5 questões a Miguel Alves Ribeiro, CEO da sheerME

“Ajudar os clientes a encontrar online o que precisam para cuidarem melhor de si” é o lema de sheerME, plataforma de bem-estar e beleza criada em 2020. Miguel Alves Ribeiro, fundador do projeto, partilha a sua visão do que entende por inovação e liderança, bem como os melhores argumentos para atrair investimento.

Especializada em serviços de bem-estar e beleza, a plataforma sheerME oferece atualmente mais de 100 mil serviços e já está presente em Portugal e no Brasil, e prepara-se para iniciar operações em Espanha. O projeto recebeu recentemente investimento da M4 Ventures, uma capital de risco especializada em ajudar start-ups portuguesas a expandir para a América Latina. Miguel Alves Ribeiro é o rosto do projeto e acedeu a responder às “5 Questões a…”.

O que é para si inovação?
A inovação é baseada na criação, desenvolvimento e implementação de novas ideias, produtos ou processos que trazem mudanças significativas para um setor ou pessoas. Com a mudança dos tempos, os hábitos das pessoas mudam, as tecnologias e as ferramentas que temos evoluem e estamos constantemente à procura de mais eficiência na nossa vida.

A missão da sheerME é proporcionar uma maior eficiência aos consumidores, ajudando-os a encontrar online o que precisam para cuidarem melhor de si, ao realizarem uma marcação com confirmação imediata, 24h por dia 7 dias por semana, em qualquer lugar, permitindo que entrem e saiam de um estabelecimento já com o serviço pago, tal como ao usar um veículo que trabalhe para plataformas de transporte privado, sem tocar na carteira.

Através desta inovação também levamos esta eficiência aos comerciantes que, com a sheerME, conseguem chegar a mais consumidores que procuram cuidar melhor de si, gerindo todas as suas marcações, pagamentos e staff numa só app, tudo isto num só equipamento móvel, em qualquer hora e em qualquer lugar.

Este é um real exemplo de inovação num setor que maioritariamente funciona com pré-marcações, porém ainda usa meios pouco eficientes como as chamadas telefónicas, agendas em papel e caneta, para “tentar” marcar os serviços neste setor do bem-estar e beleza. Esta inovação não só cria uma tendência nova de utilização como também leva eficiência tanto a comerciantes, como consumidores.

Qual a competência fundamental para exercer a liderança nos dias de hoje?
Acredito que a maior competência necessária para liderar pessoas é ter “Human Skills”. No final do dia, lidamos com pessoas e por isso temos de ter a capacidade de investir tempo para ouvir, conhecer e dar oportunidade de crescimento tanto profissional, como pessoal, às pessoas que lideramos.

Apesar de que quem está numa posição de liderança ter de ser firme, tem de ter a capacidade de “servir” quem lidera e ter a humildade de saber ouvir feedback, ajudar quem precisa e acima de tudo inspirar.

Como líderes é extremamente importante estarmos informados, por exemplo, através da obsessão (saudável) de estar sempre a aprender, a ler e/ou a falar com pessoas melhores do que nós, para conseguirmos continuar a acrescentar valor todos os dias a quem nos segue.

Uma ideia que gostava de implementar?
Neste momento estou a testar algo com a equipa de engenharia da sheerME que já ambicionava há algum tempo e, caso resulte, gostava muito de implementar na restante equipa da sheerME.

A equipa de engenharia trabalha num projeto seu, algo que os inspire e motive, um dia por semana. Ainda estamos a fazer este projeto-piloto, que nomeamos de sheerLAB, direcionado às funcionalidades ou produtos da sheerME, mas gostava muito de implementar isto a projetos pessoais. Ou seja, dar a possibilidade aos colaboradores da sheerME desenvolverem um side project com a ajuda do “brain power” que temos entre nós.

Acredito que muitas pessoas têm excelentes ideias, mas nunca tiveram a oportunidade de as colocar em prática e/ou ter a ajuda certa para as desenvolver. Gostava muito de ter essa abertura e ajudar pessoas a desenvolverem as suas ideias, quer sejam elas funcionalidades ou produtos para o nosso negócio ou algo diferente que tenham em mente.

Em resumo, ter um sheerLAB para todos os colaboradores, irá permitir que estes desenvolvam ideias e projetos e, caso sejam viáveis, temos a capacidade de os ajudar na sua implementação.

Que argumentos não devem faltar numa start-up para atrair investimento?
Para atrair investimento é preciso, acima de tudo, ter muita resiliência! Mas há três fatores cruciais:
O tamanho da “oportunidade”: Se o mercado é suficientemente grande para um negócio dar certo.
A capacidade da equipa: Se a equipa tem capacidade de desenvolver e implementar o que se propõe a fazer. Se tiver provas dadas, ajuda.
Prova de conceito ou tração no mercado: Se alguém está disposto a comprar o que estamos a desenvolver e quão rápido cresce o negócio no setor. No fundo, ter noção do quão escalável é.

Erros que as start-ups nunca devem cometer?
Acho que o maior erro que devemos evitar é subestimar o quão difícil é criar uma start-up, atrair investimento e criar um negócio de raiz. Eu diria que esse é o primeiro pensamento que temos de ter em mente. No meu escritório digo muito uma frase : “Assumptions are the mother of all f* ups!”

Um dos erros que vejo muitas start-ups a cometer (inclusive nós), é pensar que uma ronda de investimento se fecha rápido. Uma ronda leva tempo, temos de saber gerir o runway da empresa de forma a que não afete o seu crescimento, pois o timing e/ou urgência dos investidores não é igual ao de uma start-up.

Tendo em conta investimentos, é importante gerir equity no período inicial de uma start-up. Todos nós precisamos de levantar capital, mas temos de ter em conta qual é o plano futuro, libertar equity a mais numa fase inicial, pode comprometer a gestão futura.

Outro dos erros visíveis, passa pelos fundadores pensarem que conseguem fazer tudo sozinhos e não têm a capacidade de delegar, seja por medo ou por não terem as pessoas certas ao seu redor. A exigência na contratação das pessoas certas desde o início, que ajudem o negócio a escalar rápido, é das decisões mais importantes que um fundador deve tomar.

Uma start-up é feita de pessoas que têm impacto direto no sucesso da empresa. Por essa razão, desde o início devemos apostar nas pessoas certas.

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