Viagens podem moldar o futuro da conectividade global

As inovações e os investimentos em tecnologia podem ser aproveitados para melhorar a conectividade através das viagens, segundo o Fórum Económico Mundial.

O mercado global de viagens afirma-se como uma potência económica, mas o crescimento deve ser sustentável, inclusivo e impactante, destaca o Fórum Económico Mundial (WEF, na sigla inglesa), numa recente análise sobre o tema.

De acordo com este organismo, nunca foi tão importante abraçar e investir em conectividade global e, depois das perdas mundiais devido aos anos de pandemia, constata-se que a recuperação das viagens e do turismo atesta a resiliência e o potencial da conectividade global. As pessoas estão a circular cada vez mais pelo mundo e, segundo as plataformas do Trip.com Group, os números de viagens já excederam os volumes pré-pandémicos em 20% .

A forma como as viagens evoluem e se adaptam terá um impacto significativo no futuro do mundo. Dessa forma, e para concretizar todo o seu potencial, o caminho a seguir deverá centrar-se em três princípios-chave:

  1. Abraçar a conectividade, a colaboração e a abertura

Ao ligarem pessoas, empresas e comunidades, as viagens são facilitadoras da atividade económica e são uma potência económica, respondendo por cerca de 10% do PIB global e apoiando 1 em cada 10 empregos no mundo . Têm um papel ainda mais importante no reforço da conectividade global ao fornecerem uma base para compreensão, respeito e colaboração, ao mesmo tempo que ajudam a moldar um futuro mais construtivo, cooperativo e interconectado.
Aliás, os países e regiões que priorizam a conectividade através das viagens perceberam esse potencial para fortalecer as suas economias e criar bases para se ligarem ao mundo.

O Fórum Económico Mundial lembra, por exemplo, que a Arábia Saudita identificou o turismo como um pilar fundamental para seu plano Vision 2030 e para a diversificação económica. Já a Tailândia, que antes da pandemia, tinha cerca de 20% do PIB proveniente do turismo, está a impulsionar ainda mais sua economia ao tornar as viagens acessíveis a pessoas de mais países e para estadias mais longas. Também o programa de isenção de vistos em rápida expansão na China é essencial para desenvolver o seu mercado de viagens, que atualmente vale 0,5% do PIB.

Dados do Trip.com Group revelam um crescimento na ordem dos três dígitos no volume de viajantes pré-pandemia para destinos com condições de vistos flexíveis, como as implementadas por Singapura, Malásia, Emirados Árabes Unidos ou Sri Lanka.

  1. Adotar uma mentalidade sustentável e orientada para o impacto

É essencial, até para a sustentabilidade económica, que o crescimento e o progresso trazidos pela interconectividade levem a resultados positivos e duradouros para as pessoas, para as comunidades e para o meio ambiente. Sejam viajantes, fornecedores, destinos ou comunidades, todos têm interesse em garantir um futuro mais sustentável para viagens. Pelo seu lado, os consumidores estão cada vez mais conscientes sobre o seu impacto ambiental, especialmente ao voar. Por sua vez, a IATA delineou uma meta para toda a indústria da aviação — que responde por mais da metade da pegada de carbono do setor — de atingir emissões líquidas de carbono zero até 2050. Outras entidades do setor estão a estabelecer compromissos semelhantes.

Além de minimizar o impacto negativo no meio ambiente, ao se abraçarem as oportunidades de crescimento económico que as viagens e o turismo permitem, deve-se garantir que ele seja sustentável. Vejam-se os exemplos de destinos como Veneza, Barcelona ou Kyoto que têm enfrentado desafios resultantes do aumento da procura. São a prova de que a indústria deve unir-se para enfrentar o turismo excessivo, implementando soluções criativas. Os fornecedores também podem desempenhar um papel crucial ao alavancarem a tecnologia para informar práticas de viagem mais sustentáveis ​através de ferramentas como assistentes de itinerários.

  1. Priorizar a inclusão no investimento e na inovação

As comunidades são o coração das viagens e uma das melhores maneiras de garantir um futuro mais resiliente e sustentável para o setor é dar-lhes voz e uma participação maior. Ou seja, o crescimento inclusivo é aquele que é sustentável, daí a importância de desenvolver e promover destinos menos conhecidos para ajudar a reduzir as pressões do turismo excessivo, e, simultaneamente, impulsionar novas oportunidades. A perspetiva de oferecer novas experiências aos viajantes, abre também novas fronteiras para os investidores. E ao distribuírem-se benefícios de forma mais equitativa, fornecem-se às comunidades oportunidades de desenvolvimento económico e social.

Inovações no conteúdo digital podem desbloquear o potencial de destinos emergentes, em particular entre os viajantes mais jovens. Um relatório recente da Skift constatou que mais de metade dos viajantes da geração Y e da geração Z dependiam dos medias sociais para planear viagens, uma preferência que representa uma oportunidade para que os destinos menos conhecidos envolvam os viajantes com ofertas exclusivas. Tecnologias como a inteligência artificial permitem insights mais personalizados e podem tornar esses destinos mais visíveis, atraentes e acessíveis ao mundo.

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