Opinião
As rápidas e fáceis condenações em praça pública
É hábito neste país ter opinião sem a preocupação de a fundamentar com conhecimento. É hábito neste país crucificar em praça pública com base em coisas que se dizem ou aparecem escritas. É hábito neste país falar tendo como princípio de conversa “se o que vi / li / ouvi está certo…” sem antes verificar se está ou não.
Sou irmã da Margarida Pinto Correia e cunhada do Sérgio Figueiredo. Sei que se os intervenientes fossem outros o racional seria certamente o mesmo…, mas assumo que talvez a motivação para escrever não fosse tão forte.
É hábito neste país ter opinião sem a preocupação de a fundamentar com conhecimento.
É hábito neste país crucificar em praça pública com base em coisas que se dizem ou aparecem escritas.
É hábito neste país falar tendo como princípio de conversa “se o que vi / li / ouvi está certo…” sem antes verificar se está ou não.
Não é hábito neste país procurar a causa das coisas, a verdade dos factos ou as razões por trás do que acontece.
Não é hábito admirar quem consegue fazer acontecer as coisas ou pôr a andar os processos.
Não é hábito olhar para quem diz o que pensa sem medos ou sem rodeios com respeito pela coragem que isso represente.
Não é hábito estudar e juntar conhecimento antes de emitir opiniões apresentadas como certezas.
Infelizmente!
Exatamente porque não conheço em detalhes as competências do Sérgio Figueiredo nem o job description do mandato que lhe foi atribuído, não me vou pronunciar sobre a sua ou não capacidade para desempenhar as funções que entenderam entregar-lhe.
Mas posso pronunciar-me sobre o que foi dito sobre esta contratação.
1. Do processo – o ajuste direto e a relação de confiança
Medina faz ajuste direto para contratação de Sérgio Figueiredo como consultor do Ministério das Finanças.
Escândalo porque…????
Quantas vezes foram consultores contratados por concurso público?
Onde está dito que para determinado tipo de funções não se devem contratar pessoas de confiança?
Será que não é normal que depois de alguém ter uma qualquer relação profissional com alguém leve a que outras relações se desenvolvam no futuro?
2. Dos antecedentes – a TVI e a campanha comércio local
Medina foi comentador da TVI, sim.
Tal como o são ou foram Manuela Ferreira Leite, Marcelo Rebelo de Sousa, Toy, Ana Cristina Garcia, Telmo Correia, José de Pina ou Peres Metello, entre outros.
Estará Sérgio Figueiredo ou Cristina Ferreira ou Nuno Santos agora impedido de ter relações profissionais com estes … ou todos os outros que pela TVI passam?
No que respeita à campanha de dinamização do comércio local, anterior projeto desenvolvido por Sérgio Figueiredo para a CM Lisboa onde Medina era presidente. Porque está errado que o tenha feito?
Salvo algum erro processual de adjudicação de projetos pela CML, o recurso a alguém que se conhece e que pode desenvolver e fazer funcionar um projeto não parece ser crime grave.
Criticas em relação ao objetivo desta campanha, à forma como foi delineada e executada ou aos resultados que alcançou.. tudo bem! Mas questionar apenas porque ele e não outro, sem mais critério de ataque que o facto de ter sido Medina a entregar ao seu “amigalhaço” Sérgio, inferindo que foi para pagar favores… não é bonito.
3. Dos valores – campanha e consultoria
30000 euros a campanha. Pagamento principesco?
Quem o afirma já alguma vez esteve envolvido em processos de comunicação recorrendo a agências externas?Comparou este custo com o de campanhas semelhantes?
Deu-se ao trabalho de averiguar quanto teria sido o fee para esta ação antes de atirar pedras?
Cerca de 5000 euros mensais. Mais do que um ministro.
Mas os ministros não recebem apenas ordenado, mas toda uma série de outros benefícios que não vão ser atribuídos a Sérgio Figueiredo.
E os consultores não recebem 14 meses e não implicam o pagamento de segurança social.
Tentaram saber quantos gestores de empresa ou consultores têm este custo?
Fizeram mesmo as contas antes de atirar pedras?
4. De terceiros envolvidos
Quem ganha em trazer para a discussão os familiares e amigos das pessoas envolvidas, a não ser que isso tenha uma relação direta com o assunto em causa?
A Margarida Pinto Correia, mulher de Sérgio Figueiredo, é gerente (alguém tem de o ser…) da empresa que com ele detém.
Que relevância isso tem neste contexto?
Que papel desempenhou na contratação?
Porque é chamada à baila?
Tanto quanto sei nem um dos que sobre ela falaram a tentou contactar para obter esclarecimentos…
Infelizmente para Portugal, cada vez mais soam atoardas sem preocupação de fundamento e, em concerto afinado todo para o mesmo lado, espalhando-se como fogo tocado a vento.
Sempre foi mais fácil seguir o rebanho do que tentar encontrar um caminho mais interessante.
É pena!
Nota: O texto foi escrito anteontem de manhã [16 de agosto] quando achei que o que se passava era demais e precisava deixar escrito o que penso. Entretanto, como é de conhecimento público, ontem de manhã [17 de agosto] o Sérgio Figueiredo anunciava: “…Sou a partir deste momento o ex-futuro consultor do ministro das Finanças…Estou farto!…”.
Como eu o percebo!