Entrevista/ “Em 2027 estaremos a chegar às portas da produção com o TUGA”

César Barbosa, fundador e vice-presidente da TUGA Innovations

A TUGA Innovations é uma empresa concebida em Portugal, incubada e cotada no Canadá, e com engenharia norte-americana, que pretende introduzir uma nova classe de veículos, para responder aos desafios das cidades do futuro. Falámos com César Barbosa, fundador e vice-presidente da empresa, para saber como surgiu o projeto e dos planos a médio e longo prazo.

Chama-se TUGA Innovations e é um projeto que quer ter um impacto significativo na mobilidade sustentável das cidades do futuro. Mais do que apenas um veículo de três rodas com aspeto futurista, a empresa fundada por César Barbosa quer apresentar ao mercado um serviço de subscrição para utilizadores que procurem uma solução de mobilidade premium

Segundo César Barbosa, “temos previstos cinco modelos, mas em diferentes fases de desenvolvimento. Iniciaremos com o Thunder para subscrição e o Commuter para transporte urbano”. Quando questionado sobre a previsão para a pré-produção das primeiras unidades comerciais, o responsável é perentório a responder:  “Em 2027 estaremos a chegar às portas da produção com o TUGA”.

No ano passado, a TUGA surgiu na lista das “10 Top Mobility Startups to Watch in 2023”. O relatório da StartUs Insights destacou a empresa entre as principais start-ups de mobilidade, que incluem soluções de automóveis aéreos e bicicletas elétricas.

Como surgiu a ideia de criar a Tuga Innovations?

A TUGA Innovations Inc. é uma empresa cotada em bolsa e resulta da aproximação dos primeiros investidores fora dos fundadores da TUGA. Nos EUA, em rondas de funding um conjunto de investidores propuseram integrar a empresa e projetá-la com a sua entrada em bolsa. Na realidade a empresa tem os seus momentos de maternidade em Portugal na sua conceção como solução de mobilidade urbana e, ao ser realizado o primeiro protótipo de engenharia no Michigan USA, acabámos por formar a empresa nos EUA chamada TUGA Global Inc., onde está todo o IP.

“O nome foi muito bem recebido e a história de ser uma derivação regressiva da palavra Portugal também nos define como nascidos em Portugal (…)”.

Porquê o nome TUGA para o projeto e como foi recebido além-fronteiras?

A razão foi simplesmente identitária e de forma a manter a história do projeto sempre ligada ao nosso país e a levar para fora a solução para ser usada pelas pessoas. O nome foi muito bem recebido e a história de ser uma derivação regressiva da palavra Portugal também nos define como nascidos em Portugal, o que trás sempre uma receptividade acrescida.

Quais foram os maiores desafios?

Os maiores desafios – como por via de regra em projetos que exigem uma necessidade de volume de recursos financeiros mais elevados – estão relacionados com o funding. Por isso, fomos para a bolsa e foi um sucesso até ao início das guerras, começando pela Guerra da Ucrânia em fevereiro de 22.

Como é que funciona o serviço?

O serviço é a razão de ser do projeto. Temos dois serviços: um de transporte urbano e outro de subscrição.

“Estamos em fase de desenvolvimento, ou seja, a fazer o protótipo numa fase já muito próxima do que virá a ser o veículo combinado com o software associado”.

Em que fase está o projeto?

Estamos em fase de desenvolvimento, ou seja, a fazer o protótipo numa fase já muito próxima do que virá a ser o veículo combinado com o software associado.

Quantos modelos estão previstos e como se caracterizam?

Temos previstos cinco modelos, mas em diferentes fases de desenvolvimento. Iniciaremos com o Thunder para subscrição e o Commuter para transporte urbano.

Onde será feita a produção dos veículos?

Está muito dependente do financiamento, mas será sempre em Outsorcing Production.

Qual a previsão para a pré-produção das primeiras unidades comerciais?

Em 2027 estaremos a chegar às portas da produção com o TUGA.

De que forma a Tuga Innovations está a contribuir para a transição no setor da mobilidade?

Ao trazer uma solução de transporte e não mais um produto, algo que nasceu com um propósito de responder a um problema.

Qual a sua visão para o futuro da mobilidade?

Com o crescimento das cidades e da população, novos transportes terão que ser equacionados, bem como novas soluções, pois estamos a usar o mesmos sistemas ao longo dos últimos 120 anos.

Considera que é possível cumprir na íntegra os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pela Organização das Nações Unidas e projetados para cumprir até ao final da década?

De forma alguma! Basta revê-los e com todo o mérito e objetivos traçados pelas Nações Unidas e com as diferentes velocidades do globo rapidamente se conclui que não passam de uma miragem.

Como é que se passa de arquiteto a construtor automóvel? Esta foi sempre uma área que o aliciou?

Não acho que tenha passado de arquiteto a construtor, apenas o projeto é outro. Não é mais um edifício, não é mais um shopping ou mais um hospital ou outro projeto em que estive envolvido durante 42 anos de carreira Mas sim algo que é também usado pelas pessoas e necessário à cidade. São os arquitetos que desenham a cidade, que estudam as redes de infraestruturas que as servem quer para pessoas, quer para os bens. Não me vejo como nunca me vi no papel de construtor civil ou de construtor de veículos ou software.

Quais são os principiais mercados alvo para o Tuga?

Os mercados alvo emanam de estudos de mercado feitos de forma muito profissional e aparecem de forma muito categórica como Médio Oriente, cidades nos EUA ,na Ásia, na América do Sul e só depois a Europa.

Portugal está na lista ou é um mercado secundário?

Diria que sim. Portugal e outras cidades poderão vir a ter o TUGA a prestar serviço, pois será através de licença da solução que será dada a interessados em implementá-la no nosso país.

“O futuro passará por implementar a solução no Médio Oriente e a partir daí licenciar a solução a outras cidades”.

Quais são os planos para o futuro da empresa?

O futuro passará por implementar a solução no Médio Oriente e a partir daí licenciar a solução a outras cidades. Diria que os nossos clientes são cidades e os seus utentes.

Como vê a Tuga Innovations daqui a 5 anos?

Vejo com muito otimismo, pois temos um conjunto raro de talento, conhecimento e experiência do qual me sinto privilegiado em fazer parte.

Respostas rápidas :
Maior risco:  A captação de recursos financeiros adequados e em condições também adequadas nem sempre se encontram.
Maior erro: Termos ficado dependentes apenas da bolsa como fonte de financiamento.
Maior lição: O facto de termos desacelerado em operação fez-nos ganhar tempo para maturar o projeto. Também outra lição e muito ligada à arquitetura: tempo para pensar, corrigir melhorar e chegar mais longe diminuído as variáveis ao menor número possível.
Maior conquista: Termos recuperado o controle acionista da empresa e sermos donos do nosso destino.

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