Opinião
Líderes no digital: humildade e sopas de galinha…
É reconhecido que Transformação Digital já não é uma tendência, mas uma realidade inevitável para as empresas que desejem no mínimo sobreviver, no atual cenário de mercados altamente competitivos e em constante mudança.
No entanto, para que esta transformação tenha um mínimo de sucesso, há um fator frequentemente negligenciado: a postura do líder. Mais especificamente, a humildade e o sentido de servir os outros, por parte de quem quer ser líder (e não chefe).
Um líder humilde entende que, na era digital, o tempo é um recurso crucial, uma vez que tecnicamente falando, o tempo é uma variável fixa, ou seja, é um bem escasso, no conceito que o dia tem 24 horas e “não mexe”. A mudança ou evolução tecnológica, como queiramos considerar, acontece de maneira acelerada, e as empresas que não acompanham essa evolução correm o risco de ficar para trás e até desaparecer.
No entanto, líderes arrogantes, líderes cujo “ego é maior que uma sala de reuniões” ou líderes que “se adoram ouvir a si, em vez de ouvir os outros” podem subestimar essa realidade, acreditando que têm tempo ou que sua organização está imune às mudanças. A humildade permite que o líder reconheça o sentido de urgência necessário para agir com rapidez e precisão. Por esse motivo, não espera por condições ideais, por respostas perfeitas ou por soluções milagrosas, mas mobiliza a organização para atuar de forma ágil, mesmo perante algumas incertezas. Esse senso de urgência é vital, para evitar a estagnação em mercados onde a inovação não espera.
Além disso, talvez uma das partes mais fundamentais de um projeto de Transformação Digital é a capacidade de realizar um diagnóstico honesto das fraquezas internas da organização. Isso requer uma capacidade de humildade e transparência por parte da liderança, nomeadamente passar uma mensagem às equipas que não há “uma caça às bruxas”, mas uma necessidade de assumir e ultrapassar as fragilidades existentes com todos os que estão na empresa. Tal como Ken Blanchard, um dos principais especialistas em liderança mais influentes do mundo, referiu: “Um problema só existe se houver uma diferença entre o que está realmente a acontecer e o que se quer que aconteça.”!
Um líder que se coloca como infalível, cria uma cultura onde os problemas são ocultados ou minimizados, o que dificulta a inovação e a evolução. Em contrapartida, o líder humilde não hesita em admitir quando a empresa precisa de ajustes e melhorias. Pedir ajuda não pode ser considerado como um ato de fraqueza! Bem pelo contrário, representa um ato de coragem e de força. Não temos todas as respostas e as soluções mais eficazes muitas vezes surgem da colaboração e do reconhecimento das lacunas existentes. Ao adotar esta postura, o líder incentiva uma cultura de sinceridade, onde os desafios são enfrentados de forma aberta e em equipa, permitindo que as fragilidades se transformem em oportunidades de crescimento de todos.
Outro aspecto fundamental da humildade na liderança, no atual cenário de mundo digital, é a visão para o futuro da empresa. A Transformação Digital exige uma visão clara, mas flexível, que se ajuste à medida que as novas tecnologias e informações emergem. Os líderes arrogantes assumem uma visão rígida, que em outras palavras quer dizer “Sei o que quero e, para mim, é assim que se faz. Logo é assim!”, mesmo não dominando tecnologias e o mundo digital, ao qual acresce a ignorância de sinais importantes do mercado ou falhas do plano de implementação. Em termos práticos, caminha-se para erros graves e, em última análise, ao fracasso. Um líder humilde, por outro lado, sabe que as visões precisam de evoluir e está disposto a ouvir outras perspetivas e a adaptar as suas estratégias, conforme a própria transformação do contexto da empresa. Essa agilidade e capacidade de adaptação são essenciais!
A Transformação Digital é uma viagem contínua com desafios que exige muito mais do que competência técnica. Exige competências humanas! Portanto, longe de ser um sinal de fraqueza, a humildade é um reflexo de maturidade e sabedoria. São essas qualidades que permitem aos líderes conduzir as suas empresas com sucesso, no mundo cada vez mais incerto e complexo da era digital.
Em conclusão, tal como o título deste artigo: “Humildade e caldos de galinha não fizeram mal a ninguém!”.








