Entrevista/ “Quem se reinventa e adapta consegue avançar e crescer”

Inês Boléo Tomé, Partner da Expense Reduction Analysts

“As oportunidades aparecem e é preciso olhar para elas com discernimento e não ter medo de arriscar no que não se domina”, assegura Inês Boléo Tomé, partner da Expense Reduction Analysts.

A nova partner da Expense Reduction Analysts reconhece que atualmente o principal desafio para o setor empresarial nacional é a falta de mão-de-obra qualificada e a retenção de talento, tal como a transformação digital e o aparecimento da inteligência artificial, que irá transformar negócios e setores inteiros.

Inês Boléo Tomé, que durante 20 anos esteve ligada ao setor da educação, área que trocou para entrar no universo empresarial, quer ajudar as empresas na otimização de custos e na gestão de compras, sempre na ótica de poder acrescentar valor aos negócios.

Enquanto recém partner da Expense Reduction Analysts que expetativas tem relativamente à performance futura da empresa e ao que pode aportar ao projeto?
Neste momento, a Expense Reduction Analysts está consolidada no mercado e tira partido de uma visibilidade que facilita o reconhecimento do valor do nosso trabalho. Por acreditar que o fazemos é crucial para as empresas, especialmente neste contexto macroeconómico, penso que a minha entrada nesta fase poderá contribuir para o crescimento da consultora em Portugal. Tenho um gosto especial em entregar valor efetivo, deixar os clientes satisfeitos e a minha marca nas empresas. A mais-valia que revejo em mim é essa: estabelecer uma relação comprometida com o cliente, gerar-lhe valor e, com isso, crescermos juntos.

O que faz exatamente uma consultora especializada em otimização de custos e mitigação de riscos no contexto empresarial?
Uma empresa como a nossa analisa os custos das organizações e encontra as melhores soluções para cada cliente. Assim, posso dizer que somos especialistas de todas as áreas de suporte à operação das empresas.

Quanto ao nosso modo de atuação, em primeiro lugar, revemos em profundidade a situação atual em cada uma das rubricas de custo em que há potencial de poupança. Depois, apresentamos um relatório de opções, com base no nosso conhecimento e na longa experiência que temos nos mercados de fornecedores, que nos permite obter os valores mais competitivos e antecipar algumas instabilidades de mercado, para mostrarmos onde podem ser conseguidas poupanças.

Assim que a organização tiver feito a sua escolha, implementamos o processo de poupanças na empresa e, ao longo dos 24 meses seguintes, fazemos o seguimento das poupanças reais obtidas nos relatórios de desempenho – que são a base da nossa renumeração. Ao longo do processo, colaboramos com as empresas numa base integralmente transparente, permitindo-lhes manter o controlo de todos os aspetos principais do compromisso.

E qual o papel que a consultora quer desempenhar no setor empresarial nacional?
Queremos ser parceiros das empresas nas áreas de redução de custos e gestão de fornecedores. Regra geral, nas suas equipas internas, as empresas não têm especialistas em todas as categorias de despesa – e a meu ver, não têm de ter. Como temos uma equipa altamente especializada em mais de 40 rubricas de custo, somos uma extensão das equipas internas e é com elas que trabalhamos sempre. E, se no decurso dos projetos as empresas ganham com o nosso conhecimento, nós também aprendemos muito com a maneira como cada negócio funciona e está organizado.

“As estruturas das empresas estão progressivamente mais reduzidas e assoberbadas com tarefas do quotidiano”.

O mercado português já está preparado para este tipo de serviço?
Penso que o mercado nacional está cada vez mais recetivo. As estruturas das empresas estão progressivamente mais reduzidas e assoberbadas com tarefas do quotidiano. E, apesar de muitas vezes não terem como prioridade realizar este tipo de trabalho, nota-se uma consciência cada vez maior da urgência de reduzir custos excessivos que podem ser reinvestidos noutros projetos de maior utilidade. Este trabalho tem um impacto direto nos resultados da empresa e tem como vantagem acrescida o facto de não dispensar pessoas.

Quantos clientes integram atualmente o vosso portefólio e quais os setores dominantes?
Em Portugal, contamos neste momento com mais de 800 projetos, em cerca de 140 clientes de todos os setores. Temos trabalhado, maioritariamente, com empresas de grande dimensão, nas quais os impactos rapidamente se tornam mais visíveis.

Globalmente, quais as principais falhas que as empresas ainda apresentam no que respeita ao serem verdadeiramente eficazes na otimização dos custos e da gestão?
A nível nacional, encontramos empresas que já têm uma preocupação grande em reduzir os seus custos e que o fazem bem. No entanto, as suas equipas estão embrenhadas nas operações do dia a dia e não têm internamente pessoas com disponibilidade e expertise para executar esses projetos de forma abrangente e sistemática. São esses os maiores entraves para os negócios, e o que os motiva a procurar equipas como a nossa.

“O principal desafio para o setor empresarial nacional é a falta de mão-de-obra qualificada e a retenção de talento”.

No médio prazo, quais são, na sua opinião, os principais desafios/tendências que o setor empresarial português enfrenta?
O principal desafio para o setor empresarial nacional é a falta de mão-de-obra qualificada e a retenção de talento. Neste tópico, é muito importante pensar no país que queremos ter e de que forma os governos podem ajudar as empresas a conseguirem garantir salários mais competitivos, sem ficarem esmagadas pela carga fiscal. O segundo desafio é, e será, a transformação digital e o aparecimento da inteligência artificial, que irá transformar negócios e setores inteiros.
Por último, a sustentabilidade e todas as normas que precisam de ser respeitadas para continuar a operação. Como em tudo na vida, podemos ver um obstáculo ou uma oportunidade. Quem se reinventa e adapta consegue avançar e crescer, e quem não se preparou para estas transformações pode sofrer algumas dores.

Como é que alguém com um percurso académico, e profissional, ligado à educação de infância vai parar ao universo da gestão?
Não considero a Educação como um curso que limita ou define a vida profissional. Trabalhei durante 20 anos na área, tendo começado num projeto novo em Portugal para formação de educadores de infância e professores primários, e passado por dois colégios de grande dimensão em Lisboa. Pelo caminho, fui-me envolvendo de forma crescente em questões empresariais e de gestão, o que me levou a fazer a transição para o mundo corporativo. Mas sou muito mais do que aquilo que fiz: sou uma pessoa que se interessa por muitos assuntos e que gosta de os aprofundar, que adora desafios e raramente diz que “Não” sem ter uma razão clara.

Do meu ponto de vista, as oportunidades aparecem e é preciso olhar para elas com discernimento e não ter medo de arriscar no que não se domina. O crescimento para mim é isso: aceitar desafios que às vezes não são óbvios, mas com um conhecimento das capacidades que se têm, acreditar que se vai ser capaz.

O que a atraiu para o mundo empresarial? O que a fascina nesta área de atividade?
O que me atraiu no mundo empresarial foi a possibilidade de me relacionar com pessoas muito diferentes e numa perspetiva complementar à que tinha, bem como o facto de poder acrescentar valor aos negócios. Considero-me uma pessoa bastante criativa, que gosta de estabelecer pontes e juntar pessoas, e isso é ótimo nesta área. Na Expense Reduction Analysts, fascinou-me particularmente o facto de exigir uma grande relação entre os vários partners: todos trabalhamos para todos, com um objetivo comum.

“(…) um percurso profissional se faz numa relação de confiança absoluta entre as pessoas”.

O que é que o seu background profissional lhe traz de mais-valia para as atuais funções?
Em primeiro lugar, a vida de um colégio é um teste à resiliência e à capacidade de resolução de problemas inesperados de forma rápida e eficaz, algo útil em qualquer contexto e empresa. Depois, ter criado e liderado durante 15 anos um projeto de ensino revolucionário em Portugal – no qual tive a oportunidade de fazer tudo e ser responsável por uma equipa de mais de 30 pessoas – deu-me a capacidade de fazer acontecer e assumir grandes responsabilidades, o que é uma enorme mais-valia para o meu trabalho atual, uma vez que ser partner da Expense Reduction Analysts é sinónimo de entregar o melhor serviço aos clientes, num espaço temporal determinado.

Além disso, acredito que um percurso profissional se faz numa relação de confiança absoluta entre as pessoas. E eu posso afirmar com muito orgulho que construí relações profissionais muito sólidas nos vários sítios por onde passei, o que aumenta ainda mais a minha responsabilidade e exigência pessoal no que proponho aos clientes.

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