Tiago, o jovem norte-americano que concluiu o mestrado com a ajuda de um robô

Um jovem norte-americano passou nas duas últimas provas que lhe faltavam para concluir o mestrado, graças a ensaios escritos com a ajuda da inteligência artificial.

Tiago estava desiludido com os seus estudos e só lhe restavam duas provas para terminar o seu mestrado em gestão de empresas. Queria terminar de uma vez por todas, mas copiar não era uma opção. A sua universidade possuía um software antiplágio que detetaria qualquer tentativa de cópia. No entanto, motivado pela necessidade, optou por uma solução muito mais engenhosa: apresentar por conta própria os documentos que tinha escrito com a ajuda da inteligência artificial. Tudo isto com um conhecimento de ciência da computação ao nível do utilizador.

O jovem estudante encontrou inspiração para o seu plano bem-sucedido quando descobriu que um jornalista do The Economist publicou um ensaio sobre a mudança climática, que tinha sido escrito com a ajuda da inteligência artificial num concurso.

O jornalista tinha usado o GPT-2, um algoritmo que gera textos a partir de uma frase que o utilizador escreve. Um projeto desenvolvido pela empresa de Elon Musk, a OpenAI.

O GPT-2 é um algoritmo que gerou uma grande controvérsia. No início, o seu proprietário recusou-se a publicar o código, porque poderia ser usado para fins maliciosos, como escrever notícias falsas. No entanto, após a recusa inicial, o código foi publicado.

A ideia de um algoritmo para escrever as suas obras era atraente para Tiago, disse o jovem numa entrevista ao  Futurism, citada pelo El Mundo.

Durante as suas primeiras tentativas, o estudante universitário descobriu que não tinha conhecimento técnico suficiente para que o código funcionasse no seu computador. Mas rapidamente percebeu que não era necessário ter nenhuma ideia de programação ou sistemas de computador.

Através do Talk To Transformer, qualquer pessoa com acesso à Internet pode comprovar o poder desse algoritmo por conta própria.

“Escrevi a estrutura do texto com a primeira frase de cada parágrafo, explica o norte-americano, acrescentamdo que “depois inseri cada uma dessas frases na web e o programa fez o resto”.

Todavia, a inteligência artificial também tem falhas. “Às vezes, inventa declarações ou informações falsas sobre as empresas sobre as quais está a escrever”, admite o jovem. Além disso, o jovem também confessa ter feito alguns pequenos retoques no trabalho do robô. “Descobri que adicionar palavras como ‘inovação’, ‘sinergia’ e coisas assim tornou o trabalho mais apropriado para o curso”, diz.

O jovem usou o sistema para dois assuntos diferentes e, nas duas vezes, o seu truque foi bem-sucedido. Os sistemas antiplágio não detectaram nada.

O software antiplágio é um mercado em expansão no ambiente universitário. Programas como Turnitin ou Plagscan são responsáveis por comparar os trabalhos escritos pelos alunos com as páginas da web, repositórios de papéis e livros científicos. Os programas mostram onde as correspondências são encontradas e qual a percentagem do texto que corresponde às tarefas enviadas anteriormente.

Tiago conseguiu concluir o mestrado em disciplinas que garante que apenas passavam 80% dos alunos nas aulas. “Passei e, embora alguns dos alunos tenham reprovado, estava longe de estar entre os melhores. Claramente, fui um dos piores que eles passaram”, reconhece.

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