Lições que o mundo do trabalho pode aprender com os Jogos Paralímpicos
Diversidade, equidade e inclusão são algumas das lições a retirar dos Jogos Paralímpicos de Paris para o mundo empresarial, segundo o BCG.
Com a cerimónia de encerramento prevista para amanhã, os Jogos Paralímpicos Paris 2024 reuniram mais de 4.400 atletas de todo o mundo, distribuídos por um conjunto de 22 desportos. Mas, mais do que os números envolvidos neste evento desportivo, e que fizeram desta edição a maior da sua história, os Jogos Paralímpicos são também o exemplo da resiliência e da capacidade dos atletas com deficiência, num palco mundial em que a defesa da equidade vai além do universo do desporto.
Uma análise feita pelo BCG (Boston Consulting Group) ressalta o exemplo que esta edição dos Jogos Paralímpicos representa em termos de diversidade, equidade e inclusão de pessoas com deficiência, um modelo a seguir pelas empresas e um incentivo para que estas reforcem a estratégia de inclusão e representação de pessoas com deficiência no local de trabalho. De acordo com o BCG, os Jogos de Paris permitem retirar algumas lições sobre inclusão que podem ser adotadas pelas organizações.
Cultivar a excelência
A capacidade das pessoas com deficiência, com treino e os apoios adequados, ficou patente nestes Jogos Paralímpicos. Por isso, negligenciar esse talento é uma oportunidade perdida para as empresas, que devem priorizar a inclusão de dar às pessoas com deficiência a hipótese de se destacarem. De forma a apoiar o sucesso profissional de pessoas com deficiência, as empresas podem reforçar os seus programas de mentoria e os apoios disponibilizados.
Honestidade e autenticidade
As histórias de partilha de problemas de saúde física e mental que muitos atletas fizeram durante os jogos, revelam que há uma nova abordagem na forma como se lida com questões pessoais relacionadas com condições de saúde e com deficiências. Isto é, a narrativa está a mudar e os obstáculos são cada vez mais encarados como oportunidades para a perseverança e o pioneirismo.
E a mudança também acontece no local de trabalho. A pesquisa feita pelo BCG sugere que os funcionários com deficiências revelam pouco aos seus empregadores, temendo o estigma ou o impacto negativo na segurança do emprego ou em eventuais promoções. Perante isto, o BCG sugere os gestores a promoverem proativamente a segurança psicológica e a abertura para que os funcionários sejam honestos sobre quaisquer lutas pessoais que travem. A pesquisa refere que a segurança psicológica pode reduzir o risco de rotatividade para menos de 3% dos trabalhadores. E tem um impacto ainda maior na retenção de pessoas com deficiência.
Design equitativo e inclusivo
Algumas marcas de vestuário desportivo tiveram o cuidado de desenvolver roupas com design que funciona para atletas com e sem deficiência, ou seja, sem usar botões e sem colocar logotipos em lugares que não podem ser vistos quando, por exemplo, se trata de um atleta numa cadeira de rodas. Também na Vila Olímpica foram adotados os princípios do design urbano universal para facilitar a mobilidade de todos os atletas. Esta estratégia mostra o quanto um modelo de design de produto inclusivo, além de destacar os valores de uma marca, fornece uma melhor experiência ao cliente e melhora a penetração e o alcance do mercado, com todos os benefícios financeiros que daí advêm.
Linguagem inclusiva e precisa
O Comitê Paralímpico Internacional lançou uma campanha de media social para alertar para o preconceito de linguagem dos jornalistas e comentadores ao usarem expressões como “participar” em vez de “competir”, quando se referem aos atletas paralímpicos.
As empresas também enfrentam este tipo de desafios porque os funcionários com deficiência podem inadvertidamente ser retratados como não tendo o mesmo potencial de liderança os que colegas não deficientes. As empresas devem promover uma representação equitativa e o sucesso entre pessoas com deficiência, destacando líderes deficientes dentro e fora da empresa.
O poder da adaptabilidade humana.
Os Jogos Paralímpicos demonstram o poder da adaptabilidade humana. Não importa se um atleta nasceu com uma condição congénita ou adquiriu uma deficiência mais tarde na vida, os paralímpicos adaptaram os seus corpos e os equipamentos de que precisam para treinar e competir nos níveis mais altos.
Há um sentido de possibilidade que pode ser extraído pelas empresas do espírito de adaptabilidade humana, assim como da disposição para encontrar novas maneiras de executar uma requalificação ou uma mudança de estratégia de negócio.