Opinião

Propósito num Jogo que é infinito

Sérgio Viana, Partner & Digital Xperience Lead na Xpand IT

Janeiro é o mês em que mais pessoas se propõem a definir objetivos para o novo ano que começa. Imbuídos de um espírito de compromisso que tomou balanço na altura das festas, sentimos que se inicia um novo período, no qual seremos capazes de tudo – de cumprir algumas coisas que até já nos tínhamos proposto fazer no ano que passou e de conseguir atingir alguns novos objetivos aos quais estes 12 meses que passaram atribuíram algum tipo significado.

Acho que todos já passámos por aí – eu, confesso, ainda estou no meio de todo esse processo. Este ano houve, no entanto, algumas diferenças na abordagem que julgo fazerem sentido partilhar.

O título do artigo faz referência a uma visão promovida atualmente por Simon Sinek, no seu livro “The Infinite Game”. Por definição, este “Jogo Infinito” é algo que não acaba – e o Jogo, neste contexto, pode ser tanto a nossa vida como o ano fiscal da empresa em que trabalhamos. Li o livro este ano, o que contribui para um ganhar de consciência interessante. Não há, na verdade, um início nem um final de ano – há, isso sim, uma continuidade que se constrói em cima do ano que acabou para servir de plataforma de lançamento para tudo o que virá a seguir. Parece simples, não? Concordo. Talvez até trivial. Mas confesso que não tinha esta visão tão vincada, que conheço vários casos no mesmo comprimento de onda.

Considerarmos que o Jogo que jogamos é contínuo tem várias vantagens, sendo que a primeira de todas é que tira muitas vezes o sentido de urgência associado a determinados timings. Não me interpretem mal, existem períodos que continuam a manter o significado por diferentes razões (vejam a componente variável anual de uma equipa de vendas, por exemplo), mas o facto é que isso é apenas um período inserido numa vivência, contínua por natureza. No meu caso, este ganhar de consciência contribuiu para alguma paz de espírito associada ao facto de saber que, havendo coisas que queria fazer, o plano pode ser sempre ajustado. O Jogo não acaba. Mas restavam-me algumas questões: sendo o Jogo infinito, qual a melhor forma de o jogar de maneira a garantir alguma cadência que me conduza à execução dos meus resultados? E qual a melhor forma de os definir?

Começando pelo segundo ponto, uma abordagem interessante que me foi apresentada, e que acabei por seguir, foi a identificação dos Objetivos associados aos meus vários Papéis. Quem sou eu? Pai, Marido, o Sérgio, Gestor de Unidade, Membro da IAMCP Portugal, etc. E para cada um dos meus Papéis, o que quero eu atingir? Esta visão deu-me Propósito e uma certeza de que estou a endereçar as várias áreas da minha vida que valorizo. Mas qual deverá ser a forma correta de garantir a monitorização e acompanhamento destes objetivos?

Para responder à questão da cadência e monitorização, quero este ano experimentar utilizar a nível pessoal / familiar uma metodologia de OKR – Objectives & Key Results. Andy Grove, o chamado “Pai dos OKR’s”, foi quem apresentou esta abordagem pela primeira vez, em 1983, no seu livro “High Output Management”. Já utilizo no contexto empresarial e, este ano, parece-me uma boa ideia fazê-lo também no contexto pessoal. De uma forma simples, até porque só o tema dos OKR dava para vários artigos, a metodologia desafia-nos a definir os nossos Objetivos (Inspiracionais, Motivadores) e os Key Results que achamos importantes para os atingir (Mensuráveis, Diretos). Estes OKR deverão ser definidos associados a um período, por exemplo durante um trimestre, e acompanhados de forma a garantir a sua correta execução.

Lidar com objetivos e garantir que os cumprimos é, provavelmente, um dos nossos maiores desafios enquanto Ser Humano, por tudo o que acarreta. Acredito, no entanto, que se procurarmos ser todos os dias um pouco melhor do que fomos no dia anterior, conseguiremos chegar longe. Se esta é a metodologia que me vai permitir cumprir, sem falta, todos os objetivos? Não sei. Se falharei pelo caminho? Certamente. Mas sei que chegarei ao final deste 2021 com uma melhor noção de como definir os objetivos para o período seguinte. Afinal, o Jogo não acaba.


Sérgio Viana é Partner & Digital Experience Lead na Xpand IT, onde é responsável pela definição da estratégia e oferta da unidade, focada na criação de experiências digitais com uma base tecnológica. É também Board Member da IAMCP Portugal, o capítulo português da associação de Parceiros Microsoft, e docente no MBA de SI na Universidade Lusófona. É um adepto fervoroso do desenvolvimento pessoal e da melhoria contínua e um ávido consumidor de conteúdos relacionados com gestão de equipas e cultura organizacional. Além de tudo isto, é marido e pai de quatro filhas que tornam os dias muito mais cheios e gratificantes

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Sérgio Viana é Partner & Digital Experience Lead na Xpand IT, onde é responsável pela definição da estratégia e oferta da unidade, focada na criação de experiências digitais com uma base tecnológica. É também Board Member da IAMCP Portugal, o capítulo português da associação de Parceiros Microsoft, e docente no MBA de SI na Universidade Lusófona. É um adepto fervoroso do desenvolvimento pessoal e da melhoria contínua e um ávido consumidor de conteúdos relacionados com gestão de equipas e cultura... Ler Mais..

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