Scale-Up Europe defende maior diversidade e inclusão no ecossistema de start-ups tecnológicas

Como é que o ecossistema de start-ups da Europa se pode tornar mais diverso e inclusivo? A  iniciativa Scale-Up Europe propõe o debate para tornar o empreendedorismo e os empregos tecnológicos mais acessíveis a candidatos de várias origens, e a criação de um plano para apresentar aos chefes de estado europeus até ao final deste ano.

Apesar dos esforços nos últimos anos para melhorar a diversidade dos perfis empreendedores nas start-ups, continua a haver uma tendência de sobrerepresentação de jovens rapazes brancos de origens privilegiadas. É o que defende a iniciativa Scale-Up Europe que reúne mais de 150 fundadores de empresas de tecnologia, CEO, investigadores e membros do governo, com a missão de discutir como a Europa pode impulsionar as suas start-ups, elevando-as a um próximo nível.

A Europa aumentou os investimentos nas suas start-ups e incentivou o trabalho conjunto de empresas de menor dimensão com grandes corporações. Mas a região precisa de ampliar a sua “pool de alentos” na área tecnológica, afirma a Scale-Up Europe num artigo publicado no Sifted.

“Quando mais start-ups de tecnologia vierem a simbolizar o potencial para o futuro da Europa, mais o ecossistema de inovação deve tornar-se diverso e inclusivo”, revela.

A diversidade é o caminho
No ano passado, 85% do financiamento inicial foi para equipas fundadoras exclusivamente masculinas. Ao olhar para os negócios por composição de género das equipas fundadoras ao longo do tempo nos países europeus, a Atomico, empresa de venture capital com sede em Londres, concluiu que quase não houve nenhuma mudança nos últimos anos. O progresso na diversidade de género na tecnologia europeia estagnou em 2020, avançou.

Além disso, os seus dados mostram que as pessoas de origens menos privilegiadas eram menos propensas a se tornarem empreendedoras e 81% dos fundadores pesquisados ​​disseram que viviam confortavelmente antes de iniciar a sua start-up.

Os fundadores negros representaram apenas 1% dos 1,2 mil empreendedores que a Atomico analisou no ano passado e 2% dos entrevistados deste ano.

Se a Europa pretende transformar as suas cidades em centros de talentos globais capazes de concorrer com Silicon Valley, o Scale-Up Europe sugere que o continente “mobilize mais e diversificados candidatos para estimular a inovação”.

Há governos que já estão a contribuir para este cenário. A França, por exemplo, fez um esforço para atrair talentos estrangeiros para a tecnologia, facilitando o processo administrativo para os candidatos obterem uma autorização de trabalho e criando o plano “Visto de Tecnologia Francesa”. O governo francês também criou um esquema de formação digital em 2015, chamado Grande École du Numérique, e o French Tech Springboard (ou “Tremplin”) para potenciar talentos de diversas origens.

À medida que o Covid-19 acelera a transição para o trabalho remoto para milhões de funcionários em toda a Europa, os países europeus têm também a oportunidade de atrair talentos de Berlim a Madrid ou Varsóvia. Além disso, o aumento dos trabalhadores nómadas facilita o acesso a um grupo mais amplo de candidatos.

Neste sentido, o Scale-Up Europe afirma que, ao dar acesso a empregos na área da tecnologia a uma força de trabalho mais diversificada, as start-ups depararam-se com a oportunidade de integrar talentos que muitas vezes têm sido esquecidos. Por isso, propõe que os participante da iniciativa Scale- Up Europe elaborem um plano prático, com o objetivo de ampliar “a pool de talentos” que as start-ups e o ecossistema de tecnologia podem aproveitar, para que possa ser apresentado aos chefes de estado europeus até ao final deste ano.

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