Opinião

Liderança pela compaixão!

Paulo Doce de Moura, Investment Advisor do Banco Carregosa

As teorias da liderança têm vindo a valorizar a força e a racionalidade calma do líder no momento em que tem de tomar decisões difíceis e de enfrentar crises avassaladoras. Um modelo em que não entram as emoções!

Empatia e compaixão são tradicionalmente retratadas como algo que é fraco e sentimental, portanto a antítese da razão. O efeito destas suposições é justificar abordagens de liderança sem empatia e compaixão.

É aqui que entra o exemplo de Jacinda Ardern e o seu estilo de liderança!

Primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern é considerada um bom exemplo de quem segue o modelo da liderança pela compaixão. A responsável política, que já ultrapassou três crises no país a liderar com compaixão, é frequentemente descrita nos media como “gentil e forte” e “empática e forte”.

A liderança pela compaixão integra duas qualidades, para muitos contraditórias, que são a empatia e a força. O estilo de Ardern vem deitar por terra a ideia de que um líder empático é um líder fraco.

Isto porque a empatia não é o único ingrediente na equação da liderança pela compaixão. Ter força e ser-se duro na tomada de decisão são também atributos deste tipo de conduta.

Jacinda Ardern é também descrita como tendo nervos de ferro, mas que combina com um desejo de minorar o sofrimento de outros, bem como demonstrar especial gentileza para com aqueles que sofrem, mantendo um estilo de liderança duro e tendo um idealismo pragmático.

Sintetizo este estilo de liderança como um conjunto de quatro caraterísticas:

  • Idealismo, ou seja, promoção de valores de bem-estar;
  • Inclusão no processo de decisão de pessoas que normalmente não são chamadas a participar nas discussões;
  • Racionalidade, onde entram as alianças com a comunidade cientifica, os sistemas e processos;
  • Pragmatismo, em que se inclui a eficácia, a utilidade e a força da decisão.

Em jeito de conclusão … estes princípios, que fazem parte de um estilo pessoal, podem ser generalizáveis. Embora no caso de Ardern, seja de facto, específico para a sua personalidade e contexto … mas pode significar um ponto de partida para uma teoria mais ampla de Liderança pela compaixão!

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Paulo Doce Moura

Paulo Doce Moura

Paulo Doce de Moura exerce funções no Banco Carregosa e foi diretor do BNP Paribas Personal Finance. Estudou Relações Internacionais-Económicas e Políticas, na Universidade do Minho e Direção Geral de Empresas no Programa Avançado de Gestão para Executivos na Universidade Católica Portuguesa. Foi presidente de Direção da AIESEC (Association Internationale des Étudiants en Sciences Économiques et Commercialles) na Universidade do Minho, Coordenador Distrital Economia, Trabalho e Inovação no Conselho Estratégico Nacional e membro da Assembleia de Freguesia do Lumiar. Escreveu... Ler Mais..

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