Painhas recusa compra de unicórnio francês Solutions 30

A Solutions 30, multinacional francesa, queria adquirir a Painhas, mas a proposta foi recusada para manter o espírito de empresa familiar, como conta ao Link to Leaders a líder executiva da empresa nacional.

Foi à boleia da compra de uma licença de instalação em território francês conseguida pela portuguesa Painhas que a Solutions 30 entrou no mercado nacional. A multinacional gaulesa, avaliada em mais de mil milhões de euros, instalou-se em Viana do Castelo, onde já conta com mais de uma centena de trabalhadores.

Segundo noticiou o Jornal de Negócios, a autoproclamada líder europeia na prestação de serviços para novas tecnologias inaugurou um centro operacional em Viseu e tem planos para abrir mais dois em Portugal. A empresa espera também ter mais de 200 colaboradores até ao final do ano.

Negócio recusado para manter espírito familiar
A Painhas, organização nacional que trabalha nas áreas de construção, manutenção e gestão de operações no mercado do setor energético, que comemorou ontem o seu 39.º aniversário, foi uma das empresas que a multinacional tentou comprar. Em conversa com o Link to Leaders, Helena Painhas, líder executiva da empresa, explicou que “a Solutions 30 queria comprar a Painhas. Não quisemos vender porque temos um espírito de família e somos uma empresa que olha para os colaboradores como pessoas e não como números. Acho que conseguimos manter aqui um ambiente de trabalho familiar”, mesmo já contando com mais de 2 mil colaboradores.

E apesar de terem vendido os contratos ganhos em concurso público à Solutions 30, em França, a executiva esclarece que mantêm as suas operações no território francês. Atualmente, para além de Portugal e França, a empresa tem operações em Angola, Moçambique e Espanha.

Dificuldade na contratação de mão de obra qualificada
Helena Painhas explicou ainda que, atualmente, existe dificuldade em recrutar para a sua área de negócio: “acho que hoje em dia o entrave ao nosso crescimento está ligado à nossa dificuldade em recrutar. Com o turismo e outras áreas de negócio, se calhar, mais atrativas, os trabalhos da empresa – apesar de serem bem remunerados – exigem alguma exposição às condições climatéricas e notamos uma dificuldade enorme em contratar, atrair e reter mão de obra”.

Na perspetiva da líder executiva da empresa para colmatar este problema, seria importante apostar mais nas áreas técnico profissionais em oposição à formação universitária. “Trabalhamos com pessoas com formação técnica e não com formação superior ou universitária e há mais oferta de engenheiros do que trabalhadores. Acho que existe também uma ideia que, ainda não se conseguiu passar para as nossas camadas mais jovens de que, se calhar, até há mais possibilidades de emprego em Portugal em áreas mais técnicas porque o mercado não consegue absorver tantos licenciados e precisávamos mais de formações técnicos profissionais”, sublinhou em declarações ao Link to Leaders.

Saliente-se, ainda, que a Painhas tem parcerias de décadas com a EDP e com a REN. Para além disso, continua a ter um papel preponderante no projeto hidroelétrico do Tâmega e a ganhar terreno nas áreas da produção de energia solar fotovoltaica, contando também com outros projetos na área de energia e telecomunicações.

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