Opinião
O poder do exemplo – O riso

Há muitos anos uma das minhas filhas, quando chegou a casa, pediu ajuda para um trabalho que tinha de apresentar a um professor do Liceu Francês onde estudava.
Ela tinha 10 anos e o pedido era “Un Essai Sur le Rire” …
Fiquei sem saber bem o que fazer, o riso era assunto sobre o qual nunca tinha sequer pensado!
O professor tinha dado um texto de base, onde se falava dos bons efeitos do riso sobre as pessoas e sobre os grupos em que se movem.
Um bom ponto de partida, mas que não me chegava para a ajudar…
Estávamos nos primórdios das buscas online (parece mentira que há menos de 20 anos estivéssemos nos primórdios, mas estávamos…) e, às escondidas da minha filha – porque as Mães tem de saber tudo, certo…? –, fui tentar perceber do que se tratava.
Descobri um mundo de banalidades… mas também um conceito importantíssimo.
O bom efeito contagiante do riso e o seu impacto sobre as pessoas, os grupos e as organizações.
Pessoas felizes são mais produtivas.
Pessoas bem dispostas dispõem bem os outros.
Pessoas que riem desanuviam ambientes e trazem alegria.
E as organizações com maior alegria e felicidade – são mais eficazes!!!!
E tudo isto com alguma comprovação científica decorrente de estudos e ensaios feitos em diversos tipos de organizações.
Tornei-me um apóstolo da relevância da boa disposição e da brincadeira (não confundida com faltas de respeito, desorganização ou baldas…), como forma de garantir bom ambiente.
Com o tempo e com a banalização das avaliações do clima organizacional, a relevância deste assunto foi-se desvanecendo e ficando lá no fundo da memória, e o meu apostolado morrendo.
Mas no fim de semana passado obrigaram-me a relembrar, da melhor forma possível.
Esta minha filha casou… e foi mágico!
Ao receber as muitas mensagens de parabéns, onde todos expressavam o bem que se sentiram e onde todos falavam, invariavelmente, na alegria dos noivos, tentei perceber o que teria este casamento tido de tão extraordinário.
Entre os envolvidos no processo, uns somos profissionais de gestão … e de outras ciências exactas.
E como tal, foram estabelecidos objetivos, definidas estratégias, analisados planos de ação.
Todos os intervenientes foram mobilizados e motivados, todos os detalhes foram pensados, e toda a implementação foi estudada, para que nada falhasse.
Um exercício perfeito de planeamento e execução de uma tarefa, em qualquer organização.
E o resultado apareceu.
Sim, a missa foi sentida e linda.
Pois, o espaço estava extraordinário e muito bonito.
Correcto, os timings estavam todos bem alinhados.
Claro, a comida estava ótima e quente!
Como não podia deixar de ser, o DJ esteve à altura e puxou todos para a pista.
E os convidados estavam todos impecáveis e bem dispostos.
Mas o que fez a diferença… foram os noivos!
A alegria e o sorriso que esteve presente – sempre, ao longo das (muitas…) horas que durou o casamento – foram o elemento diferenciador, a vantagem competitiva, o extra mile … que tornou aquele dia num dia tão especial!
Todos fomos contagiados por uma alegria pura e borbulhante, que estava escrita na cara deles e brotava em todos os gestos… de tal modo que todos sorrimos o tempo todo!
E foi por isso que foi mágico!
Agradeci já, mentalmente e muitas vezes, ao professor da minha filha por me ter empurrado para esta descoberta.
Tal como agradeci a todos os que, ao longo da minha vida, fui encontrando que compreendem e praticam a importância da boa disposição.
E como agradeço agora a estes noivos!
Com isto tudo, apenas quero relembrar…
Será que temos mesmo o direito de inundar quem está à nossa volta com o que nos faz sentir menos alegres?
Em que pensamos quando nos damos ao luxo de andar dias seguidos com cara fechada….????
Rir, sorrir, estar feliz, sentir-se bem é contagiante.
Tira as rugas.
Faz bem.
E ainda por cima melhora a performance das organizações!