Entrevista/ “Estimamos investir 3 milhões de euros em Faro”

No final de março, a start-up brasileira Motion Sphere anunciou a entrada em Portugal com um investimento de três milhões de euros no concelho de Faro. O Link to Leaders entrevistou o CEO e cofundador da empresa que nos revelou quais os planos para o mercado português e a estratégia de expansão para a Europa.
A empresa que está disposta a investir três milhões no concelho de Faro foi criada a partir de um projeto de graduação de Jefferson Masutti, engenheiro elétrico e de computação, o inventor e a mente de engenharia por trás do projeto Motion Sphere. Depois de cinco anos na universidade desenvolvendo o protótipo do sistema, levou apenas seis meses para transformar o protótipo num produto, o produto num negócio, criar o business plan e captar o seu primeiro milhão junto de investidores anjos o que lhe permitiu iniciar as operações.
Hoje Jefferson Masutti é o CTO, responsável pelo desenvolvimento das novas tecnologias, inovação e produção, e tem como sócio Beto Facci, executivo com vasta experiência no mercado de tecnologia e business, tendo trabalhado em grandes empresas no Brasil e nos EUA. Ao conhecer Jefferson e o projeto da plataforma de simulação, identificou o potencial do produto e visualizou o tamanho da oportunidade: em menos de três anos, transformou aquele protótipo num player global no mercado de simulação. Beto Facci é hoje o CEO da empresa, responsável pela condução do negócio como um todo e pela sua expansão global, incluindo a entrada no mercado português.
Como é que uma empresa de Curitiba, Brasil, descobre Faro para produzir os seus equipamentos?
A Motion Sphere iniciou as operações há três anos, em Curitiba, Brasil,já com uma visão de criar uma empresa global. Depois do primeiro ano de muito sucesso no Brasil, iniciamos as operações nos EUA através de um convite da Disney para participarmos num evento dentro do complexo Disney. Este evento abriu um novo mercado que nos levou a uma nova trajetória de sucesso nos Estados Unidos. No último ano, o foco era a expansão para a Europa. O nosso Chief of Business Development, Haroldo Sato, mudou-se para Faro (por motivos pessoais) e iniciamos as conversas com a comunidade local.
Neste momento, entendemos que a semente da Motion Sphere caiu numa terra fértil, onde temos o apoio do Governo, da Universidade e do setor privado para o desenvolvimento da tecnologia e da unidade fabril da Motion Sphere.
O que envolvem os protocolos que estabeleceu com a Câmara Municipal de Faro e com a Universidade do Algarve?
Com a Universidade, a ideia é desenvolver a área de pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos, plataformas e experiências que serão objeto de novas patentes. Isso permite uma cooperação tecnológica, levando os alunos da universidade a entrar em contato com tecnologias de ponta dentro de um projeto global.
Em relação à Câmara de Faro, o projeto envolve a cooperação para a construção da unidade fabril da Motion Sphere, o que deve gerar mais empregos qualificados para a região, além de mais impostos.
Outra intenção é ter na região uma unidade do projeto MAN – Motion Arena Network, um projeto inovador e ambicioso de construção de Arenas de Simulação voltadas para E-Sports, competições de games como corridas virtuais, batalhas aéreas, disputas de games on-line, o que tem o poder de atrair para a região eventos internacionais de games, aquecendo a economia, principalmente no off-season.
Qual o investimento planeado para a instalação da unidade industrial em Faro?
Estimamos um investimento na ordem de três milhões de euros nos primeiros 12 meses.
Quais as expetativas quanto ao volume de produção de equipamentos?
Esta unidade tem como objetivo produzir 20 unidades no primeiro ano.
Quais são os timings do projeto? Quando está previsto começar a produzir?
O projeto está a caminhar rapidamente e está no processo de fundraising. A ideia é iniciar o projeto ainda em 2018.
Qual o modelo de negócio da Motion Sphere?
A Motion Sphere é uma empresa global especializada no desenvolvimento de experiências de simulação. O modelo de negócio é de locação das experiências para eventos, feiras, ações de marketing, ativações de marcas. Além deste modelo, estamos em negociações que envolvem diferentes modelos de negócio para o desenvolvimento de aplicações profissionais para simulação de voo, pilotagem, aplicações comerciais, parques temáticos e centros de entretenimento.
O que o atraiu para Portugal?
Além da questão da língua e da cultura, Portugal está aberto para negócios! É incrível ver o Governo, a Universidade e o setor privado a trabalhar em conjunto e com tanta energia para o desenvolvimento de um país! Isso é raro mundialmente e com certeza foi o que nos motivou a avançar com o projeto aqui.
Quais são os seus projetos para Portugal a longo prazo? Que ambições têm para a empresa?
A unidade em Portugal é a base para a expansão na Europa. Todos esses mercados podem e devem ser atendidos a partir de Portugal, o que nos faz planear uma ampliação do negócio a longo prazo. Além da tecnologia atual, nosso road map de novos produtos tem quatro novas plataformas e diversas experiências que são objetos de novas patentes. Esse road map permite-nos manter na liderança em inovação no mercado de simulação por mais três a cinco anos. Nós pensamos grande! O projeto é construir um business líder no segmento de simulação global!
Então Portugal é a porta de entrada da Motion Sphere na Europa? Que outros mercados tem em perspetiva?
Já temos negociações em andamento na Holanda, Inglaterra, França, Espanha e Itália.Temos uma parceria com o Grupo Multi, o maior gestor de centros comerciais da Europa, com mais de 130 unidades por todo o continente. Além do Brasil e dos EUA, mercados já consolidados, também já temos conversas avançadas com empresas na Ásia (Japão, China e Índia) e Oriente Médio (Arábia Saudita, Emirados Árabes), fazendo com que a Motion Sphere seja realmente uma empresa global!
Que opinião tem do mercado português de start-ups?
Estamos a iniciar a aproximação ao ecosistema de start-ups em Portugal. Já fui keynote speaker do Startup Pirates no Brasil, projeto também existente em Portugal. Tenho a certeza de que podemos cooperar para o desenvolvimento do mercado de start-ups português, que tem um potencial gigantesco por estar no meio de um mercado enorme que é a Europa!
Respostas rápidas:
O maior risco: Timing e Inovação! A velocidade da expansão do negócio e a capacidade de continuar inovando é crucial para manter a empresa na liderança do segmento.
O maior erro: Não ter iniciado o negócio antes!
A melhor ideia: Desenvolver um modelo de negócio baseado em aluguer dos equipamentos! Não somos uma fábrica de simuladores. Somos um fornecedor de experiências de simulação!
A maior lição: Go Global! Desenvolva o seu negócio pensando no mundo como o seu mercado! Não limite as suas possibilidades localmente. Pense globalmente!
A maior conquista: Conectar a nossa marca e produtos com grandes empresas, gigantes nos seus segmentos e países!