Sobreendividamento: dicas para preparar-se para o fim das moratórias
Com o fim das moratórias à vista, saiba como prevenir e reagir ao sobreendividamento. Comece já a preparar-se porque junho está aí à porta.
As moratórias foram a principal ajuda para muitas famílias e empresas que viram os seus rendimentos cair com a chegada da pandemia. Segundo dados do Banco de Portugal, até setembro do ano passado estavam 46 mil milhões de créditos em moratória, quase 25 mil milhões de empresas e 21 mil milhões de euros pertencentes às famílias.
Portugal foi uma das economias europeias que mais recorreu a estes adiamentos de despesa e, como consequência, será também uma das mais afetadas pelo seu fim, que o governo definiu para junho deste ano, no caso dos créditos pessoais.
O retomar das habituais despesas com crédito pode representar um embate significativo no orçamento familiar e, em alguns casos, ao maior risco de endividamento. Nesse sentido, e para o ajudar nessa missão, o Unibanco apresenta-lhe algumas dicas para gerir o seu orçamento e prevenir uma situação de sobreendividamento.
1. Comece por “fazer contas à vida”
Independentemente da situação laboral em que se encontra, o primeiro passo quando o tema são finanças pessoais é fazer contas aos rendimentos, sejam eles: rendimentos do agregado familiar, rendas, subsídios ou prémios, mas também às poupanças, ações e dividendos. Todos estes valores podem ser colocados num documento que seja de fácil acesso e atualizado frequentemente.
2. Faça a gestão das suas despesas com a tática do 10-30
Depois dos rendimentos, o passo seguinte é identificar as despesas e geri-las de forma responsável (poderá, por exemplo, listar as despesas do seu crédito pessoal através da respetiva app). O principal segredo para este ponto passa por controlar regularmente as dívidas e pagamentos fixos, e para isto há dois valores a ter como referência. Por um lado, coloque de parte, no início de cada mês, um mínimo de 10% dos seus rendimentos, de forma a conseguir ter sempre uma margem de poupança. Por outro lado, importa controlar também as dívidas, nomeadamente as despesas com cartões de crédito, prestações, entre outras, para garantir que estas não ultrapassem um máximo de 30% do seu rendimento.
Para este último ponto, poderá ser oportuno, por exemplo, rever os contratos de serviços que tem subscritos, como eletricidade, televisão, etc., por forma a adaptá-los às suas reais necessidades e reduzir assim as suas despesas fixas.
3. Elabore uma “lista de espera” para outros gastos
Já todos os compromissos ou desejos que não sejam essenciais (como remodelações na casa, um novo eletrodoméstico, etc.) devem entrar numa “lista de espera”. Essa lista só será satisfeita quando houver margem de manobra suficiente no orçamento, ou seja, após o pagamento das despesas e de colocar de parte o valor atribuído destinado à poupança.
Quando isso acontecer, defina, primeiramente, um montante como meta a alcançar, para facilitar o processo de poupança. Depois, basta adotar um conjunto de medidas para conseguir alcançar esse objetivo (como, por exemplo, rentabilizar a comida de sobra para novas refeições, ou fazer uma lista de compras antes de ir ao supermercado).
4. Antecipe-se a situações de maior dificuldade
Caso as contas comecem a acumular e se tornar difícil controlar o orçamento e pagar as despesas do dia a dia, a melhor estratégia é ter uma atitude preventiva. Por um lado, e se a dificuldade em poupar está no pagamento das prestações de diferentes créditos, considere aderir ao crédito consolidado, que lhe permite juntar todos os outros créditos num só, de forma a ter uma única mensalidade e mais reduzida.
Por outro lado, e se lhe for possível antecipar a dificuldade de pagamento dos compromissos financeiros, deve alertar a instituição financeira responsável. Para estas situações existe uma rede de apoio ao cliente, onde é possível obter informação, aconselhamento e acompanhamento para situações relacionadas com o risco de sobre-endividamento.