Opinião
Super-agentes & Edge AI: o futuro do consumo e do mercado digital
O desenvolvimento da Edge AI, que permite que agentes de dados e IA generativa (GenAI) residam em smartphones, mudará os modelos de mercado de consumo no futuro.
Esta mudança não apenas promete empoderar os consumidores, mas também oferece uma nova oportunidade de capitalização de mercado, potencialmente avaliada em um bilião de euros. As marcas vão deixar de conseguir controlar o relacionamento com milhões de consumidores, para permitir que os consumidores controlem intuitivamente o relacionamento com cada marca e rede de publicidade com um único superagente com GenAI, e não através de uma cacofonia de aplicações.
Isto cria um enorme potencial para os mercados de bens de consumo e serviços aproximarem-se da eficiência das ações, uma vez que os compradores serão capazes de controlar as intenções de compra. Já os modelos de monetização para editores e marcas vão poder basear-se em comissões em vez de impressões.
Assim, como as redes de pesquisa, as redes sociais e os dispositivos móveis mudaram o mundo em menos de 20 anos, os super-agentes do consumidor vão transformar o marketing digital, a publicidade e o comércio digital ainda mais rapidamente.
Para que os super-agentes de consumo sejam a interface universal do comércio digital, é necessário que os consumidores possuam os seus próprios dados e modelos de IA, o que é expectável que a próxima geração de chips para smartphones e modelos de IA suportem.
Estes super-agentes podem ser treinados sem mais esforço do que gerir uma lista de reprodução do Spotify, enquanto simplificam as compras dos consumidores, ou apoiar a reposição e compras ponderadas, desde utensílios domésticos, alimentos, até moda. Mas podem ir mais longe, e até marcar consultas, planear férias, aconselhar sobre a compra de automóveis, casa, finanças, educação e saúde.
Porém, para funcionar, os super-agentes necessitam de um reequilíbrio dos mercados de consumo em três aspetos principais. Em primeiro lugar têm de ser super-agentes intuitivos e abrangentes, pois os consumidores vão querer um único superagente com GenAI para gerir todas as suas compras.
Em segundo, através do acesso aos dados das compras. Ironicamente, ainda vivemos num mundo retalhista dominado por recibos em papel. Superar o medo de que fornecer mais dados aos consumidores resultaria em menos receitas é a maior mudança de mentalidade necessária para a evolução do mercado. Desbloquear estes dados e alimentá-los através de super-agentes tornaria os mercados de bens, serviços e publicidade muito mais eficientes, tanto para compradores como para vendedores, além de que iria proteger os dados do consumidor.
Por último, o mercado autónomo que crie um sistema global que ligue agentes compradores e vendedores em todas as plataformas de comércio eletrónico, facilitando a transmissão de ofertas e procuras de forma eficiente.
À medida que esta revolução se desenrola, surge a pergunta: quem será o “Spotify” dos superagentes do consumidor? Empresas líderes em tecnologia, com vasta experiência em IA e comércio eletrónico (como Alipay, Amazon, Apple, Baidu, Google, Meta, Microsoft, TenCent, TikTok, WeChat, Shopify), estão a competir pela dominação neste novo cenário. De plataformas de pagamento (Mastercard, Visa e PayPal) a gigantes da tecnologia e outros players de IA (OpenAI), todos estão de olho na próxima grande oportunidade de mercado.
Os superagentes e a Edge AI estão preparados para redefinir a forma como os consumidores interagem com as marcas e como o mercado digital opera. À medida que essa transformação avança, aqueles que conseguirem capitalizar essa oportunidade estarão na vanguarda de uma nova era do comércio digital.