Amazon em Portugal: os setores que poderão vir a sofrer

Desde o início do ano que se fala da possível expansão da Amazon para Portugal. O que pode ser bom para os adeptos de e-commerce pode traduzir-se em más notícias para alguns setores.

Até agora, 2018 tem trazido boas notícias no que diz respeito à entrada de grandes tecnológicas em Portugal. Para além da Google, que vai abrir um hub tecnológico em Oeiras e criar 500 empregos, desde o início do ano que se fala da possibilidade de entrada da gigante de e-commerce Amazon no mercado português.

Grande parte dos portugueses já faz compras online. Um estudo da Marktest revelou que no quarto trimestre de 2017 houve quase 4,5 milhões de portugueses a utilizar plataformas de e-commerce. Com estes números a crescerem exponencialmente, a entrada da empresa de Jeff Bezos em Portugal pode trazer más notícias para empresas de alguns setores, sendo estes:

Lojas de produtos eletrónicos:
Quando comparadas às plataformas de vendas online, as lojas de produtos eletrónicos sempre tiveram um ponto a seu favor: o facto de terem funcionários especializados que ensinam as pessoas a utilizar os produtos. Isto poderá vir a terminar porque, entretanto, a Amazon já tem um exército de funcionários que ajudam os clientes via telefone, chat ou e-mail.

Para além deste apoio, grande parte dos consumidores modernos guiam-se através de reviews feitas aos produtos que pretendem comprar. Enquanto que a Amazon tem milhões de utilizadores a escreverem críticas sobre os produtos que compraram, esta componente não pode ser encontrada em lojas físicas.

Centros comerciais:
Com a possível entrada da Amazon em Portugal podemos prever um decréscimo da atividade dos centros comerciais. No ano passado, nos Estados Unidos, houve quase nove mil centros comerciais a fechar devido ao crescimento do comércio online.

Se a situação em Portugal se vier a relevar semelhante à dos Estados Unidos podem ser más notícias para o setor. Dados de 2017 da Associação Portuguesa de Centros Comerciais (APCC) mostram que, ao todo, este tipo de comércio emprega cerca de 300 mil pessoas e fatura nove mil milhões de euros.

Livrarias:
Em 2007 a Amazon lançou a primeira geração do Kindle, um leitor de livros digitais que permite pesquisar, navegar, comprar e ler livros. Apesar de ter tido um início tímido, com poucos clientes, informações do ano passado mostraram que o e-book já tem uma fatia de 39% de todos os livros em língua inglesa.

A entrada em Portugal pode significar também o começo de vendas de livros em português, o que poderá trazer dificuldades tanto para as plataformas online, como para as livrarias tradicionais.

Supermercados:
Depois de ter comprado a Whole Foods em agosto de 2017, a Amazon dedicou-se a criar o supermercado do futuro. Em pouco mais de seis meses a empresa norte-americana conseguiu quase 20% da fatia de mercado da componente online dos supermercados dos Estados Unidos. Isto pode traduzir-se em boas notícias para os consumidores nacionais, que poderão usufruir de um sistema de entregas e de lojas físicas com tecnologia mais sofisticada, mas más notícias para os retalhistas que correm o risco de sofrer quebras nas suas vendas.

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