Sozinho ou acompanhado: os prós e contras de ter um sócio num negócio

Ter um sócio ou alguém com quem partilhar a responsabilidade inicial de criar um negócio pode ser um fator-chave para o sucesso. Mas essa relação pode evoluir ao longo do tempo e em diferentes fases do percurso pode tornar-se preocupante. Conheça os prós e contras.

Iniciar um projeto com outro fundador tem os seus prós e contras. Segundo John Cheney, CEO da empresa de software de CRM Workbooks, “os pontos positivos são a confiança e o conhecimento do outro. Os fundadores criam confiança com pessoas com quem já trabalharam anteriormente e isso é fundamental. Os cofundadores também conhecem os pontos fortes e fracos cada um, podendo por isso ser complementares”.

Para Cheney, ter um cofundador também pode ser estimulante e divertido. O caminho de desenvolvimento de uma empresa pode ser difícil e complicado, por isso ter a companhia de alguém que o torne mais fácil e divertido pode ser positivo. Mas pode ter desvantagens. O cofundador pode ser a pessoa certa para começar o negócio, mas não o parceiro mais adequado para o longo prazo.

“Depois, há possíveis problemas de participação acionista. Por exemplo, se o seu cofundador não tiver o mesmo empenho que o outro sócio isso pode provocar ressentimento. E no caso de sair da empresa, tendo ações, tem direito a dividendos, mesmo não tendo contribuindo para o sucesso. No entanto, muitas empresas com equipas de fundadores enfrentam os prós e os contras e passaram a desfrutar de enorme sucesso”, adverte Cheney, citado pela Forbes.

O caso da Tessian, da Hunter & Gathier e da Kidadl
A start-up de cibersegurança Tessian foi fundada em 2013 por três colegas que estudaram engenharia juntos no Imperial College London: Tim Sadler, Ed Bishop e Tom Adams. Após a sua formação, seguiram carreiras na área de banca e financiamento e dessa experiência detetaram um problema que necessitava de resolução.

Os colaboradores dos bancos enviavam acidentalmente e-mails, por vezes com dados confidenciais da empresa, para as pessoas erradas. Com os seus conhecimentos em engenharia, os três amigos juntaram-se para resolver o problema. Hoje, a Tessian tem cerca de 120 funcionários no Reino Unido e nos EUA. No início deste ano, garantiu 42 milhões de dólares (36,9 milhões de euros) em financiamento da Série B apoiado pela Sequoia e, em 2018, cresceu mais de 300%.

Para estes empreendedores, o principal benefício de começar uma empresa com cofundadores é a complementaridade de habilitações e capacidades. Neste caso os três fundadores têm tarefas diferentes na empresa. Enquanto uns se focam na engenharia e no produto, outros centram-se na estratégia de mercado e marketing.

Um dos desafios que a trio tem enfrentado tem sido lidar com a mudança na dinâmica da equipa e nas responsabilidades de tomada de decisão à medida que a empresa cresce. Nos primeiros dias, os três cofundadores estavam fortemente envolvidos em todas as tomadas de decisão. À medida que a complexidade dos negócios aumentava, tiveram que delegar certas tarefas a outras pessoas.

Outro exemplo chega-nos da Hunter & Gathier, uma start-up que fornece óleo de abacate e maionese de abacate aos principais retalhistas no Reino Unido e que foi fundada pelo casal  Amy Moring e Jeff Webster.

O facto de Moring e Webster serem também parceiros da vida real pode despoletar atritos. “Por isso, é importante equacionar soluções e estabelecer alguns limites, bem como priorizar os seus próprios hobbies e interesses”, explica o casal. Moring vê um enorme benefício em poder partilhar tarefas e dividi-las em áreas nas quais cada um é bom ou apaixonado. Enquanto ela lidera vendas e marketing, Webster cuida das operações, números e desenvolvimento de novos produtos.

Hannah Feldman e Sophie Orman empreendedoras da Kidadl, um marketplace online para lazer em família, conheceram-se numa festa de despedida de solteira, onde partilharam a sua frustração mútua em tentar encontrar eventos e atividades adequadas para os seus filhos, com o melhor equilíbrio entre orçamento e localização. A partir desse dia, ficaram ligadas pelo negócio.

Hannah Feldman despediu-se do seu emprego na City, onde trabalhou durante 16 anos como bancária e financiadora corporativa, para criar com Sophie Orman a Kidadl. Atualmente a empresa já conta com uma equipa de sete pessoas e angariou quase 1 milhão de libras (1,1 milhão de euros) de investimento de business angels. Para esta empreendedora, a maior vantagem de ter um cofundador é poder partilhar a mesma visão e entusiasmo.

“A honestidade entre sócios é um fator crucial em qualquer relacionamento de cofundadores e isso pode ser libertador ou mesmo desafiador. Com a intensidade da relação de cofundador, surge a expetativa mútua e o estímulo para impulsionar um ao outro, o que também pode ser desafiador ao longo do caminho”, conclui.

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