Multinacionais explicam como colaboram com as start-ups em Espanha

Multinacionais como a Arcelor Mittal, a Pfizer e a Alstom mostraram como colaboraram com as start-ups para aportarem inovação aos seus negócios durante o evento “Empreendedorismo para Inovar”, que foi organizado pela Fundação I + E e que teve lugar esta semana em Madrid.

Este encontro faz parte de uma série de apresentações organizadas pela fundação, que é formada por empresas multinacionais presentes em Espanha e que é liderada pela presidente da HP Espanha e Portugal Helena Herrero.

Helena Herreno disse na abertura do evento que o empreendedorismo nas grandes empresas não é mais um “anátema”, já que as estas entenderam que “precisam” das start-ups e que a palavra-chave é a “colaboração”.

O responsável da área de Mecatrónica do Centro de Inovação e Desenvolvimento da multinacional siderúrgica Arcelor Mittal, nas Astúrias, Rubén Pérez, foi o primeiro a explicar como colabora com as start-ups para encontrar novos serviços e melhorar os seus processos de produção, avança o La Vanguardia.

A start-up propõe um serviço à Arcelor Mittal, coloca em marcha um teste piloto e, a partir daí, a inovação pode ser instalada em qualquer uma das fábricas que a empresa detém em 19 países.

“Uma start-up geralmente é especializada numa tecnologia que quer explorar e nós identificamos esse produto para ser aplicado no nosso ambiente, o que não é simples (…). Eles adaptam-se à nossa cultura, mas somos nós que colocamos o desafio e que podemos levar a solução a todo o mundo”, resumiu Perez.

Já o director-geral da Pfizer Espanha, Sergio Rodríguez, explicou a política de I+D+i da farmacêutica, que conta com um centro de investigação especializado em genómica relacionada com oncologia em Espanha (Genyo, em Granada).

A farmacêutica também tem uma política de criação de ambientes empresariais denominada “Pfizer Healthcare Hub”, através da qual são propostos desafios tecnológicos às start-ups, sempre salvaguardando o seu crescimento em  países como Reino Unido, Alemanha, Suécia, Israel e Austrália. Em breve será lançada uma iniciativa semelhante em Espanha, revelou Rodríguez durante o evento em Madrid.

Já o diretor de digitalização da Alstom, Antonio Valiente, apresentou um exemplo de intraempreendedorismo com a empresa Walk3d, criada por um ex-funcionário, Javier Estella.

Estella, responsável pelo design e pela arquitetura dos comboios que a multinacional francesa fabrica, apresenta os protótipos de forma atrativa, tendo começado a experimentar tecnologias próximas aos videojogos e acabado por constituir uma empresa focada na apresentação de protótipos em 3D através de um portal digital.

“Numa reunião de validação de um veículo recorremos a um videojogo. Eu conecto-me a uma plataforma, observo o protótipo e aponto os erros que vejo”, explicou Estella.

Também a partner do fundo de capital de risco Kibo Ventures, Sonia Fernández, marcou presença no evento, tendo explicado como as empresas são identificadas e apoiadas no seu desenvolvimento. “Em Espanha, há muita inovação, mas é preciso dinheiro para evoluir. Na fase semente há muitos fundos, mas a partir de um milhão de euros limitam-se os jogadores. E a realidade é esta: se quer obter mais de 10 milhões de euros, há uma grande lacuna, que está a ser coberta por fundos internacionais “, frisou.

No final do evento, a presidente da Fundação I + E e HP Espanha e Portugal, Helena Herrero, conversou com a fundadora do “Spain Startup” – organiza o The South Summit, encontro que reúne investidores, empresas e startups de todo o mundo – , Sonia Benjumea, que afirmou que “o que precisamos é da consolidação do ecossistema de colaboração win win entre multinacionais e start-ups”.

A responsável acrescentou ainda que “nas grandes economias, que conseguiram criar um ecossistema empreendedor invejável e inovador, como os Estados Unidos, Israel ou agora Singapura, as forças vivas estavam convencidas do seu potencial e não hesitaram em apoiá-lo. Em Espanha, no entanto, o ecossistema está a ser formado de baixo para cima. Agora estamos no momento prefeito e temos de unir forças entre todos”.

“O mundo caminha a uma velocidade vertiginosa em que a inovação é essencial.  E quem geralmente inova? O empreendedor e a start- up, que tem três características: inovação, escalabilidade e globalidade”, finalizou Benjumea.

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