Farol, a aceleradora que quer combater a escravatura moderna

A aceleradora que integra o Pacto Global da ONU está à procura de 15 empresas tecnológicas ou ONG com boas ideias para, durante seis meses, entrarem num programa que pretende responder aos ataques aos Direitos Humanos.

A Organização Internacional do Trabalho estima que existem, atualmente, cerca de 40.3 milhões de pessoas a viver sob alguma forma de escravatura. A nível global, mais de metade encontra-se em trabalho forçado, o que significa trabalhar contra a sua vontade e sob intimidação ou coerção. As mulheres e raparigas representam 71% de todas as vítimas da escravatura moderna e 10 milhões são crianças.

Tendo em conta este cenário é lançada hoje a Farol, primeira aceleradora concebida para identificar e acelerar soluções tecnológicas que contribuam para mitigar e reduzir a escravatura e o trabalho forçado dentro das cadeias de produção. O projeto, impulsionado por uma colaboração entre organizações portuguesas e espanholas que trabalham para a inovação como resposta a questões de Direitos Humanos, está à procura de 15 start-ups e ideias que apresentem e desenvolvam soluções tecnológicas para responder às crises atuais.

O programa está aberto tanto a start-ups em fase de pré-lançamento como em fase inicial, mas também a projetos de ONG e organizações que trabalham em blockchain, inteligência artificial, machine learning, processamento de linguagem natural, reconhecimento de imagem, big data, geolocalização e tecnologias de big data.

Trata-se de um projeto participante do Pacto Global da ONU e é lançado com o apoio da TrustLaw, serviço mundial pro bono da Fundação Thomson Reuters, enquanto parceiro legal, e da Parley For The Oceans, sediada em Nova Iorque. Entre os colaboradores do programa constam a organização de direitos humanos Walk Free, The Fair Cobalt Alliance, e Nareen Sheikh, sobrevivente de escravatura moderna e orador nas conferências TED.

“Aumentar a transparência nas cadeias de produção é a peça chave para acabar com o abuso laboral e, nesse sentido, retirar as pessoas da armadilha da pobreza”, afirma Daniela Coutinho, cofundadora da Farol, em comunicado.

A programação foi criada em parceria com a consultora portuguesa Beta-i e é também apoiada pelo Governo Português através da iniciativa Portugal Inovação Social, financiada pelo Fundo Social Europeu.

O programa será dividido em duas vertentes: a primeira será para apoiar start-ups tecnológicas motivadas pela concretização de um propósito e projetos de ONG especializadas em tecnologia que estejam em fase inicial de desenvolvimento de produto; e a segunda vertente apoiará start-ups já com um produto final e com clientes que pretendam acrescentar a redução da escravatura moderna aos seus objetivos.

Através do programa de aceleração, as start-ups serão apoiadas através de sessões de mentoria e de um extenso programa de conferências, do qual farão parte diversos especialistas e representantes de organizações e marcas. As candidaturas podem ser feitas através do website da FAROL até 31 de agosto.

 

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