Madeira atrai cada vez mais empreendedores e investidores
Este ano a Madeira esteve presente no Web Summit com uma delegação de 14 empresas de áreas como inteligência artificial, software houses ou novas tecnologias. O Link To Leaders aproveitou a ocasião para falar com Simão Pereira, da Invest Madeira, sobre a forma como o empreendedorismo está a desenvolver-se no arquipélago.
Presente na Web Summit pela quarta vez, a Invest Madeira, um organismo do governo regional ligado à internacionalização e atração de investimento, juntou na cimeira tecnológica um conjunto de 14 empresas que ali apresentaram as suas soluções e potenciaram iniciativas de networking. A presença tem sido crescente ao longo dos anos, e este ano foram identificadas para marcar presença na cimeira tecnológica cinco alfas e nove empresas com propostas em setores tecnológicos muito diversos.
“Aquilo que nós fazemos é identificar setores de atividade da região autónoma e procuramos depois pontos de contacto para o estrangeiro, e também ao contrário. Também procuramos no estrangeiro quem queira investir na Madeira”, explicou Simão Pereira, da Invest Madeira, em conversa com o Link To Leaders a propósito do organismo a que está ligado. Este profissional frisou que, além das empresas tecnológicas,” também há muita gente que procura a Madeira para poder investir na área de turismo e acabam sempre por falar connosco. Também temos a Startup Madeira, mais direcionada para a área das start-ups”. Lembrou ainda que “existem benefícios específicos para as start-up criadas na Madeira, com um regime fiscal que é diferente do continente”.
Mas como se tem desenvolvido a atividade empreendedora no arquipélago? Simão Pereira, explicou que “dentro daquilo que são os condicionalismos de uma região autónoma o crescimento tem sido contínuo e sustentável. Nesta altura podemos queixar-nos de que temos falta de recursos humanos. Há muita procura na área das tecnologias e o número de recursos humanos formados aqui acabam por não ser suficientes face àquilo que é a procura de empresas tecnológicas”, revelou. E, acrescentou, “muitas empresas também vão retirar da Madeira recursos tecnológicos e muitos jovens vão estudar para o continente e acabam por não regressar. Esse é o problema de um arquipélago”.
Para contrariar esta realidade, Simão Pereira destacou os atrativos da região, a começar pelos benefícios de contexto, o clima, a tranquilidade, a segurança, os hospitais, as vias de comunicação… “O contexto da Madeira é muito favorável a quem quer trabalhar fora das grandes cidades ou fora do Norte da Europa”, salientou.
Também a qualidade e o custo de vida foram destacados pelo representante da Invest Madeira, assim com o facto de a ilha ter ligações aéreas para as principais cidades europeias, “o que também é muito atrativo”. “Há muitas empresas europeias que procuraram deslocalizar serviços para a Madeira à procura justamente do bom tempo, de colocar ali as equipas nos seis meses de frio na Europa”.
Questionado sobre quais os países mais representativos na Madeira no que toca à instalação de empresas, Simão Pereira referiu que a ilha é muito procurada por países de Leste. “A Rússia até este ano era um país que tinha uma procura muito grande”, revelou. A França é outro dos mercados interessados na ilha, tal como os países escandinavos e as comunidades lusófonas. “A Venezuela tem um peso bastante significativo porque há muita gente que veio para a Madeira nos últimos cinco anos. A África do Sul também porque há uma comunidade madeirense emigrada muito grande, e a Austrália que também tem uma comunidade bastante grande”, acrescentou.
Neste processo de procura da Madeira lembrou ainda a questão do Espaço Schengen e dos Vistos Gold. “Há muita gente que também procura a Madeira por casa disso. Os valores dos Visto Gold são inferiores aos do continente. Lisboa e o Porto estão excluídos desde janeiro deste ano. Portanto, a Madeira é uma alternativa muito interessante também para os Vistos Gold”.
Desafios também os há para vive as circunstâncias da insularidade. O representante da Invest Madeira salientou que o fato de a ilha não ter autonomia fiscal é um problema que se levanta sempre. “Somos uma região autónoma, há políticas que são próprias da região, mas não temos uma política fiscal própria e esse acaba por ser um obstáculo, uma limitação”, explicou. “Era importante haver um caminho diferente aquele que existe atualmente, mas é uma questão mais política”, concluiu.