Entrevista/ “Os líderes que compreendem a tecnologia e a inovação serão muito procurados”

Celeste Whatley lidera há sete anos a multinacional de executive search Transearch International. Esteve pela primeira vez em Portugal a falar sobre liderança e das estratégias que os líderes devem seguir para criarem um impacto positivo e duradouro nas organizações.

Celeste Whatley é atualmente CEO da Transearch International, uma empresa de pesquisa global, com cerca de 60 escritórios em mais de 40 países, e para a qual trabalha há 22 anos. Desde que, em 2017, assumiu a liderança da multinacional de executive search, Whatley é responsável por todas as iniciativas comerciais e estratégicas dentro da organização, ajudando a impulsionar o crescimento e o desenvolvimento do negócio.

Em entrevista ao Link to Leaders e à margem da 12ª Grande Conferência Liderança Feminina, falou da sua experiência profissional, de como tem aproveitado as oportunidades que lhe surgem no caminho e do papel da tecnologia no setor de executive search. E afirmou que “sou apaixonada por orientar e apoiar a próxima geração de líderes” e que “quero continuar a defender a igualdade de género na liderança e a  ajudar mais mulheres a encontrar o seu lugar e a sua voz em cargos executivos.

Na Grande Conferência Liderança Feminina, promovida pela Executiva, afirmou que “a liderança não é apenas uma questão de liderar no presente, é uma questão de preparar a sua organização para o futuro”. Como é que uma pessoa se torna um bom líder hoje em dia? Que competências são necessárias?

Para ser um líder de sucesso hoje em dia, temos de desenvolver aquilo a que chamo uma abordagem de “liderança equilibrada”, ou seja, uma abordagem que combine previsão estratégica, adaptabilidade, inteligência emocional e resiliência. Os líderes devem ser visionários, mas fundamentados, devem ser capazes de estabelecer objetivos a longo prazo, mantendo-se ágeis. Atualmente, as competências essenciais incluem o pensamento estratégico para antecipar e responder aos desafios futuros, a empatia para criar equipas fortes e a resiliência para enfrentar as incertezas. A inteligência emocional e a adaptabilidade são fundamentais porque permitem aos líderes estabelecer ligações com equipas diversificadas e orientar as organizações através de mudanças constantes.

“Estamos a concentrar-nos em aprofundar a nossa presença em mercados chave como os EUA e o Reino Unido e a explorar novas oportunidades em regiões como Singapura”. 

Quais são os seus planos para o futuro da Transearch International?

A minha visão é continuar a reforçar a nossa posição de líderes em executive search e consultoria de liderança, ao mesmo tempo que expandimos a nossa presença global. Estamos a concentrar-nos em aprofundar a nossa presença em mercados chave como os EUA e o Reino Unido e a explorar novas oportunidades em regiões como Singapura. Além disso, estamos a abraçar a transformação digital e a utilizar ferramentas e análises avançadas para melhorar o nosso processo de pesquisa, garantindo que trazemos de forma consistente valor aos nossos clientes.

O que mais lhe entusiasma no futuro da empresa?

O que mais me entusiasma em relação ao futuro da Transearch International é o nosso potencial para promover mudanças positivas na liderança. Ao identificar e estimular talentos excecionais em todo o mundo, não estamos apenas a preencher cargos; estamos a moldar o futuro das indústrias. Também estou profundamente interessada na forma como podemos aproveitar a tecnologia para melhorar as nossas metodologias, criando uma abordagem mais eficaz e orientada para a procura de executivos.

Quais são as tendências do sector que mais lhe suscitam interesse neste momento?

Estou particularmente entusiasmada com a integração de ferramentas digitais, IA e a análise de dados no setor de executive search. Estas ferramentas permitem-nos oferecer conhecimentos mais profundos e adequar melhor os candidatos às necessidades dos clientes, melhorando a eficiência e a eficácia. Além disso, a ênfase crescente na diversidade, equidade e inclusão é uma tendência que apoio totalmente, uma vez que as organizações procuram cada vez mais líderes que reflitam estes valores.

Como é que define objetivos para os vários departamentos da empresa?

A definição de objetivos para as diferentes unidades de negócio requer uma abordagem de colaboração. Trabalhar em estreita colaboração com os Managing Partners das unidades de negócio garante que os seus objetivos estão alinhados com a nossa estratégia global. Acredito na definição de objetivos claros e mensuráveis, permitindo ao mesmo tempo flexibilidade para que as equipas se possam adaptar a novos desafios e oportunidades à medida que vão surgindo. As revisões regulares e os ciclos de feedback são essenciais para manter toda a gente alinhada e motivada.

“As funções de liderança centradas na diversidade, equidade e inclusão também estão a ser procuradas, uma vez que as organizações dão prioridade a culturas inclusivas”. 

Que funções estão a ser mais procuradas atualmente?

Atualmente, existe uma forte procura de funções na área da tecnologia, especialmente em áreas como a transformação digital, a análise de dados e a cibersegurança. As funções de liderança centradas na diversidade, equidade e inclusão também estão a ser procuradas, uma vez que as organizações dão prioridade a culturas inclusivas. Além disso, à medida que os valores ESG (ambientais, sociais e de governação) se tornam mais significativos, assistimos a um aumento da procura de funções centradas na sustentabilidade e na responsabilidade empresarial.

Quais são as maiores mudanças no sector de executive de search a que assistiu nos últimos anos?

A maior mudança foi a passagem para processos de recrutamento virtuais, que se intensificou durante a pandemia e continuou a evoluir. Também estamos a assistir a uma maior ênfase na adequação cultural e na agilidade da liderança. As empresas estão à procura de líderes que não só tenham as competências certas, mas que se adaptem rapidamente e promovam uma cultura forte e orientada para os valores.

“As oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal são também fatores de motivação fundamentais”.

O que é que os candidatos procuram atualmente nos novos postos de trabalho?

Atualmente, os candidatos não se limitam a dar prioridade ao salário; procuram cada vez mais empresas que ofereçam flexibilidade, trabalho com propósito e um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal. Muitos são atraídos por organizações com valores fortes, como o compromisso com a diversidade e a sustentabilidade. As oportunidades de crescimento e desenvolvimento pessoal são também fatores de motivação fundamentais.

Há alguma tendência que tenha notado e que iremos observar no próximo ano?

No próximo ano, acredito que veremos um foco ainda maior na sustentabilidade e nas funções ESG, à medida que as organizações assumem a responsabilidade pelo seu impacto ambiental e social. É provável que vejamos mais empresas a investir em programas de desenvolvimento de liderança que enfatizem a inteligência emocional e a adaptabilidade. Com a contínua transformação digital, os líderes que compreendem a tecnologia e a inovação serão muito procurados.

A Transearch International abriu um novo escritório na Coreia do Sul. A organização está a pensar em expandir-se para outras regiões em 2025?

Sim, para além da nossa expansão para a Coreia do Sul, estamos a reforçar a nossa presença nos EUA e no Reino Unido, e estamos a analisar potenciais oportunidades de crescimento em Singapura. A expansão para novas regiões faz parte do nosso compromisso em satisfazer a crescente procura de talento executivo em todo o mundo, particularmente em mercados dinâmicos e emergentes.

Quais são os seus planos para o futuro como empresária e como mulher?

Como empresária, tenciono continuar a liderar a Transearch International com um enfoque no crescimento, na inovação e na excelência do cliente. Para além disso, sou apaixonada por orientar e apoiar a próxima geração de líderes. Voluntario-me para orientar pequenas empresas no Reino Unido, partilhando o meu conhecimentos e experiência com empresários que estão a percorrer o seu próprio caminho empresarial. Como mulher, quero continuar a defender a igualdade de género na liderança e a ajudar mais mulheres a encontrar o seu lugar e a sua voz em cargos executivos.