Opinião

Ambição global precisa-se

Hugo Vaz de Oliveira, Head of Media & Partnerships da Beta-i

Se há conselho que é recorrente, nas nossas conversas com as start-ups que ajudamos a acelerar, é a insistência numa lógica de ambição global e de alcance internacional.

Não o fazemos por questões de moda, mas por saber que o mercado nacional é pequeno para atrair investidores, e é por isso cada vez crítico percebermos o que pretendemos retirar de toda esta dinâmica recente.

Neste enquadramento mais favorável, que começou há cerca de três anos, Lisboa tem conseguido atrair cada vez mais empresas internacionais, desde start-ups já maduras, como a Zalando, Pipedrive, Zomato, Sherpany, Wynd, Muse.ai ou jungle.ai, a grandes consórcios como a Daimler, BNP Paribas, Vestas, AWS, Google ou VW Financial Services.

Enquanto cidade e país, temos que ser capazes de reter valor, e fazer como cidades como Barcelona, que criaram organizações como o Mobile Word Capital e a M-Ventures, que têm conseguido capitalizar novas iniciativas, numa estratégia de longo prazo.

O facto é que isso também é verdade para a Beta-i, pelo que entramos em 2018 decididamente a “pensar global”. Isso nota-se em projectos como o Global Impact Challenge, uma iniciativa da Singularity University, que vamos ajudar a organizar em conjunto com a Câmara Municipal de Cascais e a Universidade Nova, ou no recém apresentado Free Electrons. Este último é um programa de aceleração verdadeiramente global, cujo objectivo é promover o contacto com start-ups que desenvolvam soluções na área da mobilidade, energia limpa, eficiência energética e digitalização (Internet of Things, Big Data, Inteligência Artificial etc…).

O Free Electrons, uma parceria entre oito empresas de energia internacionais (incluindo a portuguesa EDP), vai decorrer em diferentes geografias, e será divido em três módulos de aceleração, de cerca de uma semana cada, que terão lugar entre  maio e outubro de 2018. A fase de inscrições decorre até 28 de fevereiro, e o processo de seleção estende-se depois até meados de março, altura em que será feito o anúncio das start-ups selecionadas para se juntarem à semana de Bootcamp, a última fase eliminatória.

Na nossa visão, este programa gira todo em torno da captura de potencial e da geração de inovação através deste processo. Esta é uma ótima ocasião para utilities de oito geografias diferentes unirem esforços e criarem algo único, tendo acesso à energia peculiar que as start-ups já estão a ajudar a gerar em várias outras indústrias. Para nós, é um formato perfeito para sublinhar que a inovação pode ser resultado da parceria entre start-ups e grandes empresas, e de como isso será, cada vez mais, o novo normal.

Uma proposta vencedora
Os oito parceiros do programa – (Ausnet Services (Austrália), DEWA (Dubai), EDP (Portugal), ESB (Irlanda), Innogy (Alemanha), Origin Energy (Austrália), SP Group (Singapura) e Tokyo Electric Power (Japão) – são líderes nos seus sectores e mercados, com uma aposta estratégica na inovação. Juntos, operam em mais de 40 países, representando mais de 148 mil milhões de dólares em vendas combinadas, e tendo acesso a mais de 73 milhões de clientes finais em todo o mundo.

O Free Electrons estabelece a ligação entre as start-ups e os decisores e peritos de cada uma das utilities, assegurando o acesso a um enorme potencial de negócio, via projetos piloto, parcerias, acordos comerciais ou investimentos.

A edição de 2017 do Free Electrons gerou mais de 2 milhões de dólares de receitas, resultado dos contratos assinados entre as 12 start-ups que concorreram e os oito parceiros, com um pipeline de oportunidades de negócio futuro que ultrapassa os 12 milhões de dólares.

Resumindo, o que isto quer dizer é que estamos de facto a crescer, mas não às custas daquela que é a nossa Missão: juntar start-ups, grandes empresas e inovação no mesmo processo, rumo a melhores soluções. A grande diferença é que começamos a expandir a forma como o fazemos.

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