Suécia: a capital europeia para as start-ups?
Conheça as razões para a Suécia ser uma das maiores potências mundiais no que toca ao empreendedorismo.
O que é que o Minecraft, o Spotify e o Candy Crush têm em comum? Foram todos criados na Suécia. O Skype foi cofundado por suecos e o SoundCloud começou em Estocolmo, antes de se mover para Berlim.
A Suécia é a segunda maior potência europeia em termos de empresas de tecnologia – com um valor somado superior a 30 mil milhões de euros – e Estocolmo, a capital, é a segunda maior cidade no que toca ao número de start-ups unicórnio per capita (em primeiro lugar nesta categoria está Silicon Valley).
Mas porque é que a Suécia é uma superpotência na esfera das start-ups? Uma das possíveis respostas são os impostos.
Apesar de parecer uma contradição, visto que alguns estudos mostram que os países com impostos elevados tendem a ser menos empreendedores, o ecossistema das empresas de tecnologia na Suécia parece ter beneficiado desta política, visto que as infraestruturas do país estão bastante avançadas.
Um exemplo dessas boas infraestruturas é a velocidade média da internet, que só é superada pela Noruega e pela Coreia da Sul. Mais: 60% do país tem acesso a internet de fibra ótica com velocidades superiores a 100 megabits por segundo. O governo sueco quer aumentar este número para 90% até 2020. Hoje, quase 95% da população sueca usa a internet. Em Portugal este número não supera os 75%.
Esta política que fomenta a propagação da tecnologia pela população não é nova. Na década de 90, o governo apoiou financeiramente os agregados familiares a comprarem um computador para casa, o que se traduziu na introdução rápida deste tipo de tecnologia.
O CEO e fundador da Klarna, uma start-up de e-commerce avaliada em mais de dois mil milhões de euros, Sebastian Siemiatkowski, explicou ao Independent que esta iniciativa foi a razão para ter começado a programar aos 10 anos de idade.
Apesar dos impostos serem um dos entraves mais problemáticos ao empreendedorismo, Mikael Damberg, o ministro sueco responsável pela pasta das empresas e da inovação, referiu que a segurança social que existe na Suécia significa que os empreendedores podem assumir mais riscos que o normal.
O sucesso da Suécia no empreendedorismo começou no início dos anos 90. No começo de uma crise financeira, o governo começou a introduzir empresas privadas em áreas anteriormente dominadas pelo Estado. Em 1993 foi apresentado um decreto-lei para fomentar a competição, com o objetivo de bloquear fusões de grandes empresas e práticas anticompetitivas.
Com a introdução deste tipo de políticas houve uma diminuição abrupta das taxas sobre as empresas. O número, que superava os 50% em 1990, fixa-se hoje em 22%.
Números como estes levaram os académicos suecos a publicar um paper que introduz a ideia de que a Suécia é um país mais empreendedor que os Estados Unidos da América. A tese dos suecos revela que as empresas com cinco ou menos anos representam 55% do tecido empresarial do país, enquanto que os números norte-americanos se prendem nos 40%.
De forma a atrair talento para as start-ups recentes, o governo introduziu alguns benefícios fiscais para este tipo de empresas. Isto faz com que as start-ups consigam competir, a nível salarial, com as organizações que já se estabeleceram no mercado.
Outro ponto a favor do empreendedorismo sueco é a confiança da sociedade, tanto noutras pessoas como no governo. Segundo um estudo financiado pela União Europeia, a Suécia e a Dinamarca são os dois países mais eficazes no “intrapreendedorismo”, definido pela colaboração e inovação, por parte dos trabalhadores, que existe dentro dos locais de trabalho.
O “intrapreendedorismo” só acontece quando há um alto nível de confiança, tanto na economia como nas outras pessoas. Este fator torna os funcionários mais inovadores, visto que o nível de inovação é diretamente proporcional à confiança mostrada pelos empregadores.
Este alto nível de confiança também beneficia o empreendedorismo no geral, com as grandes empresas a confiarem em pequenas start-ups com o objetivo de colaborarem e partilharem conhecimentos.