Quem são os melhores e piores líderes do momento, segundo jornal italiano

Para o jornal italiano Corriere della Sera, o presidente brasileiro está isolado do mundo com o seu perfil “negacionista” sobre a Covid-19. Já a presidente neo-zelandesa Jacinda Ardern tem se destacado pela sua liderança no combate à pandemia.

A Itália é o país mais afetado pelo coronavírus no continente europeu, com mais de 20 mil mortes até o momento. Um dos jornais italianos de referência, o Corrierre Della Serra ,fez uma análise da postura de dez líderes mundiais no combate à pandemia e deu a pontuação 2, a mais baixa, ao presidente Jair Bolsonaro, apontado-o como “o negacionista”.

“Inspirado inicialmente no seu ídolo Donald Trump e atualmente quase isolado do resto do mundo devido ao  seu negacionismo, Jair Bolsonaro depara-se com uma oposição interna com poucos precedentes na história do Brasil”, escreve o correspondente Rico Cotroneo. A publicação ressalta que os apelos de Bolsonaro para que as pessoas voltem ao trabalho estão a ser ignorados pela população, que tem seguido as ordens estritas de governadores e do próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que “está sempre à beira de perder o cargo”.

“Por enquanto, Mandetta ainda está lá, também porque as pesquisas dão-lhe o dobro de aprovação do presidente, em relação à gestão da crise. Enquanto isso, Bolsonaro sai às ruas e aperta mãos, incitando as pessoas a retomarem as suas atividades e, a cada dois ou três dias, lança um apelo contraditório na TV.”, escreve o  Corriere Della Serra, referindo ainda que Bolsonaro vê a cloroquina como “uma cura infalível para a Covid-19” e que nega a opinião de especialistas que alertam que maio e junho serão meses terríveis no Brasil.

A maior pontuação (9) foi para a primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern. “Assim como na ocasião do massacre da igreja de Christchurch (que matou 51 pessoas em março de 2019), Jacinda Ardern demonstrou força, determinação, empatia e independência, que a colocaram entre entre os líderes mundiais mais bem-sucedidos e populares.” O jornal italiano destaca que a Nova Zelândia passou da fase de contenção ao da supressão em dez dias, com medidas eficientes, como isolar durante duas semanas quem chegava do exterior ou quem testava positivo e desaconselhar deslocamentos regionais.

A alemã Angela Merkel é caracterizada pelo Corriere Della Serra como “confiável” e recebeu a pontuação 8. “Pode amá-la ou detestá-la, mas uma coisa é certa: Angela Merkel dá o melhor de si em crises. A chanceler tomou o país pela mão, conduzindo-o com calma e determinação pela pandemia”, escreveu um dos correspondentes do Corriere, citando que 80% da população alemã aprova as ações rigorosas de isolamento social adotadas pelo governo.

Já o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que recentemente recuperou de um quadro grave de coronavírus, recebeu a pontuação 7. “O boletim de Boris Johnson deve ser examinado com mais cuidado porque sem dúvida apresenta altos e baixos. No início, Boris gabava-se, como de costume, de continuar a apertar as mãos em todos os lugares. (…) No entanto, perante as evidências da infeção, esteva pronto para voltar atrás e impor o isolamento. E os britânicos seguiram-no: tanto que 70% aprovam a forma como geriu a crise”.

O presidente americano Donald Trump recebeu a pontuação 5 pelo seu perfil “confuso”. “Gere a crise entre contradições e dúvidas. O problema básico é que continua contrastando necessidades económicas e de saúde”, diz o jornal, acrescentando que as  mensagens de Trump tendem a dividir opiniões, sobretudo quando repete o discurso de que “a cura pode ser pior que a doença”

O presidente chinês Xi Jinping é referido com ironia pelo jornal, que lhe dá “nota 10, segundo Pequim, e 5, pelo  resto do mundo”. A publicação ressalta que o governo da China, onde a pandemia teve início ainda no fim de 2019, não interveio prontamente e que, apesar da propaganda local tratá-lo como um grande líder no combate à Covid-19, “pesará para sempre contra o presidente a suspeita de que o sistema chinês tenha provocado o desastre”.

O chanceler austríaco Sebastian Kurz (nota 6) foi mencionado pelo jornal italiano como “apressado”, o francês Emanuel Macron (7), como “convincente”, o líder irlandês Leo Varadkar (7) como estando “na linha de frente”, e a dinamarquesa Mette Frederiksen (8), como “corajosa”. Já o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe, o “contemporizador”, ficou sem nota, pois “primeiro tentou salvar as Olimpíadas de Tóquio e depois escolheu a saída de emergência de transferir as decisões aos governos regionais”, lê-se no Corrierre Della Serra.

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