Opinião

O que quero ser quando for grande?

Céu Mendonça, diretora de negócio para Pequenas e Médias Empresas da SAP Portugal*

Nasci nos anos 70. Sou de uma geração em que o guia de vida nos era “apresentado” de uma forma simples e ordenada: fazer um curso superior, comprar casa, casar e ter filhos.

O curso superior era um grande marco, que se pretendia certeiro e determinante para a vida profissional. A expetativa era concluir o curso no menor espaço de tempo possível e com a melhor classificação possível. Seguia-se uma “mono carreira”, de preferência numa empresa “segura” que garantisse um futuro tranquilo, sem sobressaltos.

A escolha do curso superior era assim, uma grande decisão, única e pesada. No meu caso, não me deixei determinar por estes critérios, mas lembro-me de quem tinha de optar pel’O curso.

Hoje, num país tão diferente, onde entram cinco vezes mais pessoas no ensino superior, o grande desafio é ajudar os nossos filhos numa escolha que não seja redutora e inflexível. Hoje a dificuldade da escolha está no número de opções. As fronteiras alargaram-se e o mundo de possibilidades é imenso. Hoje criamos cidadãos do mundo que podem escolher um determinado percurso, um plano que pode ir mudando, porque seguem um propósito em vez de uma vida formatada.

E esta nova realidade simplifica? Retira pressão?
Acredito que não. Na grande parte dos casos que assisto de perto, não.

Há uma percentagem de pessoas que desde tenra idade identifica os seus talentos e sabe o que procura. No entanto, diria que a maioria quando tem de planear o seu futuro entra numa espiral de dúvidas. E isso tem um impacto positivo ou negativo nos nossos jovens talentos? Depende como é que os ajudamos a conduzir esta fase do seu desenvolvimento.

Como é que podemos ajudar?

Explicando que não é o princípio do fim, é o princípio de tudo. É uma fase, que pode abrir novas possibilidades e que acima de tudo têm de dar espaço de abertura e deteção a novas oportunidades. Provocando reflexões com diferentes ângulos de análise. Demonstrando que nada impede de fazer mais do que um curso ou experienciar mais do que uma área.

E que impacto vamos ter no nosso mercado de trabalho e na realização das pessoas?

Vai-nos permitir ter mais pessoas realizadas profissionalmente e mais felizes. Aumenta a experiência de cada um, o que leva também à riqueza das equipas.

E como país, o que é que nos pode proporcionar?
Desenvolver uma sociedade com mais conhecimento e capacidade critica. A educação é um caminho, não um destino.

 

*Membro da Direção da Plataforma Portugal Agora

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