Opinião
Risco? Não queremos: um dos lemas da União Europeia!!!

As regras que, regularmente, Bruxelas e a Comissão Europeia emitem, inventam e propalam são um dos factores mais perniciosos à competitividade da economia europeia e à promoção da capacidade criativa das nossas economias.
Não é por acaso que Mario Draghi, em declarações subsequentes à publicação do tão falado Relatório Draghi (falado que não aplicado nas suas conclusões) afirmava que as tarifas internas na UE, resultantes das regras e regulamentos impostos às empresas e cidadãos eram bem mais perniciosas que as tarifas de Trump. Referia ele que as barreiras internas na União Europeia estão estimadas num equivalente de tarifas de 45% nos bens da indústria transformadora e em 110% na área dos serviços [1]
É por isso que, por mais dinheiro que se despeje nas economias e nos países o resultado final é sempre materializado em míseras décimas percentuais de crescimento económico.
A União Europeia investe em II&D em % do PIB tanto como os EUA ou o Japão mas não consegue apresentar produtos ou serviços inovadores que conquistem quota de mercado aos seus concorrentes.
Na génese desta situação de facto está, a meu ver, uma dominante aversão ao risco por parte das burocracias que, em Bruxelas, e na maioria dos países da UE (excluindo os países do centro e de Lesta da antiga URSS). A vertigem de ter tudo regulado e predeterminado não fica a dever nada às tentações de planificação dos regimes socialistas e soviéticos que resultaram num fracasso económico de proporções bíblicas.
Um exemplo gritante desta postura é o chamado princípio DNSH (do no significant harm). O site do IAPMEI descreve esta princípio da seguinte forma:
“O princípio de ‘não prejudicar significativamente’ o ambiente, vulgarmente conhecido por DNSH (a sigla inglesa para ‘Do No Significant Harm’), é um dos critérios que deve ser acautelado para que uma atividade económica seja considerada ambientalmente sustentável, à luz da Taxonomia Verde europeia, e simultaneamente uma condição para o acesso a fundos europeus.”
Eu diria que, se aquando da Revolução Industrial a Europa tivesse adoptada tamanha normativa ainda andaríamos todos em cima de um burro ou de um cavalo como meio de transporte inda que tal também ferisse em absoluta a “doutrina”. Em suma, e sem grande exagero, não passariamos da idade das cavernas…..
Infelizmente é por isto que, em minha opinião, a União Europeia pode queimar euros à tripa forra, ponto em causa o equilíbrio futuro das contas dos países europeus, sem que isso faça minimamente mexer o ponteiro do crescimento da nossa competitividade. Continuaremos reféns de políticas anti- risco enquanto os outros blocos incentivam, em todas as dimensões, a criatividade e a competitividade.
Assim, ficaremos cada vez mais para trás como o atesta já o gaap entre o PIB USA e o PIB UE [2].
[1] “Europe is already sabotaging its own economy far more than U.S. tariffs could, former ECB president says”, by Jason Ma, Fortune on line 16 Fevereiro de 2025
[2] “According to the World Bank, in the period 2008-2023, EU GDP grew by 13.5% (from $16.37 trillion to $18.59 trillion) while U.S. GDP rose by 87% (from $14.77 to $27.72 trillion). The UK’s GDP increased by 15.4%. In 2023, EU GDP was 67% of U.S. GDP — down from 110% in 2008.” – in Econofact Gabriel deLuca Vinocur, April 4 2025