Trabalho: 39% das mulheres sentem-se stressadas ou exaustas

As conclusões do survey “What Women Want (At Work)”, do ManpowerGroup, apontam para que o nível de esgotamento das mulheres no ambiente laboral tenha aumentado na pandemia.
O papel da mulher nas empresas, bem como a deterioração do seu bem-estar, sofreu um retrocesso na sequência da pandemia. O estudo What Women Want (At Work), do ManpowerGroup, divulgado esta semana, aponta para esta realidade. Realizado junto de cinco mil trabalhadores, em cinco países, para avaliar de que forma os efeitos da pandemia ainda se fazem sentir na saúde mental das profissionais, o que estas privilegiam e como as empresas devem agir para promover o seu bem-estar, este estudo constatou que 39% das mulheres ainda se sentem stressadas ou exaustas diariamente.
Ainda assim, este valor já representa uma melhoria no nível de esgotamento quando comparado com verificado no pico da pandemia, altura em que 45% das mulheres afirmava sentir-se mal psicologicamente no trabalho. Refira-se, contudo, que na fase pré-pandémica, a percentagem de mulheres trabalhadoras que declaravam sentir-se esgotadas era de 32%.
Neste cenário, o What Women Want (At Work), aborda igualmente os fatores mais valorizados pelas mulheres em contexto laboral bem como os elementos que contribuem para o seu progresso. Nesta perspetiva, o estudo mostra que 80% das profissionais inquiridas valorizam o suporte dos managers e das equipas. Seguem-se as oportunidades de evolução na carreira, referenciadas por 70% das inquiridas, a autonomia e flexibilidade (49%), e o tempo de desconexão remunerado e o apoio à saúde mental (33%).
Por sua vez, 68% das empresas diz ter como foco a implementação de políticas de trabalho flexíveis. Igual percentagem de empresas afirma querer criar uma cultura inclusiva e modelos de patrocínio interno, isto é, uma estrutura de apoio dentro da própria empresa que promova e suporte a progressão de carreira das mulheres.
A inclusão da equidade de género nos objetivos da liderança (67%), a mentoria/coaching (66%) e as ações de formação (66%), também foram metas referidas pelas empresas.
O estudo revela ainda quatro fatores adicionais de bem-estar nos quais os empregadores se devem focar para diferenciarem as suas propostas de valor e atraírem e comprometerem as melhores profissionais. São eles os benefícios de saúde (o que inclui a licença de maternidade); os benefícios físicos/ nutricionais; os subsídios de suporte ao cuidado familiar (tanto a idosos como a crianças); e uma cultura aberta relativamente ao tema da saúde mental e do bem-estar
Rui Teixeira, Chief Operations Officer do ManpowerGroup Portugal, lembra que “a pandemia trouxe inúmeros desafios e a saúde mental foi sem dúvida um dos mais importantes”. E, acrescenta, “os dados mostram que as mulheres, em específico, se viram sob uma maior pressão que os seus pares do sexo masculino e que, apesar do alívio das restrições e do arranque de uma nova normalidade, os impactos ainda se fazem sentir”.
Este profissional refere que “para assegurar um ambiente de trabalho igualitário e promotor do desenvolvimento de cada colaborador, os empregadores devem ser cada vez mais explícitos sobre o seu crescente dever de proteção e promoção do bem-estar social, fazendo da equidade de género uma das suas prioridades”.
Esbater desigualdades
O What Women Want (At Work) deixa algumas coordenadas que os empregadores podem seguir para apoiar as mulheres no contexto laboral, promover o bem-estar e o seu progresso.
A estratégia deve passar pelo apoio às mulheres no equilíbrio entre o trabalho e as responsabilidades domésticas, o que pode ser conseguido, por exemplo, com a adoção de horários de trabalho flexíveis. Depois deve privilegiar-se o desempenho, independentemente da presença física no escritório, mas também contribuir para a progressão das mulheres para funções de liderança, apostando em funções de alto crescimento e oferecendo apoio à progressão na carreira. Por último sugere a criação de uma cultura inclusiva, bem como o assumir de responsabilidade, por parte das lideranças, sobre paridade de género, fazendo com que a mudança comece no topo.