Mulheres: agressões online a que devem estar atentas

A agressão online contra as mulheres “veste” vários formatos, muitos deles tão discretos que podem passar despercebidos. Veja alguns exemplos e fique de olho no seu computador ou mobile.
Apesar de todos os aspetos positivos associados à tecnologia, o lado nefasto da mesma também se faz sentir no domínio dos ciber crimes, concretamente nos que são dirigidos às mulheres. Os ataques cibernéticos revestem-se de muitas formas, algumas das quais quase passam despercebidas, mas a realidade mostra que a par da violência física, os ataques online também não devem ser menosprezados e são uma continuação da primeira.
O próprio Instituto Europeu para a Igualdade de Género (EIGE), num estudo realizado nos últimos dois anos intitulado Combater a ciberviolência contra mulheres e raparigas, concluiu que existe “uma grave carência de dados e investigação que impeça uma avaliação adequada da prevalência e impacto” deste flagelo.
O estudo identifica algumas formas de como essa violência se faz sentir: perseguição, extorsão, intimidação, assédio, discurso de ódio baseado em género ou uso não consensual de imagens íntimas até outras formas mais impercetíveis envolvendo o uso de dispositivos domésticos conectados à internet, ou a divulgação de dados. O facto de muitos Estados-membros da União Europeia não contemplarem a ciberviolência nos seus códigos penais é mais um entrave no combate à violência online.
O relatório do Instituto Europeu para a Igualdade de Género destaca a importância de identificar esse tipo de comportamentos e identificou nove campos em que essas formas de violência se desenvolvem e a que é preciso, cada vez mais, ficar atento:
Cyber stalking – Regra geral, acontece de forma metódica e persistente e é praticado por um indivíduo com a intenção de desestabilizar a segurança da vítima. Normalmente, envolve o uso de emails, mensagens ofensivas ou ameaçadoras, a divulgação de fotos ou vídeos íntimos e a vigilância das vítimas através de diversos meios.
Intimidação, coerção, bullying – Também é um comportamento persistente que visa causar sofrimento emocional grave e, muitas vezes, medo de danos físicos. O método de atuação pode envolver pedidos de favores de cariz sexual, até à entrega de conteúdo ofensivo e intimidador acompanhado de ameaças e discurso de ódio online.
Discurso de ódio e incitação à violência – São termos usados genericamente e associados à violência contra grupos com base em questões étnicas, religiosas ou de origem. Mas também é registado contra as mulheres e, normalmente, implica sexualização e comentários degradantes sobre a aparência física, entre outro tipo de ameaças.
Divulgação não consensual de imagens íntimas, espionagem e extorsão sexual – Geralmente este tipo de crimes é cometido por alguém próximo das mulheres, um ex-companheiro, com uma intenção vingativa ou para minar a privacidade da mulher. O voyeurismo, ou espionagem digital, é outra forma de violência na qual os perpetradores partilham fotos íntimas das mulheres. Algumas formas emergentes desses abusos também incluem espalhar imagens falsas.
Mensagens provocativas – Postar mensagens provocativas, ofensivas ou inapropriadas nas redes sociais com o objetivo de boicotar algo ou alguém, ou atrapalhar a conversa, passa a ser considerado mais uma forma de assédio. Quem o faz pode nem ter uma relação com a vítima, e, normalmente o discurso é machista, baseado em calúnias de género, linguagem perversa e ameaças.
Flaming – esta é uma forma de comunicação online agressiva e hostil que se caracteriza sempre por insultos, descontentamento e ódio. Tipograficamente, geralmente contêm letras maiúsculas e pontos de exclamação. É usado para provocar a reação do outro utilizador.
Divulgação de dados – Consiste em procurar, recolher e compartilhar publicamente informações de identificação pessoal contra a vontade do alvo. O que pode incluir dados pessoais e sensíveis, como a morada, fotografias e nomes da vítima e dos familiares. Os métodos empregados para adquirir essas informações incluem a pesquisa em bancos de dados disponíveis publicamente e sites de redes sociais, bem como hacking e engenharia social. Os motivos podem ser assédio, exposição, prejuízo financeiro, extorsão.
Coerção de falsos amigos – Ao contrário da extorsão direta, neste processo o perpetrador tem um comportamento manipulativo junto da vítima para obter conteúdo sexual, como imagens, ou outras formas de interação online. Começa por gerar uma relação de confiança com as vítimas através de perfis falsos.
Violência através de dispositivos conectados – Refere-se ao uso da IoT (Internet das coisas) para assediar, perseguir, controlar ou abusar. É feita através de dispositivos como campainhas inteligentes, altifalantes, câmaras de segurança ou qualquer outro dispositivo conectado à internet e com controle remoto. Exemplos deste tipo de ameaças são, por exemplo, trancar a pessoa em casa controlando o sistema de segurança inteligente ou fazer gravações recorrendo às câmaras de segurança ou a dispositivos privados.