finalmente, de trabalhar em equipa e pensar no longo prazo?

Proposta concreta:

Os melhores “embaixadores” da marca Portugal serão os portugueses que andam pelo mundo. Como tal, seria pertinente a organização de um grande evento de reunião da nossa diáspora, com o objetivo de mobilizar muitos deles para retornar a Portugal, participando num programa integrado de ações, organizadas durante o período de dois a três meses. Poderá incluir atividades de entidades governamentais, empresas, associações e universidades – iniciativa similar à que a Irlanda fez com o “The Gathering”, em 2013 – com vista a reunir aqui dezenas de milhares de portugueses ou luso-descendentes. Podemos esperar, de modo realista, um grande impacto, mais directo em termos de turismo e incremento da rede de contactos globais (potenciando um relacionamento mais próximo e parcerias em áreas como a internacionalização de empresas, investigação e inovação), e indireto, através do maior vínculo emocional das novas gerações da nossa diáspora com as suas raízes nacionais. A marca Portugal teria aqui uma alavanca muito positiva.

 

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Carlos Sezões

Carlos Sezões

Carlos Sezões é atualmente Managing Partner da Darefy – Leadership & Change Builders, startup focada na transformação organizacional/ cultural e no desenvolvimento do capital de liderança das empresas. Foi durante 10 anos Partner em Portugal da Stanton Chase, uma das 10 maiores multinacionais de Executive Search. Começou a sua carreira no Banco BPI em 1999. Assumiu depois, em 2001, funções de Account Manager do portal de e-recruitment e gestão de carreiras www.expressoemprego.pt (Grupo Impresa). Entrou em 2004 na área da... Ler Mais..

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