Entrevista/ “Think Tank”

Paulo Doce Moura, Investment Advisor do Banco Carregosa

Think, em inglês, significa “pensar”, a palavra tank significa “tanque”, “reservatório”, por isso o termo think tank pode ser traduzido como “grupo de reflexão”, “laboratório/fábrica de ideias”.

Inicialmente, na tentativa de se encontrar um significado para essa expressão, chegou-se à conclusão que think tank seria uma associação de indivíduos especialistas, formando instituições e/ou organizações, proporcionando pesquisas e discussões sobre assuntos políticos, económicos, estratégicos e diversos outros temas nacionais e internacionais.

Os institutos de pesquisa normalmente são organizações sem fins lucrativos, mas também podem ser subsidiados por governos, corporações ou outros grupos. Alguns países possuem políticas de incentivo a essas instituições, como é o caso da isenção de impostos fornecida aos think tanks desde que sejam apartidários.

Think thanks podem ser encontrados no século IX, na época do imperador romano Carlos Magno, na qual monarcas e imperadores começaram a ter conflitos financeiros com a Igreja Católica, mais especificamente em relação à isenção de taxas. A partir daquela época ao século XVII, foi estabelecida uma tradição de contratação de grupos de pessoas com o intuito de fornecer conselhos sobre os elementos financeiros e políticos aos reis.

Entre o início do século XVI e o fim do século XVIII, também foi utilizado o recrutamento de agrupamentos de indivíduos qualificados, no caso de historiadores clericais com o intuito de defender uma comunidade religiosa através da pesquisa e da escrita. Foram incorporados, principalmente, no contexto da Reforma Protestante e da Contrarreforma.

Em França, a Coroa costumava convocar grupos de estudiosos provenientes da República das Letras, associação internacional de académicos que produziam, encontravam e providenciavam pesquisas.

Alguns dos think tanks mais relevantes datam do século XIX, como por exemplo o Royal United Services Institute, criado em 1831 em Inglaterra com o intuito de viabilizar pesquisas de ponta em defesa e segurança e a Sociedade Fabiana, fundada também em Inglaterra em 1884, estabelecendo conhecimentos e impulsionando o movimento socialista.

O mais importante think tank atualmente é o Brookings Institution, fundado em 1916, nos Estados Unidos, para conduzir pesquisa aprofundada que leva a novas ideias para resolver problemas enfrentados pela sociedade nos níveis local, nacional e global. O segundo think tank mais influente no mundo é o Instituto Francês de Relações Internacionais, criado em 1979, com a intenção de promover pesquisas acerca de assuntos políticos visando as relações internacionais. Outro instituto extremamente relevante é o Carnegie Endowment for International Peace, fundado em 1910 por Andrew Carnegie com o objetivo de analisar e promover o processo de cooperação entre as nações, além de esclarecer temas de preocupação internacional, como é o caso dos projetos especiais da organização sobre as relações entre Estados Unidos e Rússia, segurança na Europa e a Iniciativa Carnegie para o Petróleo. Atualmente, esta instituição tornou-se, num think tank transnacional e multicultural.

Na foto infra, vemos um evento com o Centro para Segurança e Inteligência do século XXI na Brookings Institution, Washington, DC, 26 de fevereiro de 2016. Mabus, onde se discutiram os conceitos, estratégias e tecnologias marítimas futuras.

Após 1945, foram criados institutos de pesquisa para produzir e analisar conhecimentos acerca dos elementos estratégico-militares, pretendendo expressar os vários problemas da sociedade e das agendas políticas durante a Guerra Fria e, em consequência disso, o número dessas instituições aumentou. A expressão think tank, na gíria americana do período de guerra referia-se às salas onde os estrategas discutiam os planos de guerra.

A partir de 1980, devido à globalização, os think tanks tornaram-se mais populares no mundo.

Na primeira metade do século XX, a maioria deles era proveniente dos Estados Unidos e do Reino Unido, existindo apenas alguns no Canadá e no restante da Europa Ocidental. Após 1991, juntamente com a intensificação do processo de globalização, ocorreu um crescimento enorme do número de think tanks, sendo que metade dos existentes atualmente foram fundados após a década de 1980.

O impacto da globalização na história do movimento dos think tanks é mais evidente em regiões tais como a África, Europa Oriental, Ásia Central e partes do Sudoeste Asiático, onde houve um esforço em conjunto da comunidade internacional no suporte à criação de organizações independentes de pesquisa em políticas públicas. Atualmente existem mais de 6.500 destas instituições ao redor do mundo. Muitos dos think tanks mais bem estabelecidos criados durante a Guerra Fria focam em assuntos internacionais, estudos na área de segurança e política externa.

Nesse sentido e num momento particularmente difícil para a sociedade de uma forma geral devido à pandemia Covid 19, um grupo ativo de entusiastas pela cidadania e com a vontade de contribuir através de ações e realizações criou a Plataforma-Egov “Think Tank” que pretende ser um movimento de ação cívica, multidisciplinar e transversal, que tem por objeto o debate, estudo e desenvolvimento de projetos de cariz económico e social, orientados para o desenvolvimento das políticas locais, regionais e nacionais.

A Plataforma-Egov, de forma a atingir os seus objetivos, tem vindo a promover um Ciclo de Conferências Online, a publicar artigos de opinião, entrevistas e acima de tudo a comunicar reflexões, realidades e propostas imediata de acordo com os princípios que a regem, que são:

  1. Promover o mais vasto debate sobre as mais diversas áreas de interesse para os agentes da política nacional, regional e local bem como todo o tipo de instituições particulares, com interesses temáticos nas áreas a estudar;
  2. Conceber, produzir, organizar e realizar projetos e eventos relacionados com qualquer dos fins e interesses da Plataforma-Egov, com especial incidência nas políticas económicas e sociais e na reforma do Sistema político;
  3. Organizar e promover colóquios, seminários, congressos e debates no âmbito do objeto da Plataforma-Egov;
  4. Estabelecer intercâmbios ou colaboração com quaisquer outras entidades que visem a prossecução do objeto da Plataforma-Egov;

Conceber, produzir, organizar e realizar projetos e eventos
Colaborar com quaisquer entidades…

  1. Colaborar com quaisquer entidades, públicas ou privadas, em trabalhos, estudos ou ações para que seja solicitada a sua colaboração ou de cuja iniciativa se encarregue;
  2. Promover a elaboração de estudos e publicações de interesse geral, dentro dos parâmetros do objeto da Plataforma-Egov;
  3. Promover e organizar quaisquer outras iniciativas de fomento, cooperação e divulgação dos domínios da Plataforma-Egov

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Paulo Doce de Moura

Paulo Doce de Moura

Paulo Doce de Moura exerce funções no Banco Carregosa e foi diretor do BNP Paribas Personal Finance. Estudou Relações Internacionais-Económicas e Políticas, na Universidade do Minho e Direção Geral de Empresas no Programa Avançado de Gestão para Executivos na Universidade Católica Portuguesa. Foi presidente de Direção da AIESEC (Association Internationale des Étudiants en Sciences Économiques et Commercialles) na Universidade do Minho, Coordenador Distrital Economia, Trabalho e Inovação no Conselho Estratégico Nacional e membro da Assembleia de Freguesia do Lumiar. Escreveu... Ler Mais..

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