Opinião
Jovens de Viana do Castelo dão cartas no empreendedorismo. Conheça o ANA.VI GROUP.
Lideraram uma associação de estudantes, fundaram vários núcleos de cursos, organizaram eventos nacionais e movimentos académicos. E não ficaram por aqui. Este ano lançaram o ANA.VI GROUP, um conjunto de empresas e marcas “que potenciam os negócios do futuro”. Um dos cofundadores explicou ao Link To Leaders como tudo começou.
Em 2016 um grupo de seis jovens assumiu a liderança da associação de estudantes da Escola Superior de Tecnologia e Gestão, do Instituto Politécnico de Viana de Castelo, com o objetivo de dar um novo rumo ao movimento académico e à própria instituição.
Com a entrada no mercado de trabalho, cada um com as suas ideias, projetos, produtos e movimentos, começaram a aperceber-se individualmente da possibilidade de criarem uma união profissional entre eles.
Desta forma, em janeiro de 2020, nasce a “ANA.VI GROUP”, um grupo de empresas que abrange as mais variadas áreas (da construção civil ao mobiliário, da comunicação ao marketing, do retalho alimentar à moda, da tecnologia ao Network Marketing e do desenvolvimento pessoal à arte). O Link To Leaders falou com um dos cofundadores, Carlos Mello, para perceber o que é o ANA.VI GROUP e quais as dificuldades e desafios que encontram no caminho para lançarem o seu projeto.
Como surgiu a ideia de criar a ANA.VI GROUP?
O ANA.VI GROUP nasce em janeiro de 2020, graças à proximidade de um grupo de seis jovens empreendedores das mais diversas áreas, que se cruzaram no seu percurso académico (entre 2015-2018) na Escola Superior de Tecnologia e Gestão, em Viana do Castelo. Lideraram a Associação de Estudantes, a Federação Académica, fundaram vários núcleos de cursos, organizaram eventos nacionais e movimentos académicos até então desconhecidos.
Após a entrada no mercado de trabalho, vários projetos e empresas individuais começaram a surgir dentro deste grupo de amigos. Todos os anos organizamos um retiro semestral para levantamento de novas ideias, perceber novas oportunidades e refletir sobre o próximo passo a dar. Num desses retiros foi levado à consideração a união de esforços da equipa, com um propósito comum: o crescimento em grupo.
Reconhecemos que “sozinhos vamos mais rápido, mas em grupo vamos mais longe”. Como ao longo de três anos académicos trabalhámos de forma positiva e proativa no meio académico e distrital, já nos sentíamos confortáveis e confiantes para unir esforços e crescer lado a lado. Atualmente, atuamos nas mais diversas áreas, da construção civil ao mobiliário, da comunicação ao marketing, do retalho alimentar à moda, da tecnologia ao Network Marketing e do desenvolvimento pessoal à arte.
“Queremos mostrar, pelo nosso próprio exemplo, que os jovens são capazes de marcar pela diferença e inovar com ideias frescas e proactivas, para a construção de um futuro melhor”.
Qual é o objetivo?
O principal objetivo do ANA.VI Group é inspirar jovens a despertar o seu lado empreendedor. Queremos mostrar, pelo nosso próprio exemplo, que os jovens são capazes de marcar pela diferença e inovar com ideias frescas e proactivas, para a construção de um futuro melhor.
Qual o vosso modelo negócio e estratégia de atuação?
O ANA.VI Group apresenta vários projetos e empresas em diferentes setores. Cada um deles tem o seu próprio modelo de negócio delineado conforme a sua área de atuação. Enquanto grupo, a estratégia principal de atuação nas nossas empresas consiste em apoiar e facilitar as redes de contactos entre empresas, fornecedores, clientes e estruturas.
A quem se destina o ANA.VI GROUP? Quem são os potenciais clientes do projeto?
O cliente do ANA.VI Group desmembra-se em duas tipologias: os parceiros que se juntam a nós nesta caminhada e possíveis investidores. A primeira tipologia refere-se a jovens que estão a iniciar os seus projetos empreendedores nas mais diversas áreas e que queiram juntar-se a nós e ao nosso propósito. A segunda tipologia destina-se a pessoas que queiram investir no ANA.VI com a sua mentoria, conhecimentos e experiência, de forma a enriquecer o grupo e os jovens.
Quais os maiores desafios que têm encontrado pelo caminho?
Variam de projeto para projeto. O maior desafio numa fase inicial é, como o da maioria dos negócios que estão a começar, a falta de notoriedade no mercado do projeto e da empresa, bem como o investimento inicial. Há também áreas mais tradicionais, como a construção civil, em que há maior suspeita e menor recetividade para a entrada de jovens empreendedores para o setor. Contudo, onde há vontade há esperança. Os desafios têm sido superados, graças ao apoio de um grupo forte e à sua rede de networking.
“Podemos garantir que a participação ativa nas mais diversas associações, núcleos e Federação Académica foi o ponto-chave para o surgimento do ANA.VI Group”.
De que forma a participação na associação de estudantes da ESTG do Instituto Politécnico de Viana de Castelo, em 2016, vos ajudou a lançar este negócio? O que mais aprenderam?
Podemos garantir que a participação ativa nas mais diversas associações, núcleos e Federação Académica foi o ponto-chave para o surgimento do ANA.VI Group. Nesse período, desenvolvemos aptidões e capacidades que hoje em dia tornam-se uma das nossas vantagens distintivas no mercado. A liderança é um ponto chave para o desenvolvimento de qualquer projeto. Gerir uma equipa de 30 pessoas, como se sucedeu na altura, foi um desafio e uma tremenda oportunidade para desenvolver as nossas aptidões de comunicação, organização, estruturação, planeamento e também para comunicar ativamente junto das maiores entidades locais e nacionais.
Na altura, com cerca de 19/20 anos, encontrámos a associação de estudantes com uma dívida enorme e uma papelaria para gerir com uma funcionária ao nosso encargo, com vários salários em atraso. Felizmente, são estas experiências que vivemos e que fomos capazes de ultrapassar que nos fazem acreditar num futuro de sucesso. Podemos afirmar assertivamente que esse período foi uma aprendizagem incrível para o nosso presente e futuro.
Considera que o associativismo juvenil dá ferramentas aos mais jovens para aplicarem na sua carreira e no seu futuro?
De uma forma incrível! Quando o associativismo juvenil é bem aproveitado, permite adquirir ferramentas fundamentais para o futuro. É uma aprendizagem que nenhum curso superior ou especialidade consegue oferecer! Porque, ao contrário da teoria, no associativismo juvenil estamos a vivenciar, e qualquer ato tem uma consequência, seja ela positiva ou negativa. Um propósito de futuro para o ANA.VI será apoiar jovens e os projetos no associativismo juvenil.
“Reconhecemos que atualmente trabalhamos com vários apoios do Estado, mas se não houver estratégia, planeamento e uma equipa proativa a desenvolver, os apoios não têm grande utilidade”.
É fácil ser-se um jovem empreendedor em Portugal? Os apoios existentes por parte do governo são suficientes?
Seria fácil para nós estar aqui a dizer que não é uma maravilha ser empreendedor em Portugal e que os apoios existentes são insuficientes. Mas a realidade é que tudo depende do esforço que dedicamos ao projeto. Reconhecemos que atualmente trabalhamos com vários apoios do Estado, mas se não houver estratégia, planeamento e uma equipa proativa a desenvolver, os apoios não têm grande utilidade.
Quais os maiores desafios que encontrou ao entrar no mercado de trabalho?
Todos nós passámos por desafios diferentes no primeiro contacto com o mercado de trabalho. Mas algo transversal a todos foi a necessidade de empreender e criar projetos e negócios pessoais. O maior desafio ainda é o atual, continuar com persistência e consistência nos mais diversos setores, consolidando e ganhando notoriedade de mercado.
O que falta para facilitar ou atrair os mais jovens para o empreendedorismo?
Reconhecemos que há jovens que simplesmente não são empreendedores. Contudo, também temos consciência que a maioria nunca se mostrou predisposto a empreender porque não conta com o apoio e as pessoas certas ao seu lado. Costumamos afirmar que nós somos a média de cinco pessoas que nos rodeiam e que convivemos. Esperamos que exemplos como o nosso e os demais existentes a nível nacional e internacional sejam a atração de mais jovens para o empreendedorismo. Em qualquer ideia de projeto, o mais difícil é o pontapé de saída. O resto torna-se uma bola de neve.
Como espera ver a ANA.VI GROUP dentro de um ano?
Acima de tudo, a nossa missão, neste momento, é consolidar as empresas e os projetos existente no grupo. Por isso, dentro de um ano esperamos ver o ANA.VI GROUP com as empresas consolidadas nos mais diversos setores e a apoiar projetos e negócios ainda numa fase embrionária. Podemos garantir que o espírito jovem e empreendedor continuará.
“Um jovem que acaba de sair da faculdade tem que ter a humildade de perceber que continua com muito para aprender e vai morrer a aprender”.
Que conselho daria a um jovem que acaba de sair da faculdade?
Se não teve uma voz ativa no associativismo juvenil, diria para fazer recuar o tempo e voltar ao início, participando ativamente em todas as associações e projetos possíveis paralelos ao curso. No final irá perceber que não só fez uma licenciatura ou mestrado, como fez também um doutoramento integrado em relações humanas.
Um jovem que acaba de sair da faculdade tem que ter a humildade de perceber que continua com muito para aprender e vai morrer a aprender. Por isso, é normal que ao entrar no mercado de trabalho tenha de aprender com quem já tem experiência. Só assim pode evoluir e crescer.
E que conselho daria a um jovem que pretende criar o seu negócio?
Primeiro, analisar tudo o que tem ao seu alcance para avançar com o projeto, sejam parceiros, apoios financeiros, facilidades jurídicas, consultoria, entre outros. Mas o principal ingrediente é a persistência. Se realmente acreditamos em algo, devemos insistir até alcançarmos o objetivo, mesmo que o caminho seja longo e difícil!
Respostas rápidas:
O maior risco: ficar parado e não investir.
O maior erro: achar que tenho que estar sempre certo; falhar faz parte do processo.
A maior lição: sozinhos vamos mais rápido, em grupo vamos mais longe.
A maior conquista: inspirar jovens empreendedores.