OCDE aconselha Portugal a reforçar o crescimento e as finanças públicas
O mais recente Estudo Económico da OCDE sobre Portugal aconselha o país a utilizar o plano de recuperação pós-Covid para reforçar o crescimento e as finanças públicas.
Segundo um novo relatório económico da OCDE sobre Portugal, à medida que a recuperação da crise da Covid-19 avança, é importante prosseguir com os investimentos e as reformas estruturais que irão melhorar as condições de vida, reforçar as finanças públicas e favorecer uma trajetória de crescimento sustentável, forte e resiliente.
O estudo da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) observa que, com o envelhecimento demográfico e a consequente diminuição da população ativa, o crescimento futuro dependerá dos ganhos de produtividade. Por isso, sugere que Portugal aproveite o Plano de Recuperação e Resiliência, financiado pela União Europeia, para acelerar a transição ecológica e digital, concentrando-se nos projetos com maior impacto económico e social.
Depois de uma queda de 8,4 % em 2020, o PIB português deverá voltar a crescer 4,8 % em 2021 e 5,8 % em 2022, também graças ao facto de quase 90 % da população já estar completamente vacinada, prevê a OCDE. Apesar disso, não deixa de frisar que a atividade económica em setores fundamentais da economia, como o turismo, os transportes e a hotelaria, continua muito aquém dos níveis anteriores à crise.
Por isso, o estudo aconselha que sejam mantidos os apoios às famílias e às empresas, com as devidas adaptações à evolução da própria pandemia. Também sugere que seja reforçado o apoio aos jovens e aos trabalhadores pouco qualificados na procura de emprego. Por sua vez, no âmbito empresarial, o estudo refere que ainda são necessários mais apoios à capitalização das empresas viáveis.
A par disto, Portugal deve ainda reduzir os desequilíbrios macroeconómicos para conferir uma base mais sólida à recuperação, e, à medida que a recuperação avançar, será importante adotar um plano claro e credível para o ajuste orçamental a médio prazo, acrescenta o estudo.
Acresce ainda o facto de serem necessárias reformas que preparem o país para a previsível redução da população ativa e que melhorem o desempenho da Administração Pública.
A pandemia também aumentou os riscos financeiros no setor empresarial e a banca enfrenta, por isso, um elevado nível de empréstimos não produtivos. Perante isto, o estudo da OCDE recomenda o reforço dos incentivos aos bancos para reduzirem o nível de ativos de alto risco.
O Estudo Económico da OCDE sobre Portugal concluiu ainda que no futuro “é fundamental acelerar a transição digital para adaptar a economia portuguesa ao mundo pós-pandémico e promover o crescimento da produtividade, que se tem mantido abaixo da média da OCDE, praticamente durante as duas últimas décadas”. Dessa forma, considera necessário ajudar as empresas a adotarem novas tecnologias, ajudar a população a adquirir competências digitais e ainda melhorar o acesso a serviços de banda larga de alta qualidade.
Mathias Cormann, secretário-geral da OCDE, lembrou que Portugal está a recuperar rapidamente de um choque económico profundo, e que a previsão é de que essa recuperação irá continuar. “Será fundamental otimizar a intensidade e a qualidade da recuperação, através de uma maior produtividade e acelerando as transições digital e verde. O Plano de Recuperação e Resiliência constitui uma oportunidade para atingir esse objetivo, pelo que deverá ser implementado de forma rápida e eficiente”, salientou.