10 razões para não se juntar a uma start-up
O mundo das start-ups pode ser aliciante para qualquer pessoa que goste de arriscar ou que tenha uma veia de empreendedor, mas há algumas contraindicações que deve ter em conta.
Se está atento às notícias do ecossistema de start-ups, o mais provável é ficar espantado com as largas quantidades de dinheiro que estão a ser investidas nos mais diversos tipos de empresas.
O interesse por este universo cresce quando faz parte de uma grande empresa onde a progressão de carreira é quase nula e tem a necessidade de se sentir parte de algo “maior”. Criar ou juntar-se a uma start-up pode ser a oportunidade perfeita para conceber algo de raiz, um local onde o seu trabalho é realmente importante e tem impacto no negócio.
Sabe à partida que o caminho não vai ser fácil, mas a ideia fazer crescer algo que pode vir a valer milhões é aliciante. Juntar-se a uma start-up pode muito bem mudar a sua vida profissional e pessoal para sempre.
Mas será que devia mesmo juntar-se a uma start-up? Partilhamos consigo 10 pontos que deve ter em conta antes de se juntar a uma empresa deste género, com base no que John Rampton, investidor e empreendedor, escreveu para o Entrepreneur.
- Poderá não ser pago
Parte dos trabalhadores de uma start-up trabalham com a ideia de que não vão ser pagos durante um período de tempo e que, em troca, vão ter uma percentagem da empresa. A premissa aqui é quanto mais trabalhar e tempo despender na start-up, maior a probabilidade de o negócio poder vir a valer mais e, desta maneira, maior o retorno financeiro que terá quando receberem investimentos ou criarem uma boa carteira de clientes.
O problema é que esta ideia tem dois erros crassos: primeiro, a start-up pode nunca ser bem-sucedida e, se esse for o caso, a sua percentagem pode não valer muito. Segundo, depois de receber um investimento não sabe quanto tempo é que a start-up vai ter de sobreviver sem o próximo financiamento.
- Poderá nunca fazer parte da equipa executiva
Se não faz parte da equipa fundadora, o mais provável é não conseguir vir a fazer parte da equipa executiva. Uma das ideias associadas às start-ups é que é mais fácil progredir dentro de pequenas empresas, mas, na maior parte das vezes, os executivos são os fundadores da start-up.
A eventual promessa de um cargo executivo na start-up pode ser sinónimo de compensação para um salário baixo.
- O mais provável é a start-up falhar
É comum ouvir a ideia de que apenas uma em cada 10 start-ups é bem-sucedida. Quando se junta a uma start-up tem de ter consciência que há uma grande probabilidade de falhar. Não é uma questão de ser, ou não, otimista, mas sim uma questão de ser realista.
O risco poderá compensar, mas a probabilidade de falhar vai ser sempre substancialmente maior.
- Vai ter de trabalhar muito (mais do que o normal)
Quando se junta a qualquer empresa existe sempre a promessa de que se vai esforçar como nunca o fez anteriormente. Essa predisposição é um bom começo para se juntar a um projeto deste tipo.
Tenha, no entanto, em consideração que ao se juntar a uma start-up vai ter de trabalhar contra o relógio. Não só porque tem de apresentar um produto ou um serviço antes do dinheiro acabar, como também, se não conseguir ter resultados, vai acabar por nunca receber.
- Uma vasta lista de responsabilidades
Para além do stress, horas de trabalho extra e um salário bastante baixo, vai ter mais encargos do que normalmente teria numa empresa já estabelecida no mercado. Algumas pessoas gostam de ter vários encargos, outras gostam de saber exatamente aquilo que têm de fazer. E, quanto mais trabalho há, menor controlo há sobre a situação.
(Numa nota pessoal, acredito que a versatilidade portuguesa possa ser uma grande mais valia neste ponto.)
- Tudo pode mudar rapidamente
Pode achar que se houver problemas vai ter bastante tempo de aviso, mas não é assim que acontece no mundo das start-ups.
E se os investidores decidirem à ultima da hora não investir? E se a competição destruir o negócio ou alguma empresa grande entrar no espaço do seu projeto com mais dinheiro e mais mão de obra? E se houver outra recessão? Há inúmeros fatores que podem acabar por destruir a sua start-up e, neste mundo, a mais pequena mudança pode ter impactos irreversíveis.
- Prepare-se para o caos
Se não gosta de confusão, de trabalhar sobre pressão ou de tentar arranjar soluções fora da sua área para um problema que o projeto possa enfrentar, o mundo das start-ups não é, definitivamente, para si.
- Continua a ter empregadores
Uma das componentes mais excitantes de se juntar a uma start-up é o facto de poder desenvolver o seu trabalho por si mesmo e já não trabalhar para ninguém.
Mas até mesmo as start-ups têm gestores, CEOs ou investidores com uma agenda. Se o seu trabalho não entrar em conformidade com uma destas entidades a sua experiência “libertadora” de trabalhar numa start-up pode vir a tornar-se o extremo oposto.
- Tem de construir uma empresa de raiz
Se for um engenheiro ou developer que está habituado a trabalhos técnicos, mas que se quer juntar a uma start-up para ter novas experiências, pense duas vezes. Fazer parte de uma start-up não significa só ter mais encargos, como também significa ter de construir uma empresa. O conceito pode parecer interessante e desafiante, mas o mais provável é nunca ter tido instrução sobre como montar um negócio, o que pode dificultar bastante o processo.
- Poderá ter de sustentar as suas despesas de trabalho
Se trabalha numa empresa onde lhe pagam, por exemplo, almoços e jantares de negócios ou viagens de trabalho, esqueça estes benefícios quando se juntar a uma start-up. Estes projetos, especialmente quando ainda estão em fase embrionária, operam com orçamentos bastante reduzidos, o que significa que muitas vezes poderá ter de pagar do próprio bolso viagens de trabalho e refeições.