IA e digitalização estão a transformar a segurança e a saúde no trabalho, diz OIT

A inteligência artificial e outras tecnologias digitais emergentes estão a contribuir para melhorar a saúde e a segurança no trabalho, bem como para promover a eficiência dos trabalhadores, conclui novo relatório da OIT, que alerta também para os possíveis riscos.

A digitalização e a automatização estão a transformar milhões de postos de trabalho em todo o mundo, criando oportunidades para melhorar a segurança e a saúde no trabalho. Apesar da automatização e dos sistemas de monitorização inteligentes poderem reduzir os riscos de exposição, prevenir lesões e melhorar as condições de trabalho, estes avanços também trazem novos riscos que exigem respostas políticas proativas.

Esta é a conclusão do novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) que explora como a inteligência artificial (IA), a digitalização, a robótica e a automação estão a alterar profundamente a Segurança e a Saúde no Trabalho (SST) nos locais de trabalho em todo o mundo.

Intitulado “Revolucionar a Saúde e a Segurança: O papel da IA e da digitalização no trabalho”, o relatório refere que as novas tecnologias podem contribuir para a redução a exposições perigosas, para a prevenção de lesões e para a melhoria das condições de trabalho. No entanto, estes avanços podem também introduzir novos riscos, exigindo “políticas proativas para garantir que a implementação destas tecnologias é feita de forma segura e equitativa”.

O relatório explora as implicações de tecnologias e processos como a automação e robótica avançada, as ferramentas inteligentes de SST e sistemas de monitorização, a realidade virtual, a gestão algorítmica do trabalho e a modificação das modalidades de trabalho, incluindo o teletrabalho e as plataformas de trabalho digitais.

“A digitalização oferece imensas oportunidades para melhorar a segurança no local de trabalho. Os robôs podem substituir trabalhadores em chamados empregos 3D perigosos, que podem ser perigosos e degradantes. A automação pode reduzir tarefas repetitivas, como em linhas de produção de fábricas ou em atividades administrativas, permitindo que os trabalhadores assumam tarefas mais desafiadoras. Mas, para que possamos beneficiar plenamente dessas tecnologias, precisamos de garantir que elas sejam implementadas sem incorrer em novos riscos”, afirmou Manal Azzi, diretora da Equipa de Política de Segurança e Saúde no Trabalho da OIT.

O impacto da tecnologia na prevenção de acidentes

O relatório destaca que a robótica e a automação avançadas, o uso de realidade virtual, bem como de novas ferramentas, como dispositivos com tecnologia wearable, que fornecem detecção de riscos em tempo real ou sensores ambientais que monitorizam a qualidade do ar, estão a transformar a segurança e a saúde, prevenindo acidentes e reduzindo as exposições perigosas. Além disso, a digitalização está a levar ao surgimento de modelos de trabalho híbridos e remotos, que criam flexibilidade e melhoram a saúde mental.

Embora os robôs assumam as tarefas perigosas, os trabalhadores podem enfrentar novos perigos. “Comportamentos robóticos imprevisíveis, falhas no sistema ou ameaças cibernéticas podem comprometer a segurança. Riscos ergonómicos podem surgir da interação entre humanos e robôs, bem como do uso de dispositivos wearable e exoesqueletos que não apresentam ajuste, usabilidade ou conforto adequados”, avança o relatório.

O estudo destaca ainda que a dependência excessiva de IA e automação pode também reduzir a supervisão humana, o que, por sua vez, aumentaria os riscos de SST. Além disso, “as cargas de trabalho orientadas por algoritmos e a conexão contínua podem contribuir para o stress, o esgotamento e problemas de saúde mental”, reforça.

O relatório também expõe os riscos de segurança e saúde enfrentados pelos trabalhadores em toda a cadeia de suprimentos digital, desde os que estão envolvidos nos processos de extração até aqueles que lidam com a IA, bem como trabalhadores que gerem o lixo eletrónico.

E aponta a existência de lacunas regulatórias na gestão dos riscos de SST associados à digitalização, defendendo políticas globais, regionais e nacionais mais fortes.

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