Entrevista/ “Os empreendedores querem fazer as coisas acontecer muito rápido e isso nem sempre é vantajoso”
Simplificar a vida dos clientes, poupando-lhes tempo e dinheiro é o lema da Nex, empresa que tem nos projetos Vendus e Racius a sua imagem de marca. Nuno Santos, cofundador e CEO da Nex, falou com o Link To Leaders sobre as soluções digitais que têm criado ao longo dos 11 anos de atividade e na aposta no serviço ao cliente como fator diferenciador.
Uma empresa nacional, com ADN 100% digital que desenvolve soluções na cloud há 11 anos, e com presença em Portugal, Espanha, Angola e Cabo Verde. Este é, em traços gerais, o perfil da Nex uma empresa que tem nas marcas Vendus (software de faturação que permite gerir um ponto de venda em qualquer lugar com internet) e Racius (um diretório com informação financeira e empresarial), entre outros projetos digitais, as suas principais referências de negócio. Nuno Santos, cofundador CEO da Nex, Racius, Vendus, explicou ao Link To Leaders o percurso destes projetos e das metas que espera alcançar.
Como sugeriu a Nex? Qual foi a essência deste projeto?
A empresa foi uma oportunidade de reunir as várias skills de quatro pessoas, adquiridas ao longo de vários anos, e de criarmos produtos digitais. Somos quatro sócios, já tínhamos trabalhado vários anos nesta indústria e em 2010, quando criámos a empresa, tínhamos competências para desenvolver projetos online. Já tínhamos o know how específico para a criação de projetos relacionados com a indexação do Google ou em termos de SEO. Tínhamos vontade de criar serviços online, o que hoje se designa por Software as a Service (SaaS).
Tudo feito “in house”?
Sim, desenvolvemos os nossos próprios produtos, as próprias marcas. É tudo feito internamente, ao nível de desenvolvimento técnico, comercialização, suporte ao cliente… A empresa não comercializa serviços para outras, ou seja, se, por exemplo, quiser desenvolver uma aplicação, não o fazemos porque toda a nossa equipa está dedicada para consumo interno.
Qual foi o primeiro projeto?
O Portugalio. O projeto já era de 2008 e era de um dos sócios que o estava a fazer por hobby. Mas começou a ganhar alguma tração. Em 2010 acabámos por criar um diretório de empresas, por recolher informações sobre empresas, moradas, telefones…Entrámos neste mercado de diretório de empresas, começamos a ganhar visibilidade. Em 2011 surgiu a ideia do que é hoje uma das marcas principais que é Racius.com, onde comercializamos informação financeira.
Em 2012 lançamos para o mercado a primeira versão onde era possível adquirir informação estrutural das empresas, por exemplo, dos sócios da empresa, dos aspetos fiscais, dos concursos públicos, etc. Em 2013 passamos a disponibilizar a informação financeira, ou seja, agregamos mais dois tipos de relatórios que são os que existem até hoje. Podem ser consultados de uma forma fácil. Por exemplo, se alguém está a tentar mudar de emprego e quer informações sobre a empresa para onde vai trabalhar, pode comprar esse relatório e fica com uma visão muito rápida da performance da empresa ao longo dos anos. Há que salvaguardar que obtemos a informação através da Autoridade Tributária, com quem temos protocolo.
O Racius começou a ganhar tração em 2013 ao ponto de já termos, dados de 2020, mais de 7 milhões de visitantes únicos no site. O projeto continua a crescer e é especialmente revelante no mundo do business.
É a vossa marca mais emblemática, é isso?
Sim. Quando arrancámos a nossa intensão era mesmo criar aplicações, criar software de serviço, e acabámos por focarmo-nos no Racius.
O que foi acontecendo, entretanto, por volta de 2012/2013 é queríamos dar uma missão específica ao Portugalio e acabámos por criar o Código Postal. Fizemos um exercício interessante, que é usado até hoje, em cruzar as ruas e os códigos-postais. Por essa altura também criámos o NIF.pt, que é um espelho do Racius, mas que tem uma missão muito específica que é informar sobre o NIF. Pode ser consultado no telemóvel Android e IOS. Acabamos por fazer um serviço que comercialmente não é muito relevante, mas que tem um impacto considerável que é permitirmos a outras aplicações ligarem-se ao NIF e obter dados. Neste momento temos mais de 3 mil aplicações a fazê-lo.
Posso dizer que já tivemos alguns feedbacks engraçados. Por exemplo dentro de instituições oficiais, da polícia ou da autoridade tributária, acabam por usar os nossos serviços, porque conseguimos cruzar a informação e torná-la acessível mais rapidamente do que propriamente os serviços oficiais. Então isso é algo que nos deixa orgulhosos.
Nos primeiros três a quatro anos, estas foram as principais marcas. Estávamos focados no Portugalio, Racius e Código Postal, mas sentíamos que o propósito da empresa ainda não estava cumprido, queríamos fazer algo diferente. Em 2014 um amigo estava a abrir um negócio e contactou-nos porque precisava de instalar um sistema de faturação. Analisamos o mercado e percebemos que existia uma lacuna, não havia nenhuma solução na cloud, e foi aí que começou a nascer o Vendus, sendo esta a nossa principal marca, a par com o Racius. Começámos a desenvolver o produto e no início de 2015 lançámos para o mercado.
“Desde o primeiro dia, a nossa missão foi democratizar o acesso ao software de faturação”.
Qual é o típico cliente da Vendus?
Criámos o Vendus para simplificar todos os processos e tornar o acesso à aplicação fácil, ou seja, nós não temos contratos nem fidelizações, a mensalidade é bastante baixa, estamos a falar de 10 euros por mês ou 96 euros por ano. Portanto, isto vai para o target dos negócios que estão a começar. Pode ser usado no computador, pode ser no tradicional POS, como num tablet ou num telemóvel. Desde o primeiro dia, a nossa missão foi democratizar o acesso ao software de faturação. Cerca de 50% dos clientes são empresários em nome individual, pequenos negócios de restauração, retalho. Parte do público-alvo também são os novos empresários.
Ao longo dos nossos sete anos de dados e desenvolvimento do Vendus fomos melhorando o produto consoante o feedback dos clientes. Hoje conseguimos ter clientes que têm lojas online integradas com o nosso software de faturação, usam o tratamento de software de faturação em cada uma das lojas, têm vendedores na rua a usar a nossa aplicação e a faturar em frente aos clientes e entregar a fatura em papel, impressa numa impressora Bluetooth, por exemplo, e toda essa informação é integrada em tempo real.
Acabamos por ter situações de empresas internacionais que querem entrar em Portugal e acabam por integrar as soluções connosco, por exemplo, uma empresa brasileira que tinha uma solução de dinheiro virtual para garantir eventos, acabou por integrar a solução connosco. Tivemos uma empresa da Croácia que também queria trabalhar para um grupo de saúde em Portugal e fizeram a integração connosco, e nós estamos a responder a essa situação específica.
A internacionalização está a acontecer?
Em termos de internacionalização, o primeiro movimento que fizemos foi no final de 2017 quando começámos a abordar o mercado angolano. Depois Cabo Verde e Moçambique. No fundo são os países de língua portuguesa onde o sistema fiscal é mais parecido com o português. Em setembro de 2020 passámos a ser um dos primeiros softwares certificados em Angola. É um mercado bastante interessante para nós. Mudou bastante e passou a ter a necessidade de cumprir legalmente requisitos, então acabaram por encontrar na nossa solução um parceiro ideal.
Em Cabo Verde, esperamos ser também ser um software certificado, até ao final do ano. Mas já temos desde 2017/2018 um conjunto considerável de clientes em Cabo Verde. Moçambique é um mercado muito pequeno e estamos à espera que surja a oportunidade de certificado, que já está também nos planos do país.
Entretanto, no final de 2019, fomos para Espanha, adaptando o software para a língua espanhola, para todo o sistema fiscal, etc… mas é um mercado onde é difícil entrar e foi mesmo às portas do lockdown, portanto as coisas não têm sido fáceis. Vamos tentar analisar e redefinir a estratégia para o próximo ano e fazer uma nova abordagem quase como se fosse do zero.
A Europa é um mercado que está no vosso horizonte?
Sim. Em alguns países o software tem de ser certificado e poderá existir um grande esforço. Por exemplo, em França os requisitos para um software certificado são muito altos, os custos também. Internacionalização sim, mas em primeiro lugar cimentar a nossa posição no mercado português e angolano que estão a crescer. Fazermos ainda melhor aquilo que já fazemos, porque acreditamos que temos sempre espaço para crescer.
Algo que nos diferencia de grande parte da concorrência, sobretudo no mercado offline, é que estamos constantemente disponíveis para falar com os clientes, ou seja, temos um chat na aplicação disponível das 9h às 22h. O que é realmente diferencial é o facto dos nossos clientes se sentirem acompanhados e quando têm um problema saberem que estamos lá para o resolver.
Há uma aposta no serviço completo?
Exatamente. Com o que temos aprendido ao longo destes anos, tenho a perceção de que fazemos uma aplicação espetacular. E costumo dizer que ter ideias e executá-los é fácil, agora vender e estar todos os dias a cobrir todas as necessidades é que vai fazer a diferença.
Estamos a falar de quantas pessoas na equipa?
Já somos 16 no total. A equipa tem vindo a crescer, somos uma equipa multidisciplinar, num ambiente de start-up em que temos de fazer de tudo um pouco. Mas no fundo tem sido um desafio bastante bom.
“Queríamos explorar produtos de forma a que acrescentassem valor aos nossos utilizadores”.
Ao longo destes 11 anos de atividade qual é o balanço que faz?
Na altura não tínhamos exatamente expectativas. No fundo queríamos explorar produtos de forma a que acrescentassem valor aos nossos utilizadores. Essa era a primeira questão. E acreditamos que tudo o resto depois vem por acréscimo.
Tivemos um momento em 2015 em que com o Racius tivémos um grande volume de visitantes. Mas no final de 2014 a Google mudou as regras e mudou completamente as regras do nosso jogo. Estávamos a ter um crescimento sustentado de mês para mês que inverteu em 2014 e isso foi, provavelmente, o ponto mais difícil da empresa, porque já estávamos a fazer crescer a equipa e tudo mais, ainda numa escala muito pequena, o que nos atrasou alguns anos.
E a pandemia? Como é que mexeu com os vossos planos?
Tivemos um impacto muito direto com a Vendus. Todos os nossos clientes de retalho e restauração tiveram de fechar e isso teve uma repercussão imediata no nosso negócio. Mas, no fundo, conseguimos fazer algo interessante, porque a nossa solução é muito flexível, não tem contratos nem fidelizações, portanto se uma empresa tinha de fechar não continuava a pagar a mensalidade. O que pensamos no primeiro lockdown foi: o que é que podemos fazer pelos nossos clientes de forma a acrescentar valor? Acabamos por reunir uma ideia, que ainda está a funcionar até hoje, que foi a Vendus Go. Uma solução que oferecemos aos clientes para rapidamente conseguirem ter uma loja online de forma muito simples. Então dentro da nossa aplicação, fizemos uma opção que podiam ativar e passar a ter uma loja online sem grande esforço”. E assim foi.
Resultou?
Resultou. Tivemos logo na primeira semana cerca de 400 lojas a funcionar. Entre março, junho e julho estivemos 80% focados no projeto, sempre a acrescentar funcionalidades ao ponto de termos pagamentos online. Para os restaurantes acabámos por implementar ementas digitais, soluções de take-away, soluções de delivery e tudo sempre integrado com o nosso software. O cliente não precisava de ter conhecimentos técnicos para ter um sistema daqueles a funcionar e o feedback que temos até hoje é que efetivamente conseguimos acrescentar valor ao seu negócio.
Isso foi uma forma de fidelização?
Exatamente. O que é sempre saudável e tem sido a nossa posição em todos os produtos de forma sempre muito transparente. Não queremos entrar nesse mercado das lojas online, embora a nossa equipa tenha mais skills para desenvolver um produto deste género.
Esta foi uma situação provisória? Não vai ser mais uma vai de negócio no futuro?
O feedback foi tão positivo e ainda temos tantos clientes a utilizar a solução, que porventura podemos transformar o produto e criar um novo canal. Por exemplo, agora estamos a lançar um novo produto para a restauração que chamamos internamente de Kitchen Display System. O paradigma dos restaurantes acabou por mudar com estas situações do híbrido. Têm gerir os pedidos que vêm de um Uber ou de um Glovo e de outras plataformas. Têm que gerir os pedidos dentro do restaurante, a cozinha tem de gerir informação de vários lados e inclusive do Vendus Go. O que estamos neste momento a disponibilizar é que reunimos numa só aplicação todos os pedidos que podem cair de várias fontes e para a cozinha vai ter sempre o mesmo workflow. No fundo, será mais uma funcionalidade para melhorar a vida dos clientes.
Ao longo destes anos, como analisa a forma como as empresas portuguesas se estão a adaptar à transformação digital e à utilização de aplicações e soluções como as vossas?
Acho que é interessante em dois pontos. Porque nós como software de faturação, estamos num ponto em que as empresas para viver têm de cumprir o requisito legal, e nós acabamos por ser um Up para reunir informação de vários locais. O que aconteceu claramente é que percebemos que houve uma adesão aos sistemas de lojas online o que antes não acontecia, e que nos obrigou também a desenvolver mais integrações e continuamos a desenvolver com diferentes sistemas de lojas online.
Agora, há algo muito curioso. É que as novas empresas, ao contrário do que acontecia antes da pandemia, deixaram de se preocupar em ter um negócio físico. Validam primeiro online e só depois, se se justificar, é que passam para físico. Os novos empresários perceberam que mesmo não sendo um canal que inicialmente faça sentido para o setor de atividade deles, é essencial estarem online. E principalmente nestes novos negócios começaram a criar online. O sistema de logística felizmente também tem melhorado bastante e acaba por oferecer várias soluções em Portugal. Portanto, o risco sendo online é sempre inferior, os custos também.
E o investimento inicial do negócio acaba por ser muito mais reduzido …
Sim, sim. E o modelo mudou claramente. No que diz respeito à restauração percebemos também que quando vão criar um restaurante, já têm a preocupação de ter uma área exclusiva para delivery. Temos assistido a estas mudanças do mercado em relação ao Vendus.
A adaptação ao digital tem sido interessante, tem tido um impacto muito grande e os clientes estão mesmo a alterar o comportamento. Quando o Vendus foi criado, umas das características era o facto de funcionar online e isto era visto como uma desvantagem. Hoje felizmente isso já não acontecer porque ter internet é quase como ter eletricidade, porque sem eletricidade também não vai funcionar. Todas as plataformas estão ligadas online. Por exemplo, a comunicação com a AT já pode ser em tempo real e é muito provável que num futuro próximo todas as faturas tenham de ser comunicadas em tempo real. Diria que até final de 2030 efetivamente tem que estar sempre tudo online, porque de alguma forma não vai fazer sentido que seja de outra forma.
Já não se vai voltar atrás…
Exatamente. Mas nos softwares que funcionam offline vão ter de estar de alguma forma ligados porque senão não vão ter essa vantagem, porque o que se está a assistir no mercado é que grande parte das aplicações são software as a service, ou seja, nós pagamos uma mensalidade para utilizar o serviço, elas estando online conseguem falar entre elas facilmente. Quando estamos a falar de aplicações que estão no nosso computador isso não acontece. O próprio mercado em termos de solução está constantemente a evoluir para este tipo de paradigma e, portanto, viver online nunca fez tanto sentido como hoje.
E tendo atenção a este cenário, como é que se estão a preparar para dar resposta a novas necessidades do mercado?
Temos no horizonte criar novas marcas, mas ainda numa fase muito exploratória. Mas no fundo, temos a possibilidade de, como aconteceu com o Vendus Go, de conseguir rapidamente direcionarmo-nos para aquilo que no momento está a acontecer. A nossa solução acaba por estar disponível para retalho, restauração e serviços e vamos evoluir para atender às necessidades de cada um dos nossos verticais. E esse é um caminho que vamos trilhar, ouvir as necessidades dos clientes e vamos acabar por criar novas soluções para atender às necessidades deles.
Em questão de inovação vai passar muito por aí. Para todos os efeitos, na restauração já temos essa experiência. O que queremos é tornar o Vendus um assistente do seu negócio. No fundo temos que criar uma conotação de inteligência artificial através de machine learning e conseguir que o sistema aprenda o comportamento da empresa, dos seus utilizadores, que entenda o negócio e que, de alguma forma, consiga ser ativo, ou seja, consiga ser efetivamente um assistente. Obviamente que depois em cada vertical vai ter contextos diferentes.
Hoje conseguimos resolver muito bem um problema que é a faturação de uma empresa, mas queremos dar um passo que é efetivamente torná-lo mesmo um assistente. A nossa missão é poupar tempo e dinheiro aos nossos clientes e que eles encontrem valor na nossa aplicação. Em termos de inovação é dar esse passo e em termos de investigação é isso que já estamos a fazer agora e, provavelmente, no próximo ano já podemos oferecer novos produtos dentro do Vendus.
“(…) parece-me que de alguma forma os empreendedores querem fazer as coisas acontecer muito rápido e isso nem sempre é vantajoso”.
Têm algum investidor na empresa?
Nada. Temos zero investimento, zero empréstimos, ou seja, conseguimos ser saudáveis desde o primeiro dia. Criamos um produto, ele começa a crescer e acaba por investir noutro, ou seja, resumindo, nós criamos o Portugalio que investiu no Racius, o Racius investiu no Vendus e agora provavelmente o Racius e o Vendus – o Portugalio acabou quase por desaparecer – acabam a potenciar novas ideias que já temos na gaveta.
Quando eu vejo notícias de que não sei quem recebeu 10 milhões de investimento, eu penso “ok este vendeu a alma ao diabo por 10 milhões e agora vai estar a trabalhar para ele”. Obviamente que há negócios que efetivamente precisam de um encaixe financeiro, mas parece-me que de alguma forma os empreendedores querem fazer as coisas acontecer muito rápido e isso nem sempre é vantajoso. Nós temos 11 anos e acabamos por, obviamente, ter um crescimento muito mais linear, viver o risco, mas ter sempre recursos internos.
Já foram aliciados por alguma empresa?
Várias vezes. Já tivemos muitas propostas atrativas. Como temos aqui vários produtos, normalmente as propostas vêm sob a forma de spin off.
Mas ainda não é esse o vosso cenário?
Não, porque sinceramente e, parece estranho dizê-lo porque as empresas vivem para gerar dinheiro, mas essa não tem sido a nossa prioridade em termos de gerar valor. Existe aqui também uma componente dos produtos e das marcas serem os nossos bebés.
Então o que é que os move?
Obviamente que o lado financeiro também nos move, mas o que quero dizer é que mesmo a proposta sendo boa, no final do dia é mesmo a questão do investimento. Vamos estar a trabalhar para alguém, a ter de cumprir requisitos impostos por alguém, mesmo que seja por um período de tempo para fazer um Exit. Não é algo que nos atraia. Queremos no final do dia divertir-nos a trabalhar e que isso acrescente valor aos clientes.
No fundo é conseguirmos definir o nosso caminho e ter a liberdade, por exemplo, de para o ano querermos investir num novo produto e não temos de cumprir objetivos do investidor. Tem sido essa a nossa política. Podíamos fazer um spin off de um produto para nos focarmos noutros e por isso teríamos que partir a equipa e tudo mais, não é algo que nos atraia também. Portanto, temo-nos mantido nesta linha. Obviamente, que voltando à questão financeira, as propostas não foram assim tão boas, porque se calhar nos faziam pensar.
Qual é a vossa previsão de faturação para este ano?
Perto de 1 milhão de euros.
“O que nos move é conseguir fazer coisas que mais ninguém consegue. Acreditamos nas nossas competências e na nossa persistência, e hoje conseguimos ser uma referência”.
Que perspetivas têm em termos de crescimento para o próximo ano?
Dentro de cada um dos projetos, dos produtos, das marcas, temos sempre diversos projetos a decorrer para os fazer crescer. Inclusive no Racius acabámos de lançar uma nova versão, em setembro, onde estamos a explorar novos serviços. Provavelmente a criação de uma aplicação também de software as a service, no fundo para ajudar os nossos clientes a gerar novos leads.
Dentro do Vendus estamos a reestruturar os produtos ou serviços e também a criar aquele projeto que falei em termos de inteligência artificial. Neste momento, estamos também a equacionar um novo produto, que agora ainda não é possível dizer. Está em fase de análise de mercado, mas estaremos a desenvolvê-lo no próximo ano, provavelmente para lançar em 2023.
Em termos de faturação em 2022 estaremos provavelmente com um crescimento, face a 2021, de cerca de 30 a 40%. Tem sido esse o crescimento médio dos últimos anos, portanto à partida será isso.
Outra coisa que nos move no mercado é conseguirmos fazer coisas muito difíceis. Com o Racius conseguimos entrar no mercado numa altura em existiam dois players gigantes, um deles estava a faturar 10 milhões de euros e outro 8 milhões, e conseguimos fazer mossa. Obviamente que no negócio todo não conseguimos chegar lá, mas no online o Racius consegue ter uma presença forte. É uma marca muito reconhecida pelos seus pares. Quer dizer que estamos a fazer um bom trabalho, obviamente que à nossa escala. O que nos move é conseguir fazer coisas que mais ninguém consegue. Acreditamos nas nossas competências e na nossa persistência, e hoje conseguimos ser uma referência.