O que é preciso para uma maior igualdade nos negócios?

As desigualdades no mundo dos negócios são uma realidade e a tendência é para continuarem a aumentar. Mas há uma maneira simples de inverter este processo. Conheça-a neste artigo.
A sensação de que o sistema atual não está a distribuir os seus benefícios de forma justa serviu de mote para o estudo da International Featured Standards (IFS) sobre desigualdades, presidido pelo Nobel Angus Deaton e lançado recentemente. Estas preocupações são reais e estão longe de desaparecerem enquanto houver um mundo em que o ordenado médio de um diretor executivo é 145 vezes maior do que o de um empregado médio. Há menos de 20 anos, esta diferença era de “apenas” 47 vezes mais.
Se estes valores são apenas uma forma de pagamento proporcional ao desempenho, porque é que os diretores executivos recebem indemnizações milionárias quando são demitidos? Existe uma sensação generalizada de que o sistema tem um conjunto de regras (e recompensas) para os capitalistas e outro para o resto das pessoas.
Convém não esquecer também que, se, por um lado, se levantam preocupações várias relacionadas com desigualdade na maioria do mundo desenvolvido, por outro lado, ao olharmos para o global, assistimos a uma diminuição da desigualdade ao longo dos últimos 40 anos. O fosso existente entre países desenvolvidos e emergentes, como a China, é o mais pequeno desde a Revolução Industrial. De acordo com um estudo elaborado pela Brookings Institution de Washington, metade da população mundial pertence agora à classe média ou superior.
Contudo, estes factos não podem servir para esconder problemas reais que ainda existem e precisam de solução. O que é que há para fazer? Nos anos 40, a solução foram as nacionalizações, o que não resultou. Lembra-se do tempo em que se esperava uma eternidade por uma linha telefónica? Existem alguns casos em que a intervenção do estado pode ser necessária e a propriedade pública pode fazer parte disso. Sabemos que a economia de mercado precisa de ser regulada. Mas se o que realmente importa são os resultados, então o melhor será analisar detalhadamente as formas de melhorar.
Por exemplo, quando os governos procuram serviços em outsourcing, devem preocupar-se mais com a qualidade do serviço do que darem prioridade ao preço mais baixo. Quando as empresas contratam diretores gerais, devem olhar para as qualidades humanas dos candidatos, dando preferência à decência e consistência em vez da agressividade ou ambição. Quando as empresas falsificam os seus ganhos ou defraudam de alguma outra maneira, é quando a lei tem de ser aplicada.
Porém, a maior responsabilidade reside na comunidade de investidores. O investimento ético não deve ser um simples exercício de verificação básica, deve ser uma atitude ativa, elegendo empresas decentes e não aquelas geridas por tubarões gananciosos. Um detalhe que, além de promover o equilíbrio, pode ainda salvar os investidores de muitos erros.