Start-ups em todo o mundo levantaram 73 mil milhões de euros de capital de risco no terceiro trimestre
Em 2020, as empresas de venture capital continuaram a investir em start-ups, apesar da crise do Covid-19. De acordo com um estudo da KPMG e da NL Times, as start-ups em todo o mundo levantaram 73 mil milhões de dólares (61 mil milhões de euros) em capital no terceiro trimestre, mais de 3 mil milhões (2,5 mil milhões de euros) do que no trimestre anterior.
Apesar da pandemia de coronavírus, as start-ups em todo o mundo ainda estão a receber investimentos de venture capitalists (VCs). No terceiro trimestre, as start-ups levantaram 73 mil milhões de dólares (61 mil milhões de euros) em capital, mais de 3 mil milhões (2,5 mil milhões de euros) do que no trimestre anterior. Na Holanda, as start-ups arrecadaram 591,2 milhões de dólares (494 milhões de euros) no terceiro trimestre, mais do que o dobro dos 252,4 milhões de dólares (210,9 milhões de euros) levantados no trimestre anterior, de acordo com um estudo da KPMG e da NL Times.
“Com muitos países a enfrentarem uma segunda onda de contágio por Covid-19, os venture capitalistas irão continuar a concentrar-se em soluções que respondam às necessidades digitais das empresas e dos consumidores”, disse Mark Zuidema, partner de Corporate Finance da KPMG, acrescentando que “Healthtech e Fintech vão continuar a ser áreas de investimento importantes.”
Segundo o estudo, embora o montante total de investimentos tenha aumentado nos últimos seis meses, o número de investimentos diminuiu. As novas start-ups, em particular, atraíram menos investimentos durante a crise de Covid-19, embora essa tendência se tenha começado a verificar antes da pandemia. A KPMG atribui este resultado em parte aos ciclos de compra mais longos e à dificuldade de concluir transações remotamente.
A auditora considera que esta tendência irá continuar a ser visível no próximo ano. “O declínio nas injeções de capital em start-ups em estágio inicial continuará, deixando muitas dessas empresas sem capital”, explicou Zuidema. “Provavelmente esta tendência trará alguma consolidação no mercado, especialmente nos setores mais afetados pela pandemia”, concluiu.
Num outro estudo revelado recentemente e que contou com mais de mil venture capitalists, representando cerca de 900 empresas, Ilya A. Strebulaev, professor de finanças da Stanford Graduate School of Business e diretor da Venture Capital Initiative da escola e um grupo de investigadores descobriram que os VCs continuam ocupados como sempre e estão otimistas em relação ao futuro.
Para este estudo, o ritmo de novos investimentos diminui para 71% no primeiro semestre de 2020, correspondendo às semanas iniciais de confinamento. Para o segundo semestre, os VCs entrevistado dizem que esperam que o ritmo seja superior a 80%, percentagem positiva quando comparada com a das duas últimas recessões: após o crash das dot-com de 2000, os investimentos em capital de risco caíram para 50%; na Grande Recessão de 2008 diminuíram para 70%.
Segundo os entrevistados deste estudo, coordenado por Strebulaev, metade das empresas do seu portefólio não foram afetadas pela pandemia de Covid-19 ou estão realmente a tirar benefício da crise. Apenas 10% das empresas do portefólio foram “gravemente afetadas negativamente”, relatam. No geral, os fundos de VCs antecipam apenas uma pequena queda no seu desempenho financeiro.
A pesquisa, que foi conduzida em junho, foi planeada originalmente como um seguimento de uma análise semelhante que os autores realizaram há cinco anos. Esse trabalho, que revelou novos insights sobre uma indústria que gosta de trabalhar nos bastidores, tornou-se o artigo de pesquisa mais citado sobre capital de risco nos últimos anos.
“Parecia que estava na hora de uma atualização”, diz Strebulaev. “Os fundos de capital de risco normalmente têm um horizonte de 10 a 12 anos e o período de investimento durante o qual os fundos formam a sua carteira é de cerca de 3 a 5 anos, então queríamos fazer outra pesquisa e ver como está o setor”.