Opinião
Faz videochamadas? Saiba como preparar a voz e os cuidados que deve ter.

A comunicação por videoconferência veio para ficar, seja em reuniões de trabalho, aulas ao vivo, webinários ou diretos nas redes sociais. A pandemia causada pela Covid-19 trouxe uma necessidade de ajuste às diversas tecnologias. Neste contexto, a voz ganhou um papel de destaque e criou a novos desafios.
- Como gerir o nervosismo na voz em frente à câmara?
- Como manter uma conversa natural sem estar a ver a reação das outras pessoas?
- Que microfone e outros equipamentos devo usar?
Nestas circunstâncias a voz revela mais ansiedade do que aquela que se gostaria. Por isso, as pessoas tendem a:
- Falar demasiado rápido e a omitir palavras.
- Usar a voz num volume baixo.
- Perder a emoção e as variações na voz.
Como pode preparar a voz para comunicar de forma confiante e assertiva no mundo online?
- Prepare o seu ambiente
- Ter uma luz adequada permite criar mais conexão e melhora a congruência do que o interlocutor está a ver (na face e nos gestos) e a ouvir (as palavras e a voz).
- Enquadre a câmara de forma a manter a face visível. Assim permite que o outro observe os seus movimentos de dicção, o que será essencial para garantir a inteligibilidade das palavras.
- Faça do microfone um aliado. É preferível usar auriculares e falar num volume e tom naturais do que tentar projetar a voz ao longe (corre o risco de captar também o eco da sala onde se encontra).
- Beba água 30 a 40 minutos antes da videochamada para a voz estar hidratada no momento em que iniciar. Assim hidrata as pregas vocais atempadamente e evita a sensação da boca seca que pode surgir em momentos de maior ansiedade.
- Use a postura corporal a seu favor
- Sente-se mais na parte da frente da cadeira, coloque os pés no chão, joelhos a 90 graus.
- Ajuste a posição da cadeira para ficar com as costas erguidas e assim usar melhor a respiração enquanto fala.
- Procure a estabilidade e o apoio dos pés no chão. Imagine que estes estão enraizados.
- Evite falar deitado ou reclinado num sofá (a não ser que esteja a comunicar num contexto mais informal).
- Fique atento às emoções
- A voz transporta em si as emoções que sentimos a cada momento, por isso, quando tiver uma videochamada ou um telefonema importante tome consciência qual o seu estado emocional imediatamente anterior.
- Se nota que está aborrecido, ansioso, preocupado com algo que se passou momentos antes, o mais provável é que isso passe para a sua voz na conversa seguinte.
- Quebre o padrão emocional indesejado. Pode levantar-se um pouco, ir à janela, respirar fundo, pensar em algo que o faça sentir bem e, aí sim, já está preparado para o próximo desafio.
- Ative a sua voz
- Com o isolamento social é possível que comece o dia em videochamadas mesmo antes de ter trocado palavras com alguém. Pode sentir a voz mais adormecida, rouca ou até mais frágil.
- Em momentos de stress a voz tende a ficar mais aguda e rápida pelo que fazer uma preparação prévia contraria e disfarça essa tendência.
- Boceje várias vezes com um som relaxado, sentindo o espaço e o relaxamento na garganta. Pode notar que a voz fica um pouco mais grave e profunda.
- Junte os lábios e faça o som “humm” até notar vibrações no peito, garganta, boca e nariz. Este som vai limpar as secreções internas que “sujam” a voz, por isso se sentir um pouco de rouquidão temporária de seguida, é natural. Faça mais 30 segundos desse “humm” com um pouco mais de intensidade e beba golos de beba água até a voz ficar limpa. Conte até 10 para notar o efeito na voz.
- Articule bem as palavras
- A boa dicção aumenta a clareza das palavras, diminui ligeiramente a velocidade da fala porque não “come” as sílabas, além de que melhora a expressividade.
- Imagine que está a dar uma trinca numa maçã. Faça depois movimentos de mastigação amplos e exagerados para “acordar” os músculos da fala. Basta um minuto deste exercício para aumentar a clareza das palavras.
Inês Moura é coach vocal. Treina a voz de líderes, políticos e de outros profissionais que utilizam a voz no seu contexto profissional. É autora do livro O Poder Secreto da Voz, da Porto Editora. Acredita que todas as pessoas têm uma voz que merece ser ouvida.