Opinião
A importância do “brincar” nas organizações

No sábado 28 de Abril tive a oportunidade de assistir a uma conferência fantástica na Fundação Lapa do Lobo, da qual sou administradora, sobre a Educação em Portugal e a Importância do “brincar”.
A conferência denominada de Encontros da Educação e do Pensamento foi organizada pela Dra. Ana Lúcia Figueiredo e teve como convidados os oradores António Laborinho Lúcio e Carlos Neto. Foi uma tarde extremamente enriquecedora, onde temas fundamentais do nosso futuro foram debatidos.
Assisti às intervenções no papel de mãe, agente de educação e também de empresária. Naturalmente que todos os papéis me suscitaram reflexões distintas mas, curiosamente, foi o terceiro papel que mais me cativou.
Enquanto mãe é natural parar para pensar nestas questões tão polémicas. Estarão as crianças a brincar o suficiente? Não será a carga escolar demasiado intensa em idade precoce? Estarão as escolas a formar cidadãos para o futuro? Estaremos a proteger demasiado as crianças pondo em causa a sua autonomia adulta? São perguntas difíceis, sem respostas óbvias nem imediatas.
No entanto, quando contrapomos as mesmas questões para a realidade das nossas empresas, tornam-se mais complexas ainda. No papel de mãe, contamos com um sexto sentido que nos vai guiando, algo natural e inato, nuns casos mais visível que noutros.
Enquanto empresários, nem sempre esta sensibilidade é óbvia. Não querendo comparar crianças a colaboradores, a realidade é que existe um estágio de evolução e crescimento que é comum em ambos os casos. Também um colaborador necessita de aprender, adaptar-se e crescer nas e com as empresas. Para isso, tal como na educação é fundamental criar o contexto certo para que tal aconteça nas melhores circunstâncias possíveis. Estaremos nas empresas a fomentar a autonomia de cada colaborador? Estaremos a dar espaço de crescimento e desenvolvimento pessoal? Estaremos a transmitir o reforço positivo necessário para motivar os colaboradores? E mais importante ainda, estaremos a dar tempo para “brincar”?
90% dos adultos portugueses passam mais tempo no seu local de trabalho do que em casa, com as respetivas famílias. Isto responsabiliza as empresas de uma forma muitas vezes ignorada. É fundamental que todos se sintam bem no seu espaço de trabalho, em segurança, motivados, com liberdade, respeito e dignidade. Mesmo tendo em conta as diferentes realidades empresariais consoante a área de negócio, nem sempre o espaço/tempo de diversão é privilegiado. Na maioria das vezes observamos que os objetivos das empresas se sobrepõem às necessidades dos colaboradores. Mas será possível atingir os objetivos das empresas ignorando da equação o elemento da equipa? Na minha opinião, a longo prazo não será sustentável.
Cada vez mais as empresas modernas necessitam de uma liderança forte mas envolvente; assertiva mas compreensiva; com uma visão concreta mas com margem para adaptação.
É urgente pararmos para refletir nestas questões. As crianças de hoje serão os colaboradores de amanhã e os colaboradores de hoje serão o futuro das empresas. Estaremos a “brincar” o suficiente?
Estaremos a formar colaboradores confiantes?
Estaremos a dar liberdade e fomentar a criatividade?