Opinião
Sem química não há relação que resista

Em média, um bom investidor investe em apenas 0,5% dos projetos que encontra e avalia, e neste contexto, ter boas referências e ser apresentado pela pessoa certa, é meio caminho andado.
Eventos como o Lisbon Investment Summit (ou #LIS), que vai decorrer em Lisboa nos próximos dias 6 e 7 de Junho, são por isso essenciais para capacitar novos founders e para contribuir para a consolidação dum ecossistema de investimento mais dinâmico em Portugal.
Recuando um pouco, o #LIS nasce precisamente porque que não havia em Portugal nenhum evento que cruzasse investidores de topo com aquilo que as start-ups portuguesas estavam a tentar construir. O objetivo era criar um espaço para os fundadores se mostrarem, e onde os players deste universo do empreendedorismo pudessem discutir e debater temas comuns, e encontrar soluções que os ajudassem a evoluir. Isto sempre na perspetiva de fomentar o crescimento e amadurecimento do ecossistema empreendedor em Lisboa.
Hoje, sentimos que Lisboa já está preparada para ser protagonista e o #LIS já pode reclamar o seu papel enquanto um dos principais eventos do género na Europa. Isso implica montar um evento de qualidade, com curadoria, que seja grande mas próximo, e com conteúdos relevantes, que alimentem dois dias de trabalho, mas também de convívio e partilha de experiências.
Tendo em conta que esta receita tem muitas condicionantes, importa cuidar de todos os aspectos com redobrada atenção. Por exemplo, todos os anos escolhemos um local diferente, que inspire a dinâmica que queremos, mas sem comprometer o que são os valores do #LIS. Este ano esse espaço vai ser o Hub Criativo do Beato.
O #LIS é um evento mais focado em start-ups e investidores early stage, mas acaba por atrair investidores de países muito, em particular de Portugal, Reino Unido, França, Alemanha e Espanha. Também lidamos com diferentes fases de investimento, desde pre-seed, seed, early stage e growth, e diferentes verticais, em termos de indústria, como o e-commerce, inteligência artificial, IoT, fintech, cyber, entre outros.
Para harmonizar todos estes aspectos, apresentamos aos investidores 10 start-ups que deve conhecer, em média. Uma das mais-valias do #LIS é o trabalho prévio que fazemos, pois contactamos previamente os investidores, start-ups e parceiros, percebemos que tipo de pessoas e empresas querem conhecer, e gerimos essa agenda em antecipação.
O nosso papel é proporcionar um território fértil para estes encontros se poderem dar, e para os negócios poderem acontecer, e não tanto rastrear depois os “deals” que se fecham. Mas sabemos que ao juntar num espaço finito 200 investidores, 750 empreendedores e 400 empresas, com a ajuda de 18 patrocinadores, muitas conversas podem acabar em negócio.
Pensando nisso, também montamos um evento periférico, mais vocacionado para esse tipo de conversas, e apenas para convidados, chamado “Investors Academy”. Destina-se a investidores em start-ups early-stage, ou seja, empresas que estão nos primeiros estádios de desenvolvimento e financiamento, e vai ter lugar dia 5 de Junho, na véspera do #LIS.
Por exemplo, acreditamos que os investidores não se devem barricar numa sala VIP para fugir ao cerco dos empreendedores e, por outro lado, os empreendedores podem agir mais naturalmente e não precisam de métricas complicadas que os obrigam a estar com um número pré-determinado de investidores por dia. Queremos que tudo aconteça mais naturalmente e de forma menos pressionante.
Acreditamos que é este aspecto de curadoria da Beta-i que faz deste evento algo singular, quase numa proposta viva, que todos os anos cresce e sofre mutações. Quem participou no ano passado, ou há dois anos, sabe que este ano não vai encontrar mais do mesmo. Tem esse lado de “inesperado” no seu ADN, e acreditamos que por aí se associa muito bem a este universo, também ele sempre em evolução e transformação, seja ela digital, de processos, de serviços, etc. O #LIS acaba por mimetizar esse espírito de evolução contínua que os empreendedores também carregam com eles.
Há uma anedota no universo das start-ups que defende que a relação entre um investidor e um founder é mais longa do que a média de um casamento. A verdade é que para encontrar o par ideal, são precisos muitos dates, e é preciso estar preparado para algumas “negas”… Logo, nunca se pode descurar a importância de haver uma boa química e empatia, uma vez que todas as relações se constroem com tempo e confiança.