Entrevista/ “Nós humanos continuamos a ser “os inteligentes”

Jorge Soares, software client architect e certified senior IT Architect na IBM

Foi um dos oradores convidados da 4.ª edição do Mobile Edge, onde falou do que é o IBM Watson. Ao Link to Leaders, Jorge Soares explicou em que consiste o projeto e fez uma breve análise do mercado nacional.

O que é o IBM Watson?
O IBM Watson é antes de mais uma marca ou brand IBM, e também um conjunto de tecnologia cognitiva pronta a utilizar e incorporar em aplicações de negócio. O IBM Watson enquanto tecnologia cognitiva, nasce no concurso americano Geopardy, que ganhou. De aí aos dias de hoje, essa tecnologia tem sido disponibilizada na plataforma cloud da IBM, sob a forma de serviços cognitivos, em diferentes domínios, que vão desde o processamento de linguagem natural ao reconhecimento de imagem.

Que expetativas tem para este projeto?
A expectativa prende-se essencialmente com o enriquecimento e melhorias crescentes, das funcionalidades cognitivas que podem ser incorporadas em aplicações existentes tendo em vista dotá-las da capacidade de poderem iniciar uma jornada cognitiva. Enriquecimento porque de certeza surgirão novos algoritmos dos quais poderemos beneficiar do ponto de vista cognitivo. Melhorias porque à medida que se vai tendo acesso a mais dados vai-se conseguindo otimizar a base tecnológica que suporta estes serviços cognitivos. Tudo em benefício de uma ajuda auxiliar a nós humanos, e não da nossa substituição por uma qualquer máquina “inteligente”.

Tendo em conta a sua experiência no setor bancário, que razões encontra para que ainda exista uma tendência conservadora, e de resistência, à inovação neste setor?
Não sei se concordo porque, da minha experiência, o sector bancário foi um dos primeiros a mostrar abertura à utilização de tecnologia cognitiva. Como referi antes, e do meu ponto de vista, a incorporação deste tipo de tecnologia é um caminho a percorrer, muitas vezes referido como caminho cognitivo. Assumindo agora o ponto de vista de resistência à adoção, eu diria que este se pode dever, entre outros, ao facto de se estar à espera de soluções fechadas quando estas abordagens são um caminho contínuo, que se pretende ir melhorando ao longo to tempo e da utilização, e, muito importante, da qualidade e quantidade dos dados em causa.

A longo prazo prevê uma colaboração ou um apoderamento por parte das start-ups de fintech à esfera bancária?
A resposta é afirmativa.

No que toca ao conceito de cidade inteligente, e uma vez que já trabalhou em projetos desta natureza, o que é para si uma cidade inteligente?
Uma cidade inteligente é uma cidade que está instrumentalizada nalguns dos seus domínios como, por exemplo, energético ou trânsito. Mas é também uma cidade que tem a capacidade analítica de processar de uma forma preditiva essa informação histórica ou em tempo real, tendo em vista melhorias contínuas adaptadas nos seus domínios de atuação. E essa é a razão porque se começa a falar hoje em dia de cidades cognitivas como continuidade das cidades inteligentes, ou smart cities, capitalizando assim na tecnologia cognitiva emergente e que, tendencialmente, introduz um vetor humano mais participativo.

O que se poderia melhorar em Lisboa se fossem implementados alguns dos aspetos chave de uma smart city?
Diria que Lisboa já está a seguir este caminho. Aliás, recentemente foi feito um anúncio público de que terão adquirido uma plataforma para smart cities. Nesse sentido, e não sabendo o que vai ser realizado, pode ser prematuro da minha parte estar a idealizar melhorias que eventualmente já estão a ser pensadas.

Qual a importância de eventos como o Mobile Edge no processo de desenvolvimento para uma sociedade digitalizada?
Ainda não existe tecnologia ou avatars que, em nossa substituição, leiam, interpretem e retirem valor do manancial de informação existente, por muitas e sofisticadas ferramentas tecnológicas ou colaborativas que existam. Nós humanos continuamos a ser “os inteligentes”, os que terão, ajudados talvez, de caminhar pelo manancial de informação. E este tipo de eventos é crucial na sistematização de conhecimento em áreas tecnológicas identificadas e aplicáveis ao negócio.

 

Comentários

Artigos Relacionados