Mulheres com MBA ganham menos e têm maior dificuldade de ascensão na carreira do que os homens, diz FT

A diferença entre géneros na remuneração de formados com MBA é de 15 pontos percentuais inferior à média mundial, revela a análise do Financial Times com base em 15 anos de dados dos seus rankings mundiais de MBA.
O predomínio de homens no mundo dos negócios sempre esteve refletido no mundo da formação. Apesar da discussão ao longo dos anos sobre a necessidade de promover uma maior igualdade de género, ainda há disparidades nos números de mulheres e homens admitidos nos MBA e no sucesso das suas carreiras depois de saírem das escolas de negócios.
Desde 2007, a percentagem de mulheres em cursos de MBA passou de 17% para 31%. A percentagem de docentes mulheres também aumentou drasticamente, segundo dados dos rankings mundiais dos programas de MBA do Financial Times (FT).
Nos últimos anos, houve um esforço das escolas de negócios por um maior foco no propósito do que na maximização do lucro e por uma maior incorporação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na cultura do ensino de negócios. Um dos ODS é atingir a igualdade de género, refere o FT.
No Reino Unido, uma mulher ganha 87 pence para cada 1 libra ganha por um homem, mas a diferença salarial é ainda maior em outros países. Em média, estima-se que as mulheres ganham 0,77 dólares (cerca de 0,68 euros) para cada dólar que os homens ganham.
A diferença entre géneros na remuneração de ex-alunos de MBA é de 15 pontos percentuais inferior à média mundial, estimada em 23%, aponta o FT.
Em 2007 e três anos depois de se formarem, o salário-base típico para ex-alunos de MBA em faculdades classificadas era de 109 mil dólares (96 mil euros) para homens e de 92 mil dólares (81 mil euros) para mulheres A diferença era de aproximadamente 17 mil dólares (cerca de 15 mil euros), o que significa que as graduadas ganhavam 16% menos do que os graduados.
Em 2022, a diferença diminuiu para 10.578 dólares (9.349 euros), com os homens a terem rendimentos de 137 mil dólares (121 mil euros) e as mulheres de 126 mil dólares (111 mil euros). Atualmente, as mulheres ganham 8% menos do que os homens. No entanto, esta diferença tem diminuído desde 2007.
De acordo com os dados de 2022, a diferença salarial entre alunos e alunas antes do MBA era de 10%, dois pontos percentuais a mais do que os três anos após os seus diplomas numa escola de negócios. Em 2006, a diferença antes de um MBA era de 11%, mas subia para 16% três anos após a conclusão do MBA.
Segundo o jornal norte-americano, essa redução na diferença depois da conclusão do programa de MBA verificada nos últimos anos pode ser atribuída ao aumento no salário-base que as formadas recebem. O aumento salarial das formadas em termos percentuais foi maior do que o dos homens em quatro dos sete últimos anos (2016, 2017, 2020 e 2021).
Disparidades na liderança de género
Desde 2006, os graduados com MBA do sexo masculino ascenderam, em média, muito mais rapidamente a cargos de chefia do que as suas colegas mulheres.
O CEO de uma empresa com mais de 50 mil funcionários recebe a pontuação mais alta, enquanto os ex-alunos desempregados a menor. As mudanças na pontuação são calculadas através da subtração dos pontos da hierarquia da pessoa antes e depois de um MBA numa escola de negócios.
Em 2006, a divisão entre os graduados e as graduadas nos setores de emprego mais populares para MBA tinha uma elevada inclinação para o lado dos homens, tendência que não se alterou. Em 2022, encontraremos ex-alunos a trabalharem numa variedade muito maior de setores. Contudo, são os homens que apresentam uma maior probabilidade de trabalhar em vários setores, tais como finanças, consultoria ou tecnologia, revela o FT.
Em termos de motivações para iniciar um programa de MBA, estas não mudaram desde 2006: muitos querem aumentar o seu rendimento e desenvolver a sua capacidade de gestão. A percentagem de pessoas que atinge esses objetivos após a conclusão de um MBA também é muito alta. Contudo, a diferença entre os sexos é pequena nesse aspeto.