Opinião
Women on Boards: quebrar o ciclo vicioso
Vive-se, atualmente, um contexto de crescente mudança e de manifesta preocupação com o tema da igualdade de género, sobretudo em ambientes ainda dominados pelos homens, nomeadamente, em lugares de topo e de liderança nas organizações.
Depois de, em agosto de 2017, a Lei 62/2007 ter imposto um regime de representação equilibrada entre homens e mulheres nos órgãos de administração e fiscalização de empresas cotadas e de empresas públicas, eis que a recente Lei 26/2019, de 28 de março, veio impor idêntico regime (mas com “quotas” mais exigentes, de 40%) relativamente a todo o pessoal dirigente e órgãos da Administração Pública – incluindo, assim, institutos públicos, instituições de ensino superior públicas, associações públicas profissionais (ordens e câmaras profissionais), etc.
Sem prejuízo, estudos recentes* demonstram que temos, ainda, um longo caminho a percorrer e que o progresso alcançado está ainda longe de nos conduzir à paridade. Os resultados encontrados indicam que o facto de, historicamente, existir um contexto de menor inclusão das mulheres, constitui, ele próprio, um ciclo vicioso, na criação e manutenção de crenças erróneas sobre as suas aptidões e competências, promovendo a dúvida e incerteza constantes. Perante este cenário, gerações de mulheres continuam a construir e perpetuar a ideia de que são menos capazes, sucumbindo às expetativas de estereótipos difíceis de destruir. E, se é certo que se assiste já a uma mudança, também não é menos verdade que caberá às mulheres uma parcela importante de responsabilidade, desconstruindo esta crença enraizada de menor capacidade. Neste contexto, o contínuo investimento, por mulheres com ambições de liderança, no seu desenvolvimento e capacitação constitui uma ferramenta crucial para alterar tal perceção desencorajadora.
O Programa Executivo Women on Boards, desenvolvido pela VdA Academia, visa contribuir precisamente, para atenuar tais diferenças, capacitando e empoderando as mulheres para um desempenho de excelência. É um programa diferenciador, apresentando uma combinação de temas rara de encontrar, e que terá a sua terceira edição já no próximo mês de maio, em Lisboa.
Ao longo de cinco dias serão abordados conteúdos de gestão, jurídicos e comportamentais, proporcionando o desenvolvimento de conhecimentos e competências em áreas fundamentais para o exercício bem-sucedido de funções em órgãos de administração e fiscalização. Num registo de proximidade e de partilha, as participantes terão também oportunidades de networking com oradores convidados e com Key Note Speakers com grande experiência de liderança, ficando a conhecer o seu percurso e os desafios que enfrentam enquanto gestores. O programa pretende contribuir para o desenvolvimento de uma matriz de conhecimento alargado, completo e essencial para a resolução de situações da prática de gestão e, por essa via, dar resposta a um dos novos desafios que, tanto o tecido empresarial português como os diversos organismos públicos atualmente enfrentam. Saiba mais via womenonboards@vda.pt.
*Harvard Business Review, February 2019.
Susana Almeida Lopes é a responsável pelas áreas de desenvolvimento organizacional, RH e desenvolvimento profissional da VdA. Doutora em Psicologia, pela Universidade de Lisboa, e membro da Direção Nacional da Ordem dos Psicólogos, é CEO da VdA Academia.Também integra a Comissão Executiva da VdA, o Comité de Recrutamento e o Legal Analytics Bureau.