Nova vacina pode diminuir níveis de colesterol em 30%, diz estudo

Numa primeira fase a vacina foi usada em ratos e macacos, mas o passo seguinte é testar a sua eficácia nos seres humanos.

O colesterol elevado é responsável por cerca de um terço de todas as doenças cardiovasculares no mundo, estimando-se que cause 18% do total das doenças cerebrovasculares, 56% do total das doenças isquémicas cardíacas e cerca de 4,4 milhões de mortes. Só em Portugal atinge dois terços da população. Mas uma nova vacina promete reduzir de forma eficaz os níveis de colesterol “mau” no organismo, relata o Science Alert.

O colesterol “mau” – na forma de lipoproteínas de baixa densidade ou LDL – é o tipo que pode causar bloqueios perigosos nas artérias, reduzindo o fluxo de oxigénio para o coração ou causando coágulos sanguíneos que podem levar a um acidente vascular cerebral.

Uma equipa liderada por investigadores da Universidade do Novo México e da Universidade da Califórnia desenvolveu uma vacina para neutralizar uma proteína chamada pro-proteína convertase subtilisina/kexina tipo 9 (PCSK9), conhecida por ter uma relação importante com os LDL.

“A vacina é baseada numa partícula de vírus não infeciosa”, explica o investigador Bryce Chackerian, da Universidade do Novo México.

Segundo a investigação, os receptores especiais nas células do fígado são responsáveis por manter o LDL num nível seguro, mas um excesso de PCSK9 pode danificar estes receptores.

Genética, dieta e vários outros fatores podem influenciar a produção de PCSK9 no organismo. Na vacina, a combinação de pequenos pedaços de PCSK9 com a partícula viral não infeciosa provoca uma resposta do sistema imunitário, visando neutralizar a proteína.

A vacina desenvolvida demonstrou ser capaz de reduzir o colesterol mau em até 30%. Embora seja tão eficaz quanto os atuais inibidores de PCSK9, é uma solução que poderá ser menos dispendiosa, afirma o estudo.

“Estamos interessados em desenvolver outra abordagem que seja menos dispendiosa, não apenas nos Estados Unidos, mas também em locais que não têm recursos para pagar estas terapias muito, muito caras”, revelou Chackerian.

“Ainda estamos muito longe de ter uma vacina que possa ser usada em seres humanos, mas são resultados promissores, numa solução que seria mais acessível do que as opções atuais”, acrescentou.

A próxima fase consiste em realizar ensaios da vacina em humanos, embora isto exija mais estudos e mais financiamento. “Esperamos ter uma vacina nos próximos 10 anos”, frisa Chackerian, relembrando as quase 18 milhões de vidas perdidas em todo o mundo devido às doenças cardiovasculares.

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