3 conselhos para o ajudar na procura de fundos de investimento inicial

De uma ideia nasce um conceito, de um conceito nasce um plano de negócio e de um plano de negócio nasce uma start-up. Está preparado para se lançar nesta aventura?
Na sua estratégia de desenvolvimento, existem duas formas de atingir o ponto de arranque, nomeadamente ter um modelo económico que lhe permita simplesmente ter um financiamento em «love money» e não ter de procurar financiamentos suplementares ou levantar fundos uma ou várias vezes, para investir em I&D, recrutar, ganhar quota de mercado.
Neste artigo, falamos do segundo caso, especialmente da primeira ronda (“early stage”) e, como nem todos têm a carteira de valores mobiliários de Donald Trump em Wall Street, David Banget, empresário francês e business angel, partilha na FrenchWeb.fr algumas dicas para o ajudar na procura de financiamento.
1. Comece por fazer a si próprio as perguntas certas
Há numerosas perguntas que o podem ajudar a conseguir com êxito o seu primeiro levantamento de fundos. Aqui ficam algumas.
Antes de mais, está preparado para empreender?
– A primeira questão essencial: é resistente? Se não possui esta «qualidade», arrisca-se a perder tempo e dinheiro num projeto que vai deparar-se com múltiplos avanços e recuos.
– Nenhum fundo e business angel investe numa start-up com um só associado (é demasiado arriscado). Precisa de encontrar a ou as pessoas complementares, para levar o seu projeto a bom porto.
– Está a lançar-se no empreendedorismo por boas razões? Por vezes, um empreendedor embarca na aventura para sair da situação de assalariado, para nunca mais ter de “prestar contas”. Tenha sempre em atenção que, se parte para um levantamento de fundos, vai confrontar-se com acionistas, investidores que lhe pedirão contas e será responsável pelo dinheiro que lhe confiarem.
Qual é exatamente a sua necessidade de financiamento?
– Tenha os meios que ambiciona! Não avance às apalpadelas, progredindo timidamente com envelopes de 20.000 euros – 30.000 euros, por aqui, por ali, sem ter uma visão a médio prazo. De certeza que esse dinheiro resultará em perda. Faça um plano de negócio de 18 meses, pelo menos, e não tenha medo de colocar no prato todas as despesas necessárias.
– Defina a sua necessidade de financiamento com precisão. Proceder a um levantamento de fundos muito pequeno vai fazê-lo perder tempo, porque vai ter de pedir novo financiamento a curto prazo. Proceder a um levantamento de fundos demasiado elevado pode levar a uma dispersão injustificada de capital ou dispersar a sua atenção sobre demasiados recrutamentos, processos a implementar, uma gestão administrativa muito pesada, quando o foco, no arranque de uma start-up, deve ser colocado principalmente no desenvolvimento do produto.
– Defina a avaliação adequada! Obviamente, as regras tradicionais não se aplicam a uma start-up que começa (com pequeno turnover e nenhuma rentabilidade). Defina a abordagem em 2 tempos: 1) faça um exercício de avaliação de ativos (códigos-fonte, marcas, …), valorize a complementaridade dos perfis dos associados e faça a sua proposta de valores, em comparação com a valorização de outras start-ups. 2) cruze esta avaliação com um método simples, mas eficaz: quanto está disposto psicologicamente a ceder, em percentagem de capital? Uma regra matemática simples que lhe permitirá então avaliar a necessidade de financiamento. Posteriormente, as sessões one-to-one com os investidores vão permitir-lhe ver se está próximo ou não da realidade. O objetivo, inicialmente, é estar o mais perto possível de uma avaliação coerente com o mercado.
Feita esta valorização, otimize as cartas do jogo e não hesite em fixar um valor mínimo por investidor. É mais fácil, posteriormente, gerir 5 investidores que irão investir 40.000 euros cada, do que 20 que vão investir 10.000 euros.
Antecipou bem o cronograma deste roadshow?
– Prepare-se para um desafio moral: vai ser preciso dar passos atrás para receber críticas, recusas e faltas de tempo.
– Prepare-se para um desafio físico: vai ser preciso multiplicar as entrevistas telefónicas, os envios de teaser/ sumário, os encontros pessoais, os reenvios. Um pequeno cálculo matemático pode dar-lhe uma imagem do que o espera. Imagine um pequeno levantamento de fundos de 200.000 euros com um investimento mínimo esperado de 20.000 euros por 10 investidores (média muito baixa) que terá de encontrar. Suponha que cinco entrevistas pessoais resultam em cinco notas de investimento. Então, para conseguir os outros cinco, prepare-se para fazer pelo menos outras 50 entrevistas pessoais, para além das trocas de e-mail, telefonemas e segundas entrevistas pessoais, além de aturar os “turistas investidores” que lhe farão perder um tempo precioso.
– Organize-se com os seus associados e/ou a sua equipa para proporcionar o tempo necessário para este roadshow, sem atrasar muito o desenvolvimento do seu produto. Geralmente, são necessários seis meses de trabalho (antecedentes).
Agora está pronto para o seu primeiro levantamento, mas como proceder para ser eficaz?
2. Aborde os investidores com um teaser poderoso
Sente-se impotente diante da montanha que se apresenta à sua frente. Com efeito, tem uma rede limitada neste mundo dos financiamentos, não sabe a quem se dirigir e como. Não entre em pânico! Este mundo é estruturado, está cada vez mais acessível, visível e algumas boas dicas vão ajudá-lo a ganhar confiança.
O financiamento mais comum é entre 200.000 euros e 700.000 euros. Você já definiu a sua própria necessidade de financiamento e a quota mínima por investidor. Já se confrontou com o exercício do pitch e preparou o seu plano de ataque.
Vai ter necessidade de dois documentos principais para o roadshow aos investidores:
– Um teaser;
– Um sumário que desenvolva o seu teaser nos mínimos detalhes.
O teaser é o “trailer” e o sumário é o “filme” da sua start-up.
O envio do teaser será o seu primeiro contacto com o potencial investidor, então deve ser agradável e captar a atenção.
Este teaser deve ser sintético, duas páginas no máximo, para captar a atenção, porque o investidor tem geralmente pouco tempo para lhe dispensar. Mais tarde, se ele o desejar, envie-lhe o seu sumário executivo e, após uma conversa por telefone, se detetar um interesse genuíno da parte dele, agendem um encontro físico.
Que estruturas de investimento abordar? Como fazê-lo?
3. Multiplique as vias e seja mestre de bordo
Depois de alguma pesquisa na internet ou de informações recolhidas à sua volta, irá deparar-se com as seguintes soluções: love money, business angels, fundos de investimento “early stage” / “capital de risco” / “capital de risco «mid-stage», empréstimos bancários, crowdfunding, auxílios estatais, subvenções, incubadoras / aceleradoras…
“Não vamos falar aqui de fundos de capital de desenvolvimento (Série A, B, C), mas vamos ficar-nos na estratégia a implementar para operacionalizar a sua fase de captação de recursos early stage”, escreve David Banget. Poderá ser necessário abordar mais tarde os fundos de investimento especializados em capital de desenvolvimento, quando a sua start-up já for uma PME madura, mas, neste momento, não tem qualquer utilidade em contactá-los.
Love money
– É a primeira etapa da sua captação: pedir aos que lhe são próximos para fazerem um contributo inicial.
– Já criou uma relação de confiança e este primeiro montante desencadeará o financiamento restante.
– Exemplos: pais, amigos próximos, colegas de confiança.
Business angels
– Trata-se de «pessoas físicas» que têm capacidade financeira para investir no mundo das start-ups não cotadas. As suas motivações podem ser as mais variadas: diversificar os seus investimentos financeiros, reduzir o seu IRS ou mesmo investir num ecossistema que conhecem bem, à espera de conseguir uma boa mais-valia, ou mesmo por mera filantropia (sim, isso existe!).
– Agrupados em associações ou a trabalhar sozinhos, estão cada vez mais identificados e organizados. Seja pró-ativo e procure os business angels que possam trazer-lhe experiência, uma rede de contactos e muito mais, para além do dinheiro. Para o efeito, familiarize-se com sites como o fundme.co ou utilize ferramentas como o LinkedIn, pesquisando por palavras-chave como “business angel”, “investidores” e “investimento”.
– Sobretudo, não tenha medo de os informar antecipadamente da sua procura por outros business angels. O fenómeno dos “seguidores” é comum neste meio e uma recusa inicial pode transformar-se num ato de investimento posterior.
Fundos de investimento «early stage»
– Estes não são ainda muito numerosos, porque se posicionam numa fase muito “de risco” no financiamento da sua start-up, mas começam a surgir e a estruturar-se. São, claramente, os fundos que precisa de procurar prioritariamente, pois têm uma baixa participação no capital inicial, mas aceitam um grande número de processos.
– A vantagem deste tipo de estrutura relaciona-se com o facto de ser formada com recursos de empreendedores de sucesso, familiarizados, portanto, com o ecossistema e que lhe trarão muito mais do que dinheiro.
Fundos de investimento «capital de risco» & «capital de risco mid stage»
– É muito cedo para esperar a sua participação, porque eles vão exigir um turnover mínimo (quase sempre em torno de 1 milhão de euros), mas o interesse em contactá-los agora é para se dar a conhecer.
– Apesar da recusa ser inevitável, se o projeto atrair a sua atenção, é importante manter o contacto e informá-los regularmente sobre o andamento do seu projeto (um email por mês ou trimestre). Pode ser obrigado a realizar uma segunda ronda de financiamento para acelerar o seu desenvolvimento e este tipo de estrutura será o alvo certo.
– Manter contacto permite que, no dia da sua segunda ronda, eles tenham conhecimento da evolução da sua start-up e tenha sido criado um vínculo de confiança. Muitas vezes, o mais difícil para um fundo que não conhece a start-up é assumir o risco de investir numa equipa que pode vir a revelar-se pouco confiável, com pouca complementaridade.
Plataformas de crowdfunding
– Trata-se de plataformas web que colocam os empreendedores em contacto com vários investidores privados.
– Estas plataformas cobram, geralmente, taxas fixas de aconselhamento e uma comissão sobre os recursos captados, mas fornecem um acesso mais fácil aos investidores.
– Este tipo de plataformas é interessante se estivermos somente à procura de dinheiro e num curto espaço de tempo, porque o relacionamento com os investidores é bastante vago, mas a captação de fundos é rápida, porque elas já têm um conjunto de investidores fiéis. A tentar, se as sugestões descritas acima não estiverem a dar resultado.
Outras vias…
– Outras vias que poderão ajudá-lo a completar ou aumentar o seu financiamento: empréstimos bancários, empréstimos sem juros (e/ou sem garantias pessoais), auxílios estatais, subvenções, incubadoras / aceleradoras.
– Procure inscrever-se em concursos para obter financiamentos adicionais não negligenciáveis e, acima de tudo, para lhe darem visibilidade dentro do ecossistema.