5 questões a Frederico Adão da Fonseca, cofundador e CEO da Pyck Bag

O jovem cofundador da Pyck Bag defende que “inovação é ter, acima de tudo, garra de fazer acontecer”. Frederico Adão da Fonseca reconhece que a ambição é muitas vezes o alicerce para a tomada de decisão.
Frederico Adão da Fonseca é um dos três irmãos cofundadores da Pyck Bag, um projeto que começaram a idealizar em 2021 e que passou à prática no ano passado. Trata-se de um serviço de lavandaria que recolhe roupa suja, em locais determinados, para posteriormente a devolver lavada, dobrada e perfumada. Desafiado pelo Link To Leaders, Frederico Adão da Fonseca fala do que entende por inovação, liderança e ideias.
O que é inovação para si?
Inovação é a execução de uma ideia criativa. É muitas vezes o resultado de uma necessidade ou oportunidade. Inovação é ter, acima de tudo, garra de fazer acontecer. Na minha ótica, o ponto mais alto da inovação é o momento em que as ideias saltam do papel e são lançadas ao mercado para “proof of concept”! Arriscar para além do comum e viver num desequilíbrio equilibrado em busca de uma visão tantas vezes intitulada como “fora da caixa”, mas a verdade é que, quem inova, só implementa estratégias passíveis de resultados com impacto (e baseadas em detalhes e conhecimentos já existentes).
Qual a competência chave para exercer a liderança hoje em dia?
A liderança é a antítese do equilíbrio, saber responder perante a volatilidade do meio. Ou seja, um líder aprende a estar confortável com o caos, cria à sua volta um ambiente capaz de transformar adversidades em resultados.
Para mim é crucial ter como base a ambição, a empatia e a capacidade de adaptação.
Só é possível sermos a motivação da equipa, se tivermos como base segura onde queremos chegar e quais são os caminhos que podemos seguir para alcançar a meta. É a ambição muitas vezes o alicerce para a tomada de decisão.
Considero que no passado fazia mais sentido falar-se em relações profissionais. Hoje criar amizades e relações com espaço à sinceridade é o que une uma equipa para crescer junta. Ser empático é ser compreensivo e partilhar o presente e o futuro.
Por outro lado e, cada vez mais, é preciso analisar e avaliar em que ambiente de trabalho queremos conviver. Adaptamo-nos às preocupações que surgem relativamente ao futuro, de modo a garantir que o objetivo final e o sucesso da start-up estão de mãos dadas e em constante evolução.
Uma ideia que gostaria de implementar?
Dar o verdadeiro valor ao tempo, o merecido valor. Vivemos num mundo altamente tecnológico e em constante mudança. E a verdade é que o tempo é menosprezado. É um recurso que todos temos e podemos escolher como o “investir”, porém é altamente finito e subvalorizado.
Gostaria que fosse possível criar uma ideia onde se media o tempo que se investe em nós próprios, versus o tempo que entregamos aos nossos empregadores ou em fazer tarefas menos gratificantes. Damos por nós e o tempo vai sendo usado para tarefas do momento, quer seja a fazer a cama logo a seguir a acordar (hábito saudável e disciplinado) ou até mesmo no trânsito da A5 a caminho do trabalho (tempo perdido ou desesperante). Em ambos houve perda de tempo. Acontece que no primeiro caso sentimos o efeito da tarefa cumprida e no trânsito ficamos mais stressados.
A ideia de nunca termos tempo para fazer o que gostamos, ou perseguir os nossos sonhos é o que nos inibe de arriscar e sentirmos realizados na vida. Poucas são as pessoas que sabem o que podem atingir quando aprendem a aproveitar o tempo.
Que argumentos não devem faltar numa start-up para atrair investimento?
Ter medo do insucesso. Quando uma start-up se lança para o mercado, o risco já está tomado por todos os shareholders. O pior que pode acontecer é fazer parte do elenco das 9 em 10 que não tiveram sucesso. Incutir uma mentalidade positiva, preparar para os momentos de alta tensão e saber lidar com as quedas é o que se deve fazer. Grande parte das vezes achamos que o caminho está traçado, mas não está. Não totalmente. Há diversos momentos em que o stress se apodera. Na realidade temos de o encarar como a adrenalina de querer fazer o matchpoint e fechar o jogo, passar à próxima fase.
Erros que as start-ups nunca devem cometer?
Uma equipa competente e motivada para executar. Os investidores investem nas pessoas, não é a ideia que os convence a meter os primeiros x mil €. É muito mais provável uma ideia menos boa ter sucesso com uma grande equipa, ao invés de uma grande ideia com uma equipa pouco crente.
Juntar as pessoas certas é fundamental para uma start-up e montar uma equipa que tem a capacidade de decisão instintiva é um bónus super valioso. Um ambiente de equipa e respeito pelo que cada um pode contribuir, por vezes desbloqueia barreiras inesperadas no nosso caminho.